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As pessoas tinham o costume de dizer o que fariam em determinadas situações extremas como se, com todas as falhas que o ser humano tinha, fossem capazes de, realmente, saber como reagiriam ao encarar algo de tamanha intensidade.

Como quando tentavam pensar no que fariam caso os pais morressem naquele momento ou caso o melhor amigo sofresse um acidente. O que eu faria? Ah, eu com certeza... E milhares de hipóteses falhas que nunca se encaixavam na realidade seguiam, arrastando-se pela frase sem consistência alguma. Sem consistência e irreal, porque a realidade era: ninguém nunca sabia o que faria em determinada situação até dar de cara com aquela tal situação.

E Jungkook se preparou. Ele se preparou para as diversas cenas que poderia encontrar assim que pisasse os pés em sua casa. Ele preparou seus argumentos contra seu pai, ele preparou-se mentalmente e tentou grudar em sua pequena cabeça que, qualquer coisa, Jimin e Jooheon estariam ali, esperando o seu chamado. E, de todas as coisas que ele listou que faria, nenhuma delas contava com ele ficar estático, parado, encarando sua mãe aos prantos.

— M-mãe...? — sua voz falhou.

A mulher nada disse e não deu espaço para ele entrar. Pelo contrário, ela dera um passo para frente, parecendo querer sair dali de dentro e não permitir que o filho entrasse. No entanto, sua tentativa falhou quando Jungwon apareceu atrás dela e puxou-a para dentro: — É o moleque? Sai da frente, mulher. — exclamou, raivoso.

Jungkook engoliu em seco, sentindo-se totalmente despreparado quando seus olhos receosos encontraram os olhos ferventes em ódio de seu pai.

— Entra. Agora. — rosnou.

Discretamente, Jungkook olhou sobre o próprio ombro, tentando enxergar Jimin ao longe. Porém, não querendo que seu pai notasse aquele ato seu e acabasse seguindo sua visão, desistiu e entrou em sua casa.

— Você tem um minuto para me explicar o que caralhos foi aquilo na Igreja, Jungkook. — seu pai bateu a porta, provavelmente acordando a vizinhança inteira.

O corpo do adolescente estremeceu de medo, mas, surpreendentemente, o receio não lhe invadiu e ele soube reagir: — Eu disse verdades, pai.

— Verdades? Verdades? — a voz do homem subiu gradativamente. — Você me enfrentou, na frente de todos os fiéis! Me disse aquelas merdas do seu tio, aquele desgraçado, filho da puta que quer se aproveitar de você para me atingir.

— Ele não quer se aproveitar de mim! Ele me ajudou! — Jungkook exclamou, dando um passo para trás quando seu pai deu um em sua direção.

Jungkook procurou sua mãe com o olhar e viu a mesma no canto da sala, os braços abraçando o próprio corpo enquanto lágrimas ainda molhavam suas bochechas de maneira incansável. Seu corpo lhe implorava para ir em direção a progenitora e entender o que havia acontecido antes dele chegar, mas seu cérebro lhe alertava que aquele ainda não era o momento.

— Te ajudou? Você ainda ousa me enfrentar na nossa casa, garoto? — Jungwon deu mais um passo para frente. — Me diga agora onde ele mora, eu vou tirar satisfação com esse merdinha.

— Não.

— Jeon Jungkook. — ele quase rosnou, ficando cara a cara com o filho. Era quase como se fumaça pudesse sair de seu nariz a qualquer momento. — Você vai me falar agora onde Jooheon está e eu vou até esse filho da mãe para... — foi interrompido.

Não. — repetiu, teimando.

Os segundos em que o pai e o filho passaram se encarando pareceram se arrastar; tensos e demorados, foram o suficiente para alertar todos os sentidos de Jiyoon, esta que, em reflexo, deu um passo na direção dos dois. Porém, o segundo seguinte surpreendeu a todos dentro do recinto: Jungwon não somente estalou um tapa no rosto do filho como também pegou-o pelo antebraço, apertando com força suficiente para mudar a cor da pele de Jungkook, e prensou-o contra a parede.

Polemic! • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora