Capítulo 3

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O sol entrava pela janela dando uma iluminação amarelada ao ambiente. Meu corpo está coberto pela metade deixando uma parte de mim nua. Meus olhos se abrem aos poucos ainda se acostumando com a luz do sol. Olho para o lado e vejo o movimento de respiração de alguém.

Esfrego os olhos ainda tentando lembrar da noite passada, o álcool tinha feito efeito. Me levanto ainda sonolento e olho para o homem ao meu lado. Ele estava de bruço e ainda dormia com apenas as pernas cobertas pelo lençol fino. O que é que havia acontecido da noite anterior havia sido bom, porque eu me sentia bem, mesmo que eu não lembrasse de nada.

Me levanto e fico de frente para janela, o clima havia mudado de frio para um calor aconchegante da noite para o dia, literalmente. Meu celular vibra em cima da mesa de cabeceira, era Carlos Martínez. Olha só, eu estava atrasado.

- Ei... Ei!

Cutuco o homem que estava deitado em minha cama. Ele se mexe e ainda sonolento sussurra algo que não deu para entender direito. Decido lhe chamar pelo nome, é... Eu tinha esquecido o nome. Me inclino ao lado do homem e o mexo, ele dá uma leva acordada porém fecha os olhos novamente.

- Eu preciso trabalhar e você precisa sair daqui... - dou uma pausa enquanto o homem enfiava seu rosto no travesseiro- Agora!

Ele me olha e abre um sorriso, se levanta da cama completamente nu e se espreguiça. Tento desviar meus olhos do corpo esbelto do rapaz.

- Veste suas roupas e sai, sério, eu já estou atrasado - digo tentando fazê-lo se apressar.

Ele pega suas roupas do chão e começa a se vestir como em câmera lenta. Primeira a cueca box que deslizou em seu corpo em preferi encaixe, depois a calça social preta e a camisa. Pude soltar um suspiro aliviado de ver agora ele com roupas. 

- Eu vou embora, mas se você quiser sair de novo um dia desses pode me ligar - ele termina de se arrumar e se aproxima me dando um selinho. 

Continuo sentado até poder ouvir o som da porta bater, e não, eu ainda não lembrava o nome daquele homem. 

~•~

- Atrasado mais uma vez, senhor Tozier? - a recepcionista brinca rindo atrás do computador que tampava parte da sua cara magra.

Reviro os olhos enquanto entro do elevador que logo se fecha e sobe.  Fico inquieto dentro do cubículo, nervoso por alguma coisa que nem mesmo eu sabia o que era. Talvez fosse pelo fato de que em poucas horas eu estaria voltando para Derry, minha antiga cidade ou pelo fato do clima estar tão alterado nos últimos dias. Saio do elevador por fim suando, o que não era novidade para alguém como eu.  Sigo em direção á sala de Carlos Martínez. Abro a porta e peço licença. 

A sala cheirava a canela por algum motivo desconhecido. Carlos estava sentado na poltrona com ambos pés em cima da mesa como seu não houvesse nada para fazer. Á sua frente estava alguns papeis presos por um grampo de grampeador, uma caneta hidrográfica preta e um envelope pardo. Ele segurava algo entre seus dedos, era vermelho e comprido como uma daquelas balas finis, a pior parte era que ele não me ofereceu.

- Sente-se, Richard - ele diz fazendo um movimento com a mão para que eu sentasse, assim o faço. 

Ele tira os pés de cima de mesa e se inclina sobre a mesma com os dedos entrelaçados um nos outros ainda com o doce preso entre os dedos gordurosos.

- Aqui está o contrato - ele passa para mim as folhas com as pontas dos dedos - Leia bem e assine, mas eu conversei com o senhor Parker de Maine e o pessoal de lá está ansioso para um novo membro da equipe. 

- Membro honorário - o corrijo. 

- Que seja - ele mordisca o doce em sua mão - Já começou a ler? - Carlos me apressa. 

Pego o papel em minha mão, muitas letras e palavras me deram enxaqueca, minha vista estava um pouco embaçada e percebo que minhas lentes ja não faziam tanto efeito. A única palavra que pude ler com clareza for Derry, que surgiu como um estrondo em minha mente no meio de todas aquelas palavras. Pego a caneta e fecho os olhos com força, abro tentando achar o espaço para a assinatura, só queria acabar logo com aquilo. Minhas mãos deslizaram sobre o papel branco de letras escuras e como uma águia em busca de presa ou uma flecha em direção ao alvo assino meu nome da linha em branco da folha deixando ali uma marca de que aquilo não teria mais volta, eu estava voltando para Derry. 

- E-eu preciso ir, minhas vistas estão me matando - digo devolvendo o papel para o editor chefe á minha frente. 

Estava feito, mesmo que eu me arrependesse o contrato estava assinado e eu não podia fugir, mas pensando pelo lado positivo seria bom voltar para minhas origens. Dizem que você apenas deixa o passado para trás quando você enfrenta ele, era exatamente isso o que eu iria fazer, ou pelo menos tentar. 

Derry que aguarde, penso, o mais pintudo está chegando. 


Give Me One Second | Reddie (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora