CAPÍTULO XXVII

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27. Dores internas, feridas externas.


Quando cheguei em casa naquela noite, sequer me preocupei com a bagunça sobre a escrivaninha e o notebook que eu deixara aberto antes do meu encontro. Apenas corri para a minha cama, abraçando o próprio meu travesseiro. 

Jared Patterson me deixava fora de órbita, como se suas simples palavras e seus demorados beijos me levassem para outra dimensão longe de tudo e todas as coisas.

Meu coração estava caloroso dentro do meu peito, eu sentia que poderia me derreter após tudo o que acontecera desde o meu primeiro encontro com Jared em um corredor vago e inundando até o dia de hoje, o dia em que oficialmente não éramos apenas amigos, mas também namorados.

Pela primeira vez eu tinha alguém para chamar de meu querido, meu amor e entre outros apelidos que os casais usam com frequência. Em momento algum na minha adolescência imaginei que algo assim aconteceria comigo, pois nenhum garoto no ensino médio é atraído por alguém comum, sem nenhum atrativo diferenciado. Entretanto, Jared me mostrou por trás das íris que eu não era assim, eu tinha qualidades notáveis e uma aparência agradável e ele não precisou me confessar isso com todas as letras, pois eu notava os seus olhos cintilando em minha direção, tão vivos, cheios de admiração e agora paixão.

Tudo era perfeito, assim como um belo conto de fadas, no entanto tudo se evaporou quando me levantei para enviar o artigo para o Sr. Crowns. E assim como nos contos de fadas o relógio tocou a meia-noite e toda a magia se evaporou.

No meu e-mail havia uma mensagem do Senhor Crowns, elogiando-me pela matéria e dizendo o quão madura eu estava na escrita. Com isso meu cenho se franziu. Eu não havia mandado nada para ele até o momento, tampouco tive tempo após chegar do meu encontro com Jared. Entretanto o meu mentor recebeu uma matéria escrita por mim, a qual o foco eram os problemas psicológicos em adolescentes, principalmente a cleptomania de Jared Patterson. E para piorar toda a situação, a matéria encontrava-se publicada e todos tinham acesso a ela.

Tentei de todas as maneiras possíveis retirar o artigo do nosso jornal, no entanto era impossível com o mecanismo de senhas únicas por usuários no site. Ninguém tinha acesso a publicação, exceto quem a publicou. Com isso, o Senhor Crowns era a única pessoa a qual poderia excluir a matéria do jornal digital.

Tentei de todas as maneiras me comunicar com o diretor de Stom Hills, no entanto os meus emails enviados não foram lidos, nem mesmo aqueles que mandei para sua a sua secretária, minha única saída era ir pessoalmente até o Sr. Crowns e pedir que ele remova o artigo do ar.

Com a mesma roupa que usara ontem, segui para o banheiro. Terminando a minha higiene, joguei a minha bolsa nos ombros e corri para a saída de minha casa. Antes de tocar a maçaneta, papai começou a falar algumas coisas que eu não entendi muito bem, eu somente o respondia de forma automática, ansiosa para que ele se calasse.

— Você quer uma carona? — ele questionou, com sua testa franzida, talvez notando o quão aflita eu estava naquele momento. Maneei a cabeça, o quão mais rápida eu chegasse na escola seria melhor. — Então vamos. 

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