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— Eu não sei nem como responder. — Jooheon arfou, incrédulo, jogando-se no sofá, ao lado do sobrinho.

Jungkook havia acabado de lhe contar o que dissera aos seus pais na Igreja, com medo de que talvez seu tio pudesse pensar que ele tenha exagerado em enfrentar seus pais em um local sagrado, mas seu tio parecia apenas surpreso. Chocado.

O homem ficou alguns segundos em silêncio, os olhos presos no nada, antes de abrir a boca e dizer: — Eu sempre quis enfrentar meus pais como você fez.

— Mas você enfrentou, não? Você mudou de país e... — Jungkook foi interrompido.

— Não, eu nunca disse abertamente o que pensava deles, o quão hipócritas eram e o quanto eu discordava com o modo de pensar e viver deles. — Jooheon explicou. — Eu só explodi um dia e resolvi sair de casa.

— Oh... — Jungkook coçou a cabeça. — Com relação a isso, eu não sei o que vou fazer.

— Você tem que voltar para casa, pelo menos por mais um tempo e resolver isso, pegar suas coisas e... — Jooheon quem fora interrompido daquela vez.

— E ir pra onde, hyung? — Jungkook olhou para as próprias mãos, sentindo a realidade bater em sua porta.

Afinal, o que ele esperava? Ele enfrentara seus pais em solo sagrado e teria que voltar para casa em algum momento, teria que ouvir seu pai e, muito provavelmente, levaria uma surra por sua atitude rebelde. No entanto, o arrependimento não esteve presente por nem se quer um segundo. Jungkook disse o que pensava, Jungkook fez o que queria e teria que lidar com as consequências.

— Pra cá.

Jungkook ergueu a cabeça, os olhos arregalados.

— O q-quê?

— Você pode morar comigo. Digo, em pouco tempo você será maior de idade e não será um problema. — Jooheon explicou, abrindo um sorriso terno.

— Eu tenho dezessete, hyung*. — Jungkook suspirou, um tanto desapontado.

Ele realmente considerou a possibilidade de morar com o tio? Sim. Ele não se sentia bem na própria casa e talvez a única solução fosse se mudar, já que seus pais não pareciam querer cooperar.

Respirando fundo, Jungkook acabou recordando-se de sua mãe lhe dizendo que nunca o quis. Talvez mudar-se fosse ser bom não só para ele como para sua mãe.

Ele esperava que sim.

— Oh... Isso talvez seja um problema. — Jooheon fez uma careta. — A gente pensa nisso depois, okay? Você vai para casa hoje a noite, já que tem aula amanhã e depois pensamos no resto, tudo bem? — Jungkook assentiu. — E se Jungwon tentar qualquer coisa contra você, você fala comigo imediatamente.

Jungkook assentiu mais uma vez, abrindo um sorriso leve para o tio, que tocou-lhe o ombro fraternalmente e puxou-o para um abraço em seguida. O adolescente arfou surpreso, mas não hesitou em corresponder, sentindo o peito apertar e os olhos lacrimejarem em alívio por ter, pela primeira vez, um apoio fraternal em uma situação difícil.

Seu pai nunca fora assim. Seu pai nunca lhe abraçara daquele jeito.

Jungkook apertou mais o tio em seus braços, sentindo um bolo se formar em sua garganta e uma vontade absurda de chorar lhe tomar por inteiro. Seu rosto enterrou-se no ombro do mais velho e ele deixou com que a primeira lágrima caísse, prensando os lábios para que aquela fosse a única.

Mas não foi.

— Não chore, Jungkook! — Jooheon exclamou, afastando-se um pouco para segurar ambos os lados do rosto do sobrinho. — Eu tô aqui pra você, criança.

Polemic! • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora