Emboscada

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As lágrimas pingavam entre os dedos de Wooyoung. Sentado com as mãos no rosto, o menino chorava pela notícia que havia lhe recepcionado.

"Yunho foi dado como desaparecido."

Chegando ao escritório da delegacia de polícia após receber um telefonema desesperado do loiro, San avistou o outro menino sendo consolado por Hyuna, ambos já haviam se conhecido outro dia, pois Wooyoung insistiu em apresentá-lo para seus colegas de trabalho. Caminhou em passos largos, já recuperado da perna fraturada, sem precisar sustentar seu corpo sobre as muletas, entretanto, ainda sentia fisgadas em seu ombro, mas nada disso importava agora.

— Woo... — não precisou dizer meia palavra e o loiro já havia levantado, puxando e tomando-o em um abraço desesperado, permitindo que as lágrimas caíssem no ombro de San.

— Primeiro meu pai... Agora meu melhor amigo... Eu não quero perder mais ninguém, San. — Wooyoung não conseguia pronunciar as palavras por inteiro, ele precisava colocar tudo aquilo para fora, o peso que ele tem segurado por muito tempo.

— Nós vamos encontrar ele. Vamos encontrá-lo juntos. o ruivo queria poder arrancar aquela amargura de dentro do menino em seus braços. Dizer palavras reconfortantes não eram o bastante nesse momento, ele estava em estado inconsolável. San o entendia, ele sabia o que era perder alguém que amava, sabia o que era ser visitado pela angústia todas as noites antes de dormir e quando acordava. Ele apenas o abraçou fortemente, passando os dedos docemente por seus cabelos áureos.

— Eu prometi que iria cuidar dele. — ele fungava.

— Não é sua culpa, Woo. Ele vai voltar logo.

Eu prometo.

°°°

{Parte narrada por Yunho}

Acordei com uma dor de cabeça insuportável, sentia náuseas só de mover os olhos sob as pálpebras ainda fechadas. Tentei me mover, mas senti meu corpo ser prensado contra as correntes que me prendiam na cadeira. Eu estava totalmente acorrentado em meio a uma sala mal iluminada, e me apavorei ao notar que não estava sozinho.

— Que bom que ainda está consciente... Significa que não lhe bati o suficiente para te deixar em coma. — era ele, o homem encapuzado do parque. Seus olhos estavam cobertos por o capuz de um casaco cinza escuro, sua boca escondida sob uma bandana rubra.

Observei ele levantar-se e se dirigir até um interruptor na parede, nesse curto período de tempo, ouvi sons estranhos vindo do teto, mas não sabia identificar o que eram, pois não tinha a menor visão daquele canto da sala. Ele acendeu a luz e vi todos aqueles olhos famintos me encarando. Pássaros por toda a parte.

— Eles estão com fome, faz um bom tempo que eles não têm uma alimentação digna. — ele se aproximou apontando-me um canivete, entretanto, ele retirou uma maçã de um balde sujo de plástico que estava perto do interruptor, descascando-a com a lâmina do canivete.

— Sabe, eu entendo eles, deve ser horrível todos os dias comer essas coisas nojentas... Frutas... — parou de descascar por alguns segundos e encarou a maçã como se estivesse segurando a coisa mais repugnante que já viu.

— Eles iriam adorar provar carne podre. — tirou os olhos da fruta e me encarou, olhando profundamente dentro dos meus olhos, permitindo que eu visse os dele na luz. Aquele olhar era perturbador, eu podia sentir o suor descer por minhas costas em câmera lenta.

— Maninho, já estou de volta! — uma voz soou do outro lado da porta trancada. O homem respirou profundamente, como se aquilo tivesse o incomodado profundamente.
Ele caminhou até a porta, limpando a lâmina e guardando-a novamente.

— Até mais tarde, pequeno Yunho. — se aquele homem não fosse totalmente subversivo, aquilo poderia ter soado fofo. Ele jogou a maçã no ar, e em milésimos as criaturas devoraram a mesma, bicando umas as outras para conseguir um pedaço maior.

Após ele sair e trancar a porta novamente, consegui ouvir o som abafado de duas vozes conversando.

— Quantas vezes eu já te disse para não me interromper?

— Desculpa, maninho, não era a minha intenção.

Suspiro alto.

— Tudo bem, Lucas. Apenas me diga o que conseguiu descobrir.

— Eu segui Yeosang, há um momento em que os dois se separam, esse é o momento em que podemos pegá-lo.

— Tudo bem...

— Você está orgulhoso de mim?

— Estou, Lucas. Bom trabalho.

Som de euforia.

— Me larga, Lucas.

— Você é o melhor irmão do mundo, Ten. Eu morreria por você.

As vozes ficaram distantes. Senti meu estômago protestar de fome, mas tudo o que eu tinha eram vários olhares sobre minha cabeça, aguardando por um único comando para me devorarem.

Eu me perguntei se eu morreria sem ao menos ter me despedido de Wooyoung ou se algum dia ele acharia meu corpo.

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Olá, tudo bem com vocês?

Vocês estão gostando da fic? Tem algo que vocês gostariam de propor ou alguma dúvida? :)

Vim aqui para recomendar a fic/livro do meu irmão, se puderem dar uma olhada, eu agradeço muito, pois ele está dando o melhor dele, e incentivar pequenos escritores é muito importante.

O nome é Mentes brilhantes no perfil Niclexy

O garoto do trem - Woosan Onde histórias criam vida. Descubra agora