J I M I N
O verão do bairro universitário costuma ser quente, mas não tanto assim, minha camisa branca de linho fina não parece ser fresca o suficiente. Voltar da universidade a pé não foi uma opção, então, agora, estou dentro do táxi, observando meu reflexo no vidro, ajustando meus fios — hoje castanhos — e ansioso para chegar no hanok.
Com o passar dos meses, vi que meus amigos se sentem mais livres para serem quem são, mesmo que ainda tenhamos alguns merdas homofóbicos pelo campus, ninguém foi louco como Baekhyun. Nunca mais. Meu coração consegue bater confortável, assim como quando uso meu moletom favorito e minhas meias de lã.
Ou quando ele me abraça para dormir. Meu bebê. Jeongguk—ssi tornou—se um alicerce na minha vida, como uma estaca na fundação do hanok, eu preciso dele para me manter de pé em dias ruins, dias onde eu não consigo encontrar serenidade. Sereno como a noite que caiu rápido hoje.
Ele não veio a aula comigo dessa vez, Seokjin e eu pedimos para que ficasse em casa descansando, pois acordou com uma leve virose. Jeongguk vomitou tudo o que tomou de café da manhã em cima de Yoongi, causando um grande transtorno na manhã.
E agora eu estou indo para casa com uma sacolinha de chá e algumas vitaminas, para repor sua energia. Pobrezinho.
Ao descer, notei o portão de madeira aberto, destrancado, algo que Namjoon já havia brigado comigo umas cinco ou seis vezes, pois costumo me esquecer de fechar. Sendo assim, fiquei um pouco intrigado.
— Hoseok—ah? Jeongguk—ah? — exclamei alí mesmo no jardim, ouvindo meus pés baterem nas pedrinhas soltas. Recebi silêncio como resposta.
Talvez eu nunca me sinta confortável no silêncio de novo, não depois de tudo o que aconteceu conosco. Seokjin e Namjoon não estão em casa, pois os vi no campos agora pouco. Taehyung e Yoongi foram ao Museu Contemporâneo de Seul, devem voltar mais tarde. Então, sei que Hoseok e Jeongguk devem estar em casa.
Ao desamarrar os laços de minhas botinas pretas, o vento quente do verão balançou as árvores, trazendo consigo um cheiro um tanto familiar. Ainda encurvado, grunhi ao sentir um arrepio subir do meu dorso até minha nuca.
Nunca é um bom sinal.
— Jeongguk—ah?! — gritei com a cabeça para dentro do corredor escuro e nada.
Então não estão em casa mesmo, o que devo fazer? O celular podre de Jeongguk quebrou de vez faz uns dias, terei de ligar para Hoseok.
Voltei a amarrar minha botina, e rapidamente encontrei o número do meu amigo.
— Atende... atende... atende... — repeti sem perceber, batendo o pé na madeira desgasta do degrau.
O bafo movia meus cabelos, como os tomatinhos do pé de Hoseok.
— Jimin-ie? — sua voz parecia calma, apesar dele falar alto. — Está tudo bem? O que aconteceu?
— Aish, que demora da porra para me atender — soltei nervoso e ele riu do outro lado.
— Wow, calma... eu vim até o mercado, estamos sem arroz. Precisa de alguma coisa? Você não costuma ligar, só manda mensagem
Alisei meu rosto, sentindo a pele ainda quente. O arrepio não vai embora, mesmo ouvindo sua voz. Então, entrei em casa mesmo calçado, olhando quarto por quarto enquanto penso em respondê—lo.
— Pode me trazer alguns camarões? Eles também acabaram... — murmurei ao chegar na porta de nosso quarto.
Vazio.
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A CASA ROUXINOL | jikook
ParanormalCONCLUÍDA #JiminAmetista Park Jimin é um jovem calouro descobrindo suas habilidades como médium. Jeon Jeongguk tem seus sonhos perturbados depois de ter encontrado um antigo morador da casa morto no atelier. A casa Nightingale é um enorme hanok no f...