A origem

545 63 50
                                    

1944 - Regime japonês na Coreia.

"宝物... 隠された宝... 自由..."

O velho resmungava palavras em japonês na tentativa de memorizá-las. Todos os coreanos foram proibidos de falar sua língua materna, nada além do japonês podia ser falado.

— Papai, minhas mãos estão doendo. — reclamou a garotinha com a enxada entre as mãos pequenas.

— Continue trabalhando, se eles nos pegarem, irão descobrir que você é uma menina. — ajeitou a boina na cabeça dela. — Me dê a enxada, descanse um pouco então, mas tem que ser rápido. — continuou, vendo a menina sentar-se sobre o trigo recém cortado.

Ao longe, pôde se ouvir o barulho do motor do PV444 exportado do general japonês. O velho camponês engoliu seco e imediatamente acenou para os outros trabalhadores. Era o toque de recolher. Os sapatos bem engraxados do general logo se puseram para fora do carro, causando tremor nos camponeses coreanos.

— Veio buscar mais trigo, senhor? — perguntou um deles.

— Não... Hoje vim buscar algo além. — olhou diretamente nos olhos do velho camponês. Houve um silêncio dos demais, nem vento havia para sacudir o dourado trigo naquele dia. — Eu quero esse daqui. — disse o general.

Os soldados agarraram o senhor e arrastaram-lhe para o caminhão que vinha logo atrás do carro do japonês. Nisso o caos tomou conta do campo e todos os trabalhadores passaram a correr, uns tentavam agarrar o mentor, outros se trancavam dentro das casas e dos grandes galpões.

Antes de subir no caminhão, o mentor viu seu velho amigo entre o mar dourado. Ambos apenas concordaram com a cabeça, um aviso de que uma revolução estava prestes a começar. Esse era só o início.

{Parte narrada pelo mentor camponês}

Fui empurrado para dentro de um caminhão, nele haviam outros homens, em sua maioria, aparentavam ser mais novos do que eu.

Em minha frente, um jovem de pele bronzeada me observava por baixo de seu chapéu, com certeza pensava que eu não havia notado.

[...]

As portas do automóvel se abriram, fazendo um alto som de metal enferrujado. Saímos um por um, rapidamente sob ordens dos militares.

Estávamos em fileiras, indo direto para salas isoladas, até que fui arrastado para fora da fila, olhei para frente, tentando descobrir quem também havia sido pego. Era o homem que estava no caminhão.

"Eles são os escolhidos, podem levá-los direto para os testes, pelo menos dois de cada sala."

Ouvi um homem de jaleco branco murmurar para o militar que me segurava.

Nós dois fomos arrastados para uma câmara, nela haviam muitas pessoas vestindo jalecos brancos, além de nós, mais catorze prisioneiros, ou como eles chamavam, "escolhidos".

"Está na hora de começarmos, todas as nações se prostrarão perante nossa ciência. O futuro começa hoje!" O doutor disse, e prontamente fomos presos nas macas postas no centro da enorme sala. Tentamos nos soltar, mas nada parecia funcionar.

"Vai doer só um pouquinho" concluiu o doutor, injetando algo no equipo de infusão, vi um líquido azul lentamente entrar no meu corpo e logo fui recebido por uma dor exorbitante. Aquilo me corroía pouco a pouco, quase abafando os gritos dos outros prisioneiros.

 Aquilo me corroía pouco a pouco, quase abafando os gritos dos outros prisioneiros

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O garoto do trem - Woosan Onde histórias criam vida. Descubra agora