Beijos sob o som da chuva

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A chuva continuava caindo com intensidade, o barulho das gotas se chocando sobre os telhados das casas e os trovões que sucediam-se dos raios podiam ser ouvidos do mais profundo interior da terra. Todavia, San ficava transtornado em dias de chuvas, lembrava-se do seu pai, e todo o seu passado voltava para o assombrar.

— Está chovendo muito, acho que você deveria ficar aqui por esta noite. — disse o ruivo enquanto olhava através do vidro da janela, observando as gotas passearem pelo mesmo.

— Não quero te incomodar, posso chamar um táxi. — disse o loiro, já pegando seu celular para ligar para alguém.

— Por favor... Fique. — San agarrou o braço do outro, sua mão estava gélida. Wooyoung podia notar facilmente seu transtorno, mas não precisou que o ruivo dissesse uma palavra, ele o entendia, eles se compreendiam.

A presença de Wooyoung era como uma dose de calmante para o ruivo, ele já não se importava tanto com o barulho da chuva, aos poucos, foram se acostumando com o retorno daquele friozinho na barriga pela sensação de estar com alguém que ama.

O loiro estava na cozinha, por mais que seja uma negação com as panelas, não deixou, de maneira alguma, o outro fazer esforço naquele estado que se encontrava. O mesmo ainda brigou com o outro por ele estar saindo tanto de casa mesmo com tantos ferimentos.

— Vou tomar um banho. — disse San.

— Precisa de ajuda? — disse o loiro na maior inocência, obviamente o ruivo não deixaria passar despercebido.

— Então você quer ver esse corpinho sensual aqui... — falou brincando entre risadas.

— Cala a boca! — o loiro ameaçou jogar uma frigideira na cabeça do outro, mas logo caíram em gargalhadas novamente. — se você precisar de ajuda, é só gritar. — continuou, agora em um tom sério.

— Tudo bem, senhor tarado. — respondeu, logo vendo o outro colocar a língua pra fora, como uma criança.

Enquanto a água caía cobre seu corpo, o Choi se perdia em devaneio, sentado em um banco embaixo do chuveiro, lembrando de tudo o que aconteceu até os dois chegarem até aqui. Ele riu ao lembrar de quando o anel rolou até seus pés, e do quanto o rosto do outro menino estava rubro naquele momento, tão vermelho quanto seu cabelo.

Ao sair do banheiro, já podia-se ouvir o barulho da água fervendo no fogão, e um loiro dizendo que seria ele quem faria o curativo no ombro do menino. Como o ruivo é totalmente jogado, ele nem ao menos negou uma única vez, já permitindo que o Wooyoung pegasse a caixa de primeiros socorros embaixo da pia do banheiro.

— Woo... — San o chamou baixinho, de tal modo envergonhado, ambos estavam sentados no sofá, estava sem camisa, enquanto tinha seus curativos sendo trocados. O loiro parecia ter prática com isso.

— O que foi? Apertei muito forte as ataduras? — lançou-lhe um olhar preocupado.

— Não é isso... É só que... Posso te fazer uma pergunta?

— Pode.

— Eu sou muito... Complicado?

— Por quê você está perguntando isso?

— Não é nada, é só que... Se há algo em mim que te incomoda, estou disposto a mudar por você. — disse encarando o chão.

— Olhe para mim, Choi San. — pronunciou seu nome sério, fazendo-o olhar em seus olhos. — Eu me apaixonei por esse San que eu conheço, e eu não quero que você mude por minha causa, eu quero que você continue sendo o mesmo homem que fez meu coração disparar desda primeira vez. Eu amo tudo em você, até os seus defeitos. — Wooyoung nunca falou tão sério em sua vida, seu rosto emburrado foi desfeito pelo sorriso que o outro deu, o acompanhando com outro que ia de orelha a orelha.

O garoto do trem - Woosan Onde histórias criam vida. Descubra agora