Capítulo 15

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O caminhão estacionou em frente da minha casa bem cedo. O sol nem havia nascido ainda. Mas mesmo naquele horário, a vizinhança já acordava e se penduravam nas janelas para ver o que estava acontecendo.

Eu não dormir muito naquela noite. Minha ansiedade não deixou e, infelizmente, dessa vez tinha Eddie para me ajudar.

Logo mais os jovens da cidade acordariam para ir a escola, passariam pela minha rua em suas bicicletas, e veriam que o gay da cidade iria embora, seria um alívio para os alunos e professores, talvez isso realmente fosse o certo a se fazer.

- Richard, levanta e desça suas malas e caixas, o caminhão chegou - minha mãe diz na porta de meu quarto.

Reviro os olhos, mas logo me levando para obedecê-la, na situação que u estava, tinha que fazer de tudo para acabe não decepcionando ninguém mais tão cedo.

Bill... Droga, Bill Gago morava na mesma rua que eu, óbvio que ele veria minha mudança e iria falar com os outros. Mas eles não iriam vir falar comigo, ainda mais com minha mãe indo para lá e para cá e com toda a vizinhança olhando.

Começo a descer minhas caixas e malas para baixo. Era engraçado em como eu queria ir para o mais longe possível dali e ao mesmo tempo queria ficar ali pro resto da minha vida.

Nossos atos tem consequências, eu estava vivendo a consequências de um ato. Então eu não deveria ficar tão mal com aquilo, era minha culpa de fato.

Os minutos se passaram rápido, logo o relógio já batia aproximadamente seis e meia da manhã. Logo mais Ben, Bev e Stan iria passar com suas bicicletas pela minha rua para ir juntos com Bill para a escola. Há uma semana atrás eu também iria com eles, mas então tive que começar esperar eles saírem para eu poder ir, o que acabamos acarretando em alguns atrasos para primeira aula.

Eu já até podia ouvir o tilintar da buzina irritante de Stanley, as rodas girando pelo asfalto e a risada de um Pão de Queijo poeta.

Eu colocava minha última caixa-preta do caminhão quando meus amigos passaram em suas bicicletas pela minha casa, eles encaravam enquanto desciam pela rua até pararem em frente à casa de Bill.

Eles continuaram olhando em direção a minha casa quando Bill saiu da dele, e logo o garoto se juntou aos outros. Eles conversavam entre si, eu observava-os discretamente para minha mão não perceber.

As últimas coisas foram colocadas no caminhão e logo seu ronco acordou o resto da vizinhança que ainda dormia. Minha mãe e eu continuávamos parados em frente da casa vendo a partida do caminhão com nossas coisas.

- Isso será melhor, Richie - ela diz - Agora você se tornará um homem de verdade em longe daqui.

- Um homem de verdade? - pergunto a repetindo - E o que te faz achar que só porque eu gosto de homens eu não sou homem, hein mamãe? O fato de eu gostar de homens não me faz inferior a ninguém nessa merda de cidade, pelo contrário, me faz ser melhor, porque ao contrário de toda essa gente eu sou o que quero ser e o que eu realmente sou, não fico me escondendo atrás de hipocrisia.

Enquanto eu falava, não havia percebido que minha mãe come vou a chorar e que meus amigos haviam subido a rua até minha casa. Me viro em direção a eles e minha mãe corre para dentro da casa chorando. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa Stanley corre em minha direção e me abraça, logo os outros se juntam para um abraço coletivo.

Ficamos ali por alguns minutos enquanto toda a vizinhança ainda nos olhava de suas janelas.

- Eu não acredito que você está indo embora - Bev diz enxugando as lágrimas de seus olhos.

- Eu também não - digo enxugando as minhas.

- Vamos sentir sua falta, Boca de Lixo - Stanley diz.

- Também sentirei a de vocês.

- O Eddie já sabe? - Ben pergunta,

Faço que não com a cabeça. Eu estava tão estressado com tudo o que havia acontecido naquele dia que nem mesmo me lembrei de Eddie.

- Não contem para ele, por favor - digo - Pelo menos não enquanto eu não tiver saído.

- Richie...

- Por favor - digo puxando algo no bolso - Entrega isso para ele por mim.

- Richie está na hora - minha mãe diz indo em direção do carro já recuperada do choro.

- Agora eu preciso ir - digo aos meus amigos - Diga ao Mike que sentirei a falta dele também.

Damos um último abraço, mas apertado e mais longo que o primeiro. Então está na hora.

Entro no carro onde minha mãe me esperava. Olhando pela janela via meus amigos ainda parado em frente à casa. Então saímos de Derry, deixando para trás toda minha vida, amigos e um garoto que amei.

Give Me One Second | Reddie (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora