"Nem o sono, nem a morte;
Vive quem parece morto.
A casa em que nasceste,
Amigos de tua primavera,
Velho e moça,
A labuta diária e seu pagamento,
Estão todos desaparecendo,
Fugindo para fábulas,
Não podem ser detidos."Ralph Waldo Emerson
{Capítulo narrado por Hongjoong}
Desde minha infância meu pai gostava de me contar histórias. Não era de se admirar, outrora ele fora um grande escritor, não grande de fama, pois ele nunca teve sucesso, mas grande pelas histórias que me prendiam como nenhuma outra.
Lembro-me como se fosse ontem. Ele sentado no batente da cozinha, enquanto as panelas chiavam no fogão à lenha, dando indícios que a hora do almoço estava perto, e eu, atentamente ouvindo tudo, não tirava os olhos de seu cachimbo. Dava um ar de mistério, como se fosse o próprio Sherlock Holmes.Havia uma história em particular que ele sempre me contava. De longe era a minha favorita. Nunca soube se era verdade ou mais uma de suas invenções para manter uma criança de 6 anos entretida.
— Seu avô lutou contra os japoneses durante a colonização do Japão na Coréia. — ele repetia. Sinceramente, eu não fazia ideia do que era uma colonização, mas me parecia ser um impressionante ato heróico do meu avô.
— É verdade que a morte tinha medo dele? — perguntei.
— Não é medo. Os dois eram amigos. — ele riu, tirando o extenso cachimbo da boca.
Eu tinha um interrogatório a fazer, mas nosso momento de prosa foi cortado pelo gritos da mamãe ordenando para ele ajudar a recolher as roupas do varal, estava prestes a chover.
— Quando você estiver mais velho, eu lhe explico melhor. Há coisas que crianças simplesmente não podem saber. — acrescentou, correndo até os fundos da casa. Uma casa simples de interior.
Embora meu pai fosse um homem de palavra, ele acabou nunca contando o que de fato aconteceu com meu avô na época da colonização. Naquele mesmo dia, após a chuva começar a bater nos telhados dos celeiros, meu pai teve que sair às pressas após uma ligação repentina.
Depois disso nunca mais o vi.
°°°
Anos mais tarde um ricaço quis comprar nosso único pedaço de terra, onde nela haviam nossa pequena casa e nossa meia dúzia de cabeças de gado que, por sinal, era de onde tirávamos nosso alimento e único sustento.
Foi quando minha mãe morreu que eu descobri que vivíamos uma vida de mentiras. Onde na verdade ela era uma sniper se escondendo do governo e que morar no meio do nada era como jogar a sujeira para baixo do tapete.
Eu tinha que me desfazer de todas aquelas coisas e daquele lugar, acabei fechando negócio com o ricaço e vendendo o terreno. Catei todas as minhas coisas e fui para a cidade.
Me vi morando sozinho em um apartamento, e após me despedir do pessoal da mudança, resolvi abrir todas as caixas e começar a organizar minha vida.Peguei um estilete recém comprado e abri a primeira caixa de pertences, me deparando com um livro sobre meus sapatos. Um livro de capa rubra com o nome Leviathan estampado em bronze. Era o livro um da série de Steampunk do Scott Westerfeld. Meu livro favorito de infância.
De fato, eu não havia colocado aquilo ali, nem mesmo me recordava que aquilo ainda existia. Algo deslizou para fora de uma das páginas me fazendo pegar no ar. Uma pequena folha sem pauta arrancada de um bloco de notas, com anotações cheias de arabescos. Não... Não eram anotações, era quase como se fosse um aviso, e eu reconheço bem essa letra.
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O garoto do trem - Woosan
Fanfiction{Em andamento} O que era apenas um crush de transporte público, acabou transformando totalmente as vidas de San e Wooyoung. Dado o descobrimento de que ambos estavam interligados com as mortes de seus próprios pais, os dois estavam dispostos a inve...