A caixa estava com uma espessa camada de poeira cinza sobre a tampa, a puxo com cuidadosa prateleira do meu armário. A caixa que um dia era vermelha estava manchada por tinta que sem querer eu havia derrubado enquanto pintava a casa da última vez, a poeira acumulou-se sobre cada centímetro e me fez espirrar.
Minhas vistas ainda estavam um tanto embaçadas, desde que comecei a faculdade de jornalismo eu troquei de óculos por lentes, praticamente toda minha vida desde meus vinte anos foi baseada em tentar melhorar minha visão de algum jeito, e consegui achar o resultado com as lentes.
Porém naquele momento, na sala de Carlos Martínez, o editor chefe do The Boston News, quando minha vista começou a embaçar ainda que com a lente foi quando eu percebi que deveria fazer aquilo.
Abri a caixa com delicadeza deixando a tampa em cima da mesa ao lado da própria caixa. Haviam diversos objetos ali dentro, objetos que eu não via há anos desde que decidi deixar tudo para trás.
Primeiramente tiro da caixa uma cueca branca de criança, eu me lembrava daquela cueca e, embora parecesse um objeto estranho de se guardar, eu gostava ainda mais da lembrança que me trazia. Logo depois sinto meus dedos tocarem em algo gélido e circular, era moeda de prata, Ben tinha me dado há anos atrás. Pego uma caixinha retangular e a abro, as lentes de meu óculos cintilaram com a luz da apara que nelas refletiu, limpo as mesma com um pano e os ponho em meus olhos fazendo a vista embaçada melhorar. É por último pego um pedaço de papel. Querido Chee, eram as palavras que iniciam a carta pelo qual eu passei minha vida tentado esquecer de onde eu vim, de minha cidade natal, Derry.
Dobro o papel em minhas mãos e o jogo em cima da mesa. Guardo a caixa grande e cheia de pó novamente em uma das prateleiras do armário.
Minhas malas já estavam prontas, roupas, acessórios, entre outras coisas preenchiam as malas de couro preto. Por fim vejo novamente a carta sobre a a mesa e depois de muito hesitar decido pô-la dentro da mala, agora eu estava pronto para voltar às minhas origens.
~•~
Embora Derry não ficasse tão longe de Boston opto por ir de avião para a cidade, assim teria um tempo mais calmo para descansar, pensar um pouco sobre meu futuro, criar paranóicas sobre estar de volta em Derry e dormir, ou talvez tudo isso junto.
A cada comissária de bordo que passava pelos corredores era uma bebida diferente que eu pegava, minha cabeça já girava porém a vontade de tentar dar uma amenizada em minha ansiedade era maior. Quem me conheceu antes não imaginaria que o Richie Boca de Lixo Tozier estaria tão nervoso de fazer algo.
Porém a cada minuto que eu passava no céu, milhares de pensamentos vinham em minha mente sobre todos meus antigos amigos que ficaram na cidade. Eu havia perdido contato com eles há muito tempo, em uma época que a facilidade da tecnologia não ajudava muito para tentar manter contato, já se passaram vinte e sete anos e não me culpem por estar tão nervoso.
Olho para a janela e vejo o sol desaparecendo na linha do horizonte, o céu se tornava escuro com tons arroxeados, do alto apótemas se viam pequenos pontos luminosos lá embaixo em uma cidade distante.
Fico pensando em diversas coisas sobre Derry, em como estaria tão tão diferente e em como meus amigos estariam naquele momento, se é que eles ainda estavam naquele lugar.
Eds.
Sinto um frio na barriga ao pensar no nome, por algum motivo aquele nome ainda assombrava minhas memórias e sentimentos. O nome ecoava em minha mente fazendo pequenos feixes de luz invadirem dentro de mim revelando cenas do meu passado, cena que um dia eu jurei jamais esquecer.
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Give Me One Second | Reddie (CONCLUÍDO)
Romance"Quando o passado se torna presente, é porque algo ficou pendente" Richard Tozier é um jornalista do The Boston News, sua vida era monótona o suficiente para se sentir sufocado pela cidade em que vivia mesmo que sendo uma grande. Como se o destino s...