(José)
Nunca imaginei ver Thaís tão frágil. Ela passou a noite desabafando, contando sobre o câncer do seu pai e sobre toda a barra que estava passando. Me senti impotente em vê-la dessa forma e não poder ajudá-la. Há coisas que o dinheiro não compra.
- Bom dia! - Falei ao vê-la acordar. Depois de muito choro, Thaís dormiu em meus braços. Passei a noite em claro, ninando-a feito criança. Só quando amanheceu que me levantei para preparar seu café. De volta ao quarto, continuei velando seu sono.
- Bom dia. - Respondeu esfregando os olhos.
- Preparei seu café. - Falei indicando uma bandeja com suco de laranja, pão de queijo e bolo de chocolate.
- Você comprou meu café. - Constatou com um sorriso no rosto.
- O suco foi eu que fiz. - Me defendi.
- Obrigada. - Agradeceu sincera; tomamos café juntos. De repente, me lembrei de que tomar café na cama costumava a ser rotineiro com Emilly. Eu não pensava mais em minha esposa como antigamente. Isso era péssimo, mas ultimamente eu só pensava em Thaís. Eu não a amava, mas estava acontecendo o que julguei ser impossível: eu estava me apaixonando.
A necessidade de tê-la a todo instante. O frio na barriga quando fui buscá-la. A perca de sentidos ao inalar seu perfume. O beijo que afagava minha alma.
Isso tudo não se encaixa com a palavra tesão.
- Gael já acordou? - Perguntou se espreguiçando.
- Não... Ainda temos tempo. - Respondi.
- Tempo?
- Sim.
- Tempo de que?
- Disso. - Falei puxando a pela cintura a fim de roubar-lhe um beijo. Thaís logo se acomodou no meu colo e diferente da noite passada, onde eu a dominava, ela assumiu o controle.
- Você está insaciável, José. - Disse entre o beijo.
- Você me deixou assim...
- Te transformei num tarado?! - Indagou dando risada.
- Não. - Puxei seu queixo de modo que nossos olhares se encontrassem. - Me fez ficar maluco por você. - Falei sério. Seu riso cessou, cedendo lugar para um sorriso.
- Cuidado, hein. - Advertiu.
- Com o que?
- Se apaixonar por mim. - Deu de ombros ainda sorrindo.
- E por que eu me apaixonaria por você? - Perguntei sério.
- Porque além de divertida eu sou goxxxtosa. - Respondeu risonha. - Não te culpo... - Deu de ombros. - Eu sou mesmo muito apaixonante.
- Engraçadinha. - Falei beliscando a ponta do seu nariz.
- É brincadeira, relaxa. Eu sei que você ainda é apaixonado por sua ex mulher. - Disse num tom mais sério, mas sem deixar de sorrir; Meneei a cabeça negativamente e após uma troca de olhares rápida, voltei a beijá-la.
- Preciso te sentir... - Supliquei, colocando para o lado sua calcinha. Thaís vestia uma camiseta minha como pijama, o que a deixou ainda mais sexy.
- Me sinta. - Sem tirá-la do meu colo, abaixei minha cueca suficientemente para penetrá-la. Thaís suspirou ao me sentir e tão logo voltou a tomar o controle, rebolando em cima de mim. Seus gemidos roucos ecoavam o quarto conforme eu a auxiliava e investia lentamente. Foi uma foda diferente. Era como se o mundo estivesse acabando e tivéssemos optado por passar nossos últimos segundos conectados um ao outro.
(...)
Não era dia da minha consulta, mas Glória abriu um espaço em sua agenda e conseguiu um encaixe para mim. Eu estava confuso e precisava entender a confusão que havia se tornado minha vida.
- Paixão é um sentimento efêmero, José. Você pode se apaixonar várias vezes em um só dia por pessoas e coisas diferentes. Ela é compulsiva, exigente e apressada. Ao mesmo tempo que envolve, também sufoca. - Glória explicava. - Ao que parece, você está sim apaixonado por essa menina. Isso é bom, mas também é ruim.
- Como assim? - Perguntei confuso.
- É bom porque enfim você está se libertando do seu relacionamento antigo. Ruim porque essa menina foi a primeira e única que você ficou depois de tanto tempo e o que é ainda pior, depois de um trauma... Isso pode fazer com que você deposite todas as suas fichas nesse relacionamento, sem ser exatamente isso o que você quer.
- Cacete... - Falei irritado. - Você só está me deixando ainda mais confuso.
- Você já tentou ficar com outras garotas? Permita-se conhecer novas pessoas, José. Te garanto que assim você vai descobrir o que de fato sente por essa menina.
...
Segui o conselho de Glória e não procurei Thaís naquela semana. No sábado deixei Gael com minha mãe e acompanhei Richard em uma casa de show. A noite era de funk e o local open bar. Segundo meu amigo, local propício para eu me redescobrir.
Já na entrada tomamos dois shots de tequila. Uma mulher loira passou por nós e piscou para mim. Sorri de lado, não muito a vontade. Eu não estava a fim de flertar com ninguém. Não que eu sentisse culpa por estar "traindo" Emilly. Talvez eu estivesse mesmo superando nossa história. O problema é que na verdade, eu não queria estar ali.
- Você é foda, José. - Richard disse jogando o braço em meu ombro. - Mesmo com essa cara de velório, um monte de menina olha e sorri pra você.
- Estão sorrindo pra você também. - Deu de ombros.
- Para de ser chato. Vem! - Chamou dando um tapinha em minhas costas. Fomos para o bar e Richard tratou logo de chegar em duas amigas.
- Olá meninos. - Uma das meninas falou e eu reconheci ser a loira que havia sorrido para mim na entrada. Sua amiga tinha os cabelos tingidos por um vermelho vivo.
- Olá. - Eu e Richard falamos juntos.
- Me chamo Cinthia. - A loira disse. - E essa é minha amiga Minerva.
- Muito prazer! Eu sou o Richard e o cara de bunda aqui se chama José Alexandre.
- Gosto de nomes compostos. - Cinthia respondeu.
- Obrigado. - Agradeci; Eu queria sair dali, mas não sabia como. Foi quando de longe a reconheci. Thaís usava um vestido branco, contrastando com seu bronzeado. Ela estava sentada em uma mesa com outras duas garotas e três rapazes. - Richard, já volto.
- Mas o que... - Não escutei o resto da sua fala. Caminhei até Thaís, parando em sua frente.
- José! - Disse animada e se levantou para me cumprimentar. Passei o braço em sua cintura e a abracei com vontade.
- Tá cheirosa. - Falei rente ao seu ouvido.
- Olha quem fala. - Piscou. - Esses são meus amigos. - Disse se soltando. - Melissa, Carol, Igor, Caio e Renan.
Renan.
Claro.
- Olá. - Falei acenando para todos.
- Senta aí com a gente, cara. - Igor, eu acho, chamou. Pensei em recusar, mas acabei me juntando a eles.
- Posso chamar meus amigos? - Perguntei para Thaís.
- Claro. - Respondeu com um sorriso; liguei para Richard e informei onde eu estava. Após xingar até minha última geração, ele concordou em me encontrar.
- Pensei que você não gostasse de sair. - Thaís alfinetou.
- Richard me convenceu. - Ela nem imaginava ser o motivo da minha saída. - Por falar nele... - Meu amigo se juntou a nós, acompanhado de Cinthia e Minerva.
Conversa vai, bebida vem. Os amigos da Thaís, com exceção do Renan, eram todos legais. Assim como Cinthia e Minerva. Estava sendo algo gostoso até que, em meio a uma batida de funk, Thaís se levantou, indo dançar com Renan.
O beijo entre eles não demorou a vir.
...
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Uma babá exemplar
RomanceJosé Alexandre Aguiar e Emilly Magaoa se conheceram no primeiro ano do ensino médio, quando José mudou de Americana para São Paulo. O caminho até a escola, as atividades extracurriculares e o círculo de amigos, facilitou para que ambos se apaixonass...