Eu quero confiar em você

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Antes de irmos para o capítulo, queria pedir que caso você tenha como ouvir Hi Hello do DAY6 enquanto lê, SOM NA CAIXA!!! A escolhi porque os versos representam muito o que Wooyoung e San estão vivendo agora e o que ainda irão viver nessa nova fase de redescobrimento.

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Uma semana depois

As costelas fraturadas de San já estavam quase recuperadas, entretanto, seu ombro ainda doía por causa do tiro, isso causava uma dor terrível para se locomover nas muletas que teria que usar por um bom tempo devido sua perna quebrada, atrasando ainda mais o processo de cicatrização. Mas ele era teimoso, nada e nem ninguém jamais parou o garoto, não seria um ombro ou uma perna que iria lhe impedir de comprar sua torta de maçã favorita.

Felizmente a polícia ainda não tinha como provar que foi ele que fez tudo aquilo no berço industrial, embora fosse o maior suspeito, quem quer que tenha o incriminado, deixou digitais no local. Portanto, ainda era um homem livre.

Parou em frente à porta da padaria, analisando como iria subir aqueles míseros três degraus que dificultariam sua vida de uma maneira abominavelmente. Se vendo nesta situação, pensou o quanto pessoas com algum certo tipo de deficiência passam por isso todos os dias, e se sentiu triste por todas elas.

— Vamos lá, San, é só dar um passo de cada vez. — sussurrou para si mesmo, se preparando pra subir. O que piorava ainda mais era o fato dos degraus serem estreitos. O ruivo queria ter uma conversinha de perto com quem construiu aquilo.

Conseguiu subir o primeiro degrau, e sentiu uma fisgada no ombro, mas ignorou, logo partindo para o segundo. No momento em que colocou uma das muletas no degrau, fez força para subir, mas a mesma derrapou, se desequilibrando. O tempo ficou em câmera lenta, e o menino se via caindo de costas.

— Eu só queria que algo desse certo na minha vida. — pensou consigo mesmo, se preparando para encontrar o chão.

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{Parte narrada por Wooyoung}

Eu já estava entrando na rotina novamente, voltando a me encaixar no meu ciclo contínuo – e até mesmo parando de chorar todas as noites pensando em você sabe quem –.

Resolvi tomar um café com Yunho, eu adorava sair com ele, atualmente era a única coisa que me colocava para cima. Deixei ele escolher o lugar, e logo foi me arrastando para uma padaria que, segundo ele, tem as melhores tortas de maçã da cidade.

Não sei o que deu nele hoje, estava totalmente tagarela, uma hora ou outra retornava a falar do ruivo que conhecera no café em que trabalha, Mingi. Parei de prestar atenção nas palavras loucas de que o mesmo menino teria morrido em um incêndio há um tempo atrás, quando corri para segurar um homem que estava prestes a cair das escadas nas portas da padaria.

— Tome cuidado, senhor. — eu disse sem olhar diretamente para o mesmo, como se a culpa fosse dele por não ter a devida acessibilidade no local, me senti culpado por isso.

Notei que o homem não havia dito uma palavra e estava totalmente imóvel em meus braços e resolvi olhá-lo para ver se estava tudo bem.

Meu coração congelou, e simultaneamente as forças dos braços se esvaíram, me fazendo soltar quem estava segurando, sem se preocupar se ele cairia novamente. Por sorte – ou azar –, Yunho estava lá.

— San? — o menino mais alto perguntou, segurando o mesmo que estava se desequilibrando por eu ter o soltado tão repentinamente.

— M-me desculpe. — disse um ruivo nervoso.

— Venha, eu te levo até lá em cima. — Yunho é o homem mais educado e gente boa que eu conheço, e com aquele cretino não foi diferente, pois eu não havia contado toda a história para ele, portanto, Choi San era um pobre coitado aos olhos do mais alto.

— Obrigado. — o ruivo disse tentando dar um sorriso para o grandalhão que havia o ajudado. Ele me deu uma olhada de canto, logo olhando para baixo fazendo um semblante triste, indo até o balcão fazer seu pedido.

Se ele pensou que aquela cara me causaria algum tipo de remorso ou pena, ele está muito enganado, eu nunca volto atrás de nada, quanto menos por alguém como ele.

— Ele parece tão transtornado, queria poder ajudá-lo, porque ele veio sozinho? Ele deveria ter alguém para cuidar dele. — Yunho falava, mas meu orgulho bloqueava qualquer palavra relacionada a Choi San.

Nos sentamos em uma mesa, sem demora o garçom veio nos atender perguntando o que iríamos pedir.

— Dois pedaços de torta de maçã, por favor. — disse Yunho com um sorriso de orelha a orelha.

— Desculpe, senhor, mas os dois últimos pedaços acabaram de serem vendidos.

— Ah... Tudo bem, eu vou querer um café e um suco por enquanto, vamos decidir o que vamos querer pra comer ainda. — disse meu amigo.

San ouviu o diálogo, olhou para o embrulho que acabara de pagar, ele estava entre a razão ou emoção, mas neste caso, ambos o guiavam para um só caminho.

Instantes depois o garçom retornou à nossa mesa com um embrulho da própria padaria.

— Parece que vocês têm sorte. — deu um sorriso.

Yunho e eu nos olhamos confusos, abrimos o pequeno pacote e lá estavam dois pedaços de torta de maçã nos esperando.

— Espera, mas você disse que os dois últimos haviam sido vendidos. — eu questionei.

— Exatamente, mas a pessoa que comprou me pediu para entregar para vocês.

— Quem? — falamos ao mesmo tempo.

— Aquele moço de mechas vermelhas. — apontou para a rua, onde San já atravessava a faixa de pedestres. Yunho quis levantar para agradecer, mas o mesmo já estava longe demais.

Choi San, se você acha que isso mexeu com o meu coraçãozinho, você está equivocado.

No fundo eu senti algo, mas espero que tenha sido minha barriga roncando, e não as borboletas no meu estômago voltando à vida. Matarei todas elas se precisar.

Meu celular tocou e era um dos policiais que trabalham comigo.

— Pegaram o dono das digitais, e você vai achar isso muito interessante. — disse do outro lado da linha, me causando um arrepio na coluna.

O garoto do trem - Woosan Onde histórias criam vida. Descubra agora