0.8

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— Quais são as chances que eu tenho com aquele seu professor de história, hm?

Jimin arregalou os olhos ao ouvir a fala de sua mãe. Sanji soltou aquilo de maneira natural em plena mesa de café da manhã, não se importando se o marido ia ouvir ou não.

A reação de Ji-Hun fora engraçada, no entanto: surpreso com a fala da esposa, ele engasgou-se com seu café e encarou-a, incrédulo.

— Como é? — questionou.

— É, ué. Você não estava todo caidinho pela nova chefe de cirurgia geral do hospital, Park Ji-Hun? Preciso de minhas próprias conquistas também, oras. — Ela se explicou, o deboche palpável em sua voz.

Jimin riu. Ele amava sua mãe demais.

— Que história é essa, pai?

— Sua mãe está de sacanagem com a minha cara, Jimin. — Ji-hun choramingou, virando-se para o filho. — Eu só comentei que a menina era bonita, poxa.

— De fato, um pedaço de mal caminho. — Sanji concordou após dar um gole em seu café.

Alá! Tá vendo? — exclamou, apontando para a mulher que escondeu o riso. — Ela só joga comigo!

— Acho que puxei isso dela. — Jimin falou mais consigo mesmo, gargalhando junto a sua mãe logo em seguida.

— Vão se foder, vocês dois. — Ji-hun emburrou-se, cruzando os braços. — Vai lá pro tal professor de história.

— Ele é solteiro, mãe. — Jimin resolveu provocar mais um pouco o progenitor, recebendo um olhar incrédulo deste. — Mas é bissexual, então é o dobro de concorrência — brincou.

— Vou entrar nessa concorrência. — O pai resmungou, ouvindo outra risada da mulher.

— Eu me garanto, neném. — Sanji provocou, piscando para o marido. — Mas agora tenho que trabalhar.

Jimin assistiu, com admiração dançando em seus olhos, a forma como sua mãe e seu pai trocaram demonstrações de afeto antes que a mulher deixasse a residência para ir para seu escritório. O filho via a forma como os olhares apaixonados eram recíprocos e estavam sempre ali, não importava a ocasião.

A única vez que Jimin presenciou uma briga séria entre o casal, ele viu o quanto ambos ficaram destruídos por causa da tal. Ele viu e chorou junto aos dois quando eles se reconciliaram. A partir daquele dia, em que Jimin tinha apenas quinze anos, ele passou a se perguntar se, algum dia, encontraria um homem que ele pudesse amar tanto quanto seus pais se amavam e que o amasse de volta na mesma intensidade.

Park tinha consciência de que aquilo talvez fosse bem difícil levando em conta o país que ele morava e que, provavelmente, moraria a vida inteira. Sem falar que ele não levava jeito para romances, por mais que fosse louco por ele.

Ele nunca escolhia o homem certo. Por mais que, no fundo, ele soubesse que não tinha a ver com "escolher", já que as pessoas não escolhiam por quem se apaixonavam, Jimin se considerava a pura e mais elaborada definição de dedo podre.

Park foi magoado em todas as vezes que ele tentou algo mais sério com seus namoradinhos. Fosse um mal entendido, um chifre ou uma discussão: quem saía acabado era sempre Jimin.

Quando aquilo aconteceu pela terceira vez, Jimin começou a achar que o problema era ele. Será que ele não era o suficiente? Sua beleza não era o suficiente? Seus beijos? Sua dedicação? Seu corpo? Era inevitável não pensar naquelas coisas. Estas que acabavam por destruir, pouquinho a pouquinho, o ruivo indefeso.

Um dia, Jimin conversou sobre aquilo com Yoona que, na época, ainda era  Yoongi. A garota tinha ido desabafar com ele sobre como queria contar logo a sua mãe sua situação e Jimin achou que era um bom momento para desabafar sobre sua situação também.

Polemic! • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora