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— Dakho, solta! — era a décima vez que Jooheon repreendia o filho, lutando para conseguir mantê-lo em seu colo e soltar o cabelo de Yoona.

— Ele é uma graça. — Jiyoon comentou, aproveitando que estava do lado de Jooheon para inclinar-se minimamente e tocar na pequena mão de Dakho, acariciando-a de leve. — Vocês o adotaram na Inglaterra, certo?

— Sim, lá é legal. — Jooheon comentou, recebendo a atenção de todos os outros presentes na mesa. — Não foi um processo muito longo, graças as boas condições tanto minhas quanto de James. E, infelizmente, Dakho foi rejeitado por diversas famílias...

— Por causa da pele dele? — Namjoon perguntou, bebericando o copo de suco que segurava.

James assentiu, respondendo por sua vez: — Sim.

— Até na Inglaterra? — Hoseok soltou, parecendo surpreso com o que acabara de ouvir.

— O racismo ainda é um enorme problema em escala mundial, até mesmo em países onde há mais negros do que brancos, como é o caso do Brasil. — o tio de Jungkook rebateu, sorrindo leve quando Dakho entrelaçou seus dedos com os de Jiyoon e gargalhou para esta.

— É algo que está implantado na sociedade a anos... — Yoona continuou, arrumando o garfo e a faca em seu prato após terminar de comer. — As vezes nem percebemos. Tipo, existem expressões que usamos que nem percebemos serem expressões racistas.

— Criado mudo. — Taehyung apontou, recordando-se de quando lera sobre o assunto.

— Criado mudo? — Jungkook perguntou, confuso.

— Antigamente, quando os negros eram escravos, havia alguns que ficavam de pé, ao lado da cama, segurando itens como copo d'água e roupas. Muitos tinham de ficar imóveis por longos períodos ou tinham suas línguas arrancadas, para não falarem. O nome da mesa de cabeceira vem desse papel que os escravos exerciam. — Jimin explicou, levantando a cabeça do ombro do mais novo para olhá-lo enquanto lhe explicava o motivo de tal expressão ser uma expressão racista.

— Oh, isso é... horrível. — Jeon tinha os olhos arregalados, surpreso com a informação que lhe foi dada. — E tem outras expressões?

— Muitas. — Taehyung voltou a falar. — Denegrir, mercado negro, ovelha negra....

— Jungwon costumava se referir a você como a ovelha negra da família. — Jiyoon comentou, virando o rosto para Jooheon. — Eu nunca concordei com o termo... — ela abaixou a cabeça logo em seguida, suspirando baixo. — Porque sabia a história toda por trás.

— Às vezes utilizamos os termos sem saber o que eles querem, realmente, dizer, pois nos foi ensinado de tal maneira. O importante é aprender e não cometer mais o erro, não ignorar os anos todos de história do nosso mundo fundados em ideologias racistas, machistas e preconceituosas em um geral. — James acrescentou, começando a juntar os pratos de cima da mesa. — Bem... Quem vai querer sobremesa?

Taehyung e Namjoon ajudaram James a colocar a sobremesa — um mousse de maracujá — em alguns potes e a distribuir para todos presentes, sendo mais generosos no pote do pequeno Dakho, que, segundo seus pais, era louco por aquele doce.

— Essa viagem... Vai ser quando? — Jiyoon perguntou, já degustando do mousse, os olhos vagando pelos amigos do filho.

— No verão. Logo após o fim das aulas, em junho. — Jimin respondeu, tocando no joelho de Jungkook por baixo da mesa, acariciando-o. Foi o toque puro, um reflexo protetor que Jimin passou a notar que tinha sobre o mais novo, no entanto, deixou o pobre garoto nervoso.

Jungkook ficava nervoso com qualquer toque vindo de Jimin.

— Por que não chama o Jin? — Jiyoon sugeriu, capturando o olhar do filho e não notando que ele encarava o nada, pensando no quão satisfatório e angustiante era o toque do ruivo sobre si quando ele não podia fazer nada a respeito. — Jungkook?

Polemic! • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora