Luzes coloridas eram penduraras pelos telhados na rua, a neve cobria o chão dificultando a passagem com a bicicleta. Se não fosse por partes em que os próprios moradores haviam retirado a neve do caminho, seria um possível chegar a casa de Bill com a bicicleta.
Eu pedalava o mais rápido possível, estava ansiosos, aquele seria o primeiro natal que eu... Que nós passaríamos com Eddie, e eu tinha uma surpresa para ele.
Meses já haviam se passado desde que nos conhecemos, e todo esse tempo só me fez ficar ainda mais próximo do garoto, ainda mais depois da noite de Halloween, foi ali que eu percebeu que realmente estava apaixonado pela baixinho. Infelizmente eu não sabia se era recíproco, ele ainda era um tanto misterioso com os sentimentos, a mãe dele parece proibi-lo de fazer diversas coisas também, talvez não goste que olho se expôs tanto, ou também não sabe nada sobre ele.
A casa de Bill não ficava tão longe da minha, mas a neve no caminho fez parecer que eu estava pedalando a horas. Por fim cheguei a casa cheia de luzes e veados brilhantes no gramado (e não estou falado de mim).
- Finalmente! - Bill grita ao me ver chegar - Só faltava a donzela.
- Então realmente só faltava eu - respondo rindo.
Nos abraçamos em cumprimento e entro na casa. Todos nossos amigos já estavam ali. Bev usava um vestido vermelho; Stan uma jaqueta verde (embora ele fosse judeu, adorava se juntar a nós em comemoração de natal, os pais dele não gostavam muito, mas eles que lutem); Ben escrevia algo em um papel, parecia um pão de queijo poeta e natalino; Mike parecia um cowboy sexy vestido de duende; e por fim, Eddie, ele estava usando sua pochete com os remédios, uma toca vermelha de natal é uma camisa escrita Eu Sou Seu Melhor Presente (e eu não tinha úvidas que era).
- O natal já pode começar, temos presente, amigos e o meu peruzão.
- Nojento - Bervely faz uma careta.
Passamos o resto da noite jogando coisas uns nos outros e aturado o irmão mais novo de Bill, Georgie. Eddie estava quieto, parecia pensativo.
- Você está bem? - pergunto em quase sussurro.
- É o meu primeiro natal sem meu pai - ele responde - Era bom quando eu tinha ele.
- Eu sinto muito - digo sem saber ao certo o que responder.
- Não se preocupe, é muito bom estar com vocês também - ele diz arrancando um sorriso meu.
Ele também dá um sorriso. Eu juro, tive que me segurar para não me aproximar daquele rostinho pequeno e delicado e selar nossos lábios, mas com muito esforço resisti à tentação.
- Faltam dois minutos para o Natal! - Mike grita já sentando perto da arvora, ansioso pelos presentes.
Era quase como um ritual o nosso natal. Todo ano nós nos juntávamos na casa de alguém, nossos pais levavam nossos presentes para essa casa e nos abríamos lá mesmo. Esse ano a árvore estava mais vazia, acho que a idade estava chegando para nós.
- Ei! - chamo a atenção de Eddie - Tenho uma surpresa para você.
- Sério?! - ele pergunta animado.
- Claro que sim.
- Ah... - ele desfaz a cara de ânimo - Eu não trouxe nada para você.
- Não se preocupe, Eds - digo o acalmando - Se você gostar muito do que eu te dar, eu aceito só um beijo.
Ele arregala os olhos, falo que estou brincando e começamos a rir (não, eu não estava brincando, óbvio).
- Você quer abrir agora?
- Faltam alguns minutos para o Natal ainda.
- Que se danem os minutos - rio.
Abri minha mochila e tiro uma pequena caixinha embrulhada em um papel azul. Eu hesito um pouco antes de entregá-lo, mas por fim tomo coragem e o entrego. Ele abre um sorriso e puxa o laço de forma delicada. Seus olhos castanhos me encaram felizes então ele abre a caixinha.
Vou ser sincero, eu não sabia se ele iria gostar ou não. Talvez fosse muito gay até mesmo para ele, mas no momento eu não liguei. Eu e meus amigos estávamos indo para os últimos meses juntos na escola, logo mais sairíamos de Derry e iríamos fazer alguma faculdade, teria trabalho, compromissos e talvez formaríamos uma família. Tínhamos tão pouco tempo junto... Eu não queria desperdiçar mais nenhum momento.
Ele fica sem expressão ao ver meu presente. Puxa então o cordão, ele encara o camafeu a sua frente, seus olhos passam a me encaram. O círculo brilhante gira em seus dedos, as nossas iniciais puderam ser vistas talhadas
R+E.
Ele abre e um foto nossa estava dentro.
Ele continua sem dizer nada me deixado um pouco aflito.- Então... - digo esperando por respostas - O que achou?
- Eu... - ele começa a responder mas para novamente.
Não se preocupe, Eds. Se você gostar muito do que eu te dar, eu aceito só um beijo.
Então como se ele lesse meu pensamento, ele se aproxima de mim, e como em um sonhos, sela nossos lábios em um beijo.
Foi como tudo em nossa volta tivesse parado. Por um segundo eu não me importei com meus amigos que estavam ali (e que ainda não sabiam sobre mim, e obviamente nem sobre Eddie), nem com os pais de Bill, nem os gritinhos que Bervely começou a dar quando nos viu. Eu só aproveitei o momento, beijando o garoto que eu gostava, fazendo algo que eu queria fazer há meses.
Quando nos afastamos um pouco abri um sorriso e Eddie fez o mesmo.
- Então você gostou? - pergunto ainda sem acreditar no que havia acontecidos
- Ainda não consegui te responder?
- Hmm, acho que não.
- Entoa vou tentar de novo.
Ele sela nossos lábios novamente, e dessa vez eu pude ouvir os fogos de artifícios que estouravam do lado de fora.
- O que você pediu de natal, Richie? - Eddie pergunta rindo.
Levo um tempo para pensar, mas eu sabia exatamente o que havia pedido.
- Você - respondo firme.
Eddie abre um sorriso.
- Feliz natal, Richie.
- Feliz natal, Eds.
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Give Me One Second | Reddie (CONCLUÍDO)
Romance"Quando o passado se torna presente, é porque algo ficou pendente" Richard Tozier é um jornalista do The Boston News, sua vida era monótona o suficiente para se sentir sufocado pela cidade em que vivia mesmo que sendo uma grande. Como se o destino s...