AMETISTA

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Ajustei a gola da minha camisa social de linho branca antes de entrar na sala do meu pai, me olhando no reflexo do vidro, na porta do escritório. Ajeitei meus cabelos loiros e também meus anéis. Não gostava de ir até a empresa, era um lugar bonito e chique, mas nunca tinha alguém para conversar. Ficar sozinho nunca foi meu forte. Meu pai estava sentado, em sua mesa, elegante, com um ator de dorama, roupa limpa e impecável, cabelos penteados para trás, unhas feitas, a mesa de madeira rústica toda organizada e na frente dele escrito PARK em uma placa com letras douradas. Era um narcisista, mas o melhor pai do mundo.

E sorriu quando me viu, um homem de aparência simples e elegante ao mesmo tempo.

— Ah, Jimin, meu filho – abaixou o jornal e o dobrou sobre o colo, sorrindo em todo o processo. – Vejo que está usando a camisa que eu te dei, ficou muito bonito

Passei a mão no cabelo, sorrindo. – Obrigado, pai... vim assim que me ligou, mas peguei um transito... – resmunguei e me sentei na cadeira de assento de couro, a sua frente. Adoro essas roupas, chiques, elegantes, de linho, bem passadas e cheirosas, se eu pudesse sempre as vestiria, e meu pai sabia disso, esse é o motivo de sempre receber camisas e mimos dele.

— Fico contente que tenha vindo, pelo menos... – checou o seu relógio no pulso e suspirou ao notar que eu realmente havia me atrasado. O que para ele não era novidade... – Eu preciso conversar com você sobre a faculdade, meu filho...

— Ah, sim, verdade – cruzei as pernas e encostei as costas na cadeira. – O senhor ficou de resolver onde eu ficaria no campus...

— Sim, e tive uma ideia genial, pois seu pai é um homem esperto – apontou para si, rindo, depois pegou seu iPad e pediu para que eu me aproximasse mais da mesa. Me inclinei para ver o que ele queria me mostrar antes que puxasse minha orelha, como de costume.

— Um hanok? – perguntei, confuso.

Por que eu deveria morar em uma casa tão tradicional? E era um enorme hanok, diga-se de passagem. Nunca havia visto um tão grande e tão bonito como aquele. Meu pai sorriu, orgulhoso da sua ideia, mas eu não entendi.

— Pai... precisa ser mais específico, sabe que eu sou lento...

Riu novamente e se ajeitou na cadeira.

— Filho, ser dono de uma grande imobiliária me fez ter uma visão da ancestralidade muito grande, sabe que eu zelo por casas tradicionais e costumes do nosso povo... ouvi dizer que as pessoas estão praticando um tipo de modernização nessas casas, esse hanok é muito bonito e muito moderno – começou a falar, de forma bonita – e eu descobri que essa casa estava sendo vendida por um valor baixo. Um comprador iria destruir o hanok para pôr uma farmácia no lugar, acredita?

Fiz uma careta ao ouvir. Era triste saber que muitas multimarcas estavam se alastrando pela cidade e destruindo nosso passado aos poucos. Mas a empresa Park fazia de tudo para evitar que a história fosse apagada, o que fazia eu ter muito orgulho do meu irmão mais novo ao ouvi-lo dizer que queria assumir os negócios quando mais velho. Também um alívio, pois depois que fiz o vestibular para música meu pai vivia preocupado pensando em quem assumiria a empresa.

— Então, comprei o lugar, é muito bonito e existem alguns jovens lá, usam a residência de república e cuidam de tudo de forma devida – sorriu, mexendo o iPad, agora fora do meu campo de visão.

— Mas... hanoks são estranhos, as pessoas quase não têm privacidade – murmurei. – Vou morar em uma casa que ninguém me conhece e ainda sem privacidade

— Esse é enorme, não conseguiu ver? Ele tem quatro divisões, três são dormitórios e aqui no outro lado do L fica a cozinha, que é bem generosa – explicou me mostrando a planta baixa do lugar, com orgulho. – E mais, tem um quintal gigante, jardins e até uma hortinha, olha que fofinha – novamente ergueu o aparelho para mim, com uma foto fofa, era um canteiro de plantas, com pequenos tomatinhos.

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