CAPÍTULO X

2.6K 424 169
                                    


10

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

10. Geadas.

Estávamos no fim de novembro e também a adorável primavera estava quase dando as costas para Stamford. Dois dias se passaram e com eles as folhas continuavam a cair de suas árvores, os pássaros ainda circulavam para lá e pra cá sobre nossas cabeças e até agora eu não disse nada a ninguém sobre o meu relógio. Tive diversas oportunidades, assim como algum burguês escolhendo um curso, no entanto nada saiu de meus lábios, ainda acreditava que podia encontrá-lo a qualquer momento magicamente na minha bolsa. Era isso, ou eu diria a eles o quão tonta sou.

Desde a sexta-feira não tive contato algum com Jared, eu não sabia onde ele morava, tampouco o número do seu celular, mas de modo algum consegui esquecê-lo. Tinha curiosidade e preocupação com suas atitudes minutos após tomar o sorvete, também não me esquecia da atendente e todo seu flerte – repensando, percebi ontem que ela estava sorrindo só para ele, não para mim. –, gostaria de saber dos seus lábios se ambos saíram nesse fim de semana. Era provável que sim, pelo seu jeito ela não desistiria fácil de tê-lo e por ele ser homem duvido muito que tenha resistido. Entretanto nada daquilo era da minha conta, sequer deveria rondar a minha cabeça, aquilo não tinha nada a ver comigo. 

No clube, procurei pelo meu relógio, talvez eu poderia ter o esquecido por alí e rezei para que isso fosse verdade, entretanto não era. Tentei escrever alguma matéria, inspirada no breve inverno que virá, no entanto também não consegui. Esperei inquieta por Jared para perguntá-lo sobre o meu acessório e talvez descobrir do desenrolo com a atendente, mas ele sequer apareceu. Tudo pelo dia de hoje se baseava nisso, uma conjunção adversativa e um belo não logo a seguir.

Evitei qualquer tipo de contato em casa, não queria falar com ninguém por hora, desejava ter um momento a sós no meu quarto e terminar de ler o sol é para todos, entretanto não consegui ter um momento de paz. Mamãe não parava de me ligar e eu tampouco parava de ignorá-la, eu só queria terminar minha leitura sem interrupções. Com a insistência da Senhora Callahan, desliguei o meu celular, só assim consegui devorar o último capítulo do meu livro e quando eu estava na última página, papai surgiu na porta com seu motorola em mãos.

— É a sua mãe. — deu um sorriso frouxo e entrou no quarto, Rob percebeu que eu o ignorei e como sempre ele se rendeu, deixando apenas o celular para trás. 

Só quando – finalmente – devorei a última página, peguei o celular sobre a cama, ouvindo a respiração da mamãe do outro lado da linha.

— Por que desligou o celular? — questionou ela pelo aparelho, parecia irritada e impaciente ao mesmo tempo, como de costume.

— Estava lendo. — expliquei, enfiando o livro em ordem alfabética na prateleira do meu quarto, nela havia mais de cem livros, oitenta por cento concluídos por mim. — Desculpa.

— Voltou a ler? — perguntou, deixando toda sua irritação de lado, entretanto fora eu a me irritar dessa vez, depois do meu bloqueio eu tenho lido de tudo, devorando todos os temas como um cachorro de rua ganhando alimento, e mamãe sabia disso, ou talvez sequer prestou atenção quando falamos sobre o assunto.

RUDIMENTAROnde histórias criam vida. Descubra agora