O garoto do trem - Woosan

My eyes on you

Sexta-feira, oito e quarenta e dois da noite.

Wooyoung sentiu-se na obrigação de fazer o jantar por hoje, embora fosse horrível na cozinha. Estava lutando contra um vidro de ovos em conserva que custava a abrir, quando sentiu algo passando entre suas pernas.

— Oh, olá, Sypha. — disse, fazendo carinho nas orelhas da gata, recebendo um miado em resposta.

O menino adotou a gatinha há cinco anos atrás, e a mesma odiou todos os seres humanos que já colocaram os pés naquela casa, ela só não atacava Wooyoung e sua mãe, fora isso, ela aparentava ser uma fofura, seu pelo é mesclado em três cores: branco, preto e castanho, formando uma coloração encantadora.

— Ah, minha pequena, o que eu faço? — suspirou, agachando ao lado do animal, como se esperasse por uma resposta.

Sypha andou com toda aquela elegância que os felinos têm, ignorando completamente o humano, subiu na mesa de jantar, esparramando-se por cima das pesquisas da delegada. O menino correu para tirá-la de lá, antes que rasgasse algum daqueles documentos.
Ela miou, colocando a pata em cima de um arquivo chamado "Experimento A".

O loiro não gostava de mexer nas coisas de sua mãe, mas aquilo tomou sua atenção de uma forma inexplicável, pegou o arquivo, tirando carinhosamente a gata de cima da mesa, a mesma miou em reprovação e foi para o quarto tirar seu cochilo diário, ele passou os dedos pela capa do arquivo e, por um momento, hesitou, questionando se aquilo realmente valia à pena. Ele abriu.

Folheando algumas páginas, deu-se de cara com fotos e nomes de desconhecidos, eles estavam identificados como "Parasitas".

Parasita 1 - Nome: Kim Hongjoong (김홍중)
Data de nascimento: 7 de novembro de 1998.

Mais abaixo havia uma foto de um homem ruivo, e outra de uma criança que Wooyoung presumiu ser o mesmo em sua infância. Continuou folheando mais páginas até deparar-se com rostos familiares:

Parasita 6 - Nome: Jeong Yunho (정윤호)
Data de nascimento: 23 de março de 1999.
Parasita 7 - Nome: Kang Yeosang (강여상)
Data de nascimento: 15 de junho de 1999.

Yunho era seu amigo desda adolescência, por que diabos ele estaria em um arquivo confidencial? E Yeosang era líder de turma na escola, ele parecia ser certinho demais até para dizer um palavrão. O que estava acontecendo?

— Presumi que você leria isto mais cedo ou mais tarde. — disse a mãe de Wooyoung que acabara de chegar do trabalho.

— O que significa isso?

— Seu pai me deixou um dever em mãos, e eu tenho que cumprí-lo. — suspirou. — Sente-se filho, creio que chegou a hora de contá-lo tudo que precisa saber.

O menino assentiu.

— Seu pai fazia parte de um grupo tático chamado ATEEZ, nesse grupo estavam apenas os melhores dos melhores, sendo reunidos em oito. Mas tudo saiu do controle após realizarem experimentos e enfrentarem pessoas muito mais fortes do que eles, um grupo de lavagem de dinheiro de vinte e um membros em Neocity, até hoje nenhum deles foram encontrados, mas eles massacraram todos os oito, um a um.

O menino ouvia tudo perplexo, sua boca fazia um formato de O.

— Todos os oito tiveram filhos, e alguns desses filhos estão tentando unir o grupo novamente, mas não é para uma causa boa, eles são conhecidos como "Parasitas". Estamos investigando quem está por trás disso, por isso estamos reunindo os perfis de todos. Até agora só localizamos seis deles.

Ele não fazia ideia do quanto seu pai era incrível, com um salto, ele exclamou:

— Quero participar da investigação!

— Filho, você está ciente de que você é um deles, não é? É muito perigoso, penso na sua segurança. — disse, passando as mãos pelos cabelos loiros do menino.

— Eu sei, mãe, mas há vidas importantes em jogo, meus amigos estão em risco. Me deixe ajudar, por favor.

A mulher suspirou de aflição, não queria deixar aquilo proceder, mas era uma vontade do menino, e achava que estava na hora de começar seu treinamento para ser um futuro detetive.

— Tudo bem, mas me prometa que não cometerá nenhuma loucura. — sorriu, contudo, ainda preocupada.

— Tudo bem. Eu te amo, mãe. — disse a abraçando.

— Eu também te amo, filho. — retribuiu.

°°°

Sábado, duas da tarde.

Wooyoung estava indo encontrar Yunho, não podia contar nada sobre o caso, pois havia um devido sigilo.
Estava em um dos bancos da praça pública quando viu Yeosang ao telefone, frente à estátua principal.
O loiro ficou dividido, seu cérebro falava para ficar e continuar aguardando pelo amigo, mas seu coração o arrastava para quem estava perto da estátua. Ele sempre seguia seu coração, menos quando o mesmo dizia para confessar seus sentimentos para San, ele era orgulhoso demais para isso.

O menino se pôs atrás da estátua podendo ouvir a conversa do outro.

— Onde está a bandeira? — Perguntou um Yeosang inquieto. — Amanhã no berço industrial então. Lee Taeyong tem um trato conosco, o dinheiro da lavagem será entregue em mãos. — disse depois de alguns minutos.

O loiro sentiu seu corpo congelar, ele sentia a necessidade de avisar sua mãe sobre isso. Era uma grande chance de descobrir toda a verdade, ou uma parte dela. O menino correu, ligando para Yunho avisando que não poderia mais o encontrar.
Amanhã a polícia estaria esperando sua presa.