(José)
Acordei com o alarme do despertador. Thaís dormia com os braços envoltos em minha cintura. Com cuidado para não acordá-la, ajeitei-a na cama e me levantei. Logo Gael estaria de volta e eu precisava recebê-lo. O navio estava parado em Ilhéus e lá ficaríamos até o dia 23, quando partiríamos para o porto do Rio de Janeiro.
Tomei banho e quando saí do banheiro, ela já não estava mais na cama. Suspirei fundo, receoso pelo o que nos aguardava. Eu não queria complicar as coisas, mas era de se esperar que no mínimo enfrentaríamos uma conversa pra lá de constrangedora.
***
– Thaís? – Chamei, batendo na porta do quarto.
– Está aberta. – Girei a maçaneta e me inclinei para frente, a fim de mostrar-lhe Gael, que eu segurava no colo.
– Olha quem chegou. – Falei; Gael deu risada e Thaís juntou-se a ele, o que me fez sorrir.
– Hey, garotão! – Ela falou, pegando-o de mim. – Se divertiu muito? – Ela entrou com ele para dentro do quarto e ao chegar à cama, o colocou sobre o colchão, fazendo-lhe cócegas.
– Estamos em Ilhéus. O que acha de tomarmos café aqui no navio e depois conhecermos a cidade? – Perguntei, observando-os da porta.
– Por mim tudo bem.
Thaís preparou uma mala com tudo que Gael precisaria. Ao sairmos do navio, fomos abordados por duas garotas uniformizadas com blusa de uma cooperativa de turismo. Elas nos perguntaram se tínhamos algum passeio em mente, e como não, decidimos pegar a van com elas até a Casa de Jorge Amado.
Conhecemos o Museu, a Catedral de São Sebastião, o Cabaré Bataclan e o Bar Vesúvio, onde almoçamos; na parte da tarde, fomos até as plantações de cacau e às fazendas. Como ficaríamos dois dias na cidade, optamos por conhecer a praia de Itacaré e a dos Milionários no dia seguinte. Encerramos a noite no Boteco Sushi, um restaurante de comida japonesa.
– Vou logo dar o banho dele. – Thaís anunciou quando voltamos para a cabine. – Olha como ele está cansado... Vai dormir a noite toda.
– Sim... Amanhã o dia será longo. – Falei. – Se tudo der certo, Gael terá seu primeiro banho de mar.
Esperei ela colocar Gael para dormir e a chamei para conversar. Comecei falando que as coisas não precisariam ficar estranhas entre nós - e não haviam ficado -, pois fora apenas um sexo casual. Thaís concordou, rindo da situação. Ela pediu para eu não me “emocionar”, afinal, éramos os dois solteiros e não havíamos o que temer.
– Pra falar a verdade, achei que você iria surtar. – Ela disse ainda rindo.
– Surtar?
– Sim. – Deu de ombros. – Eu não sabia qual seria sua reação... Fiquei com medo de você surtar e me demitir.
– Acho que sei o que se passou pela sua cabeça. – Falei. – Me senti culpado pelo beijo, tanto que fugi. Mas hoje acordei sem culpa... Estava há tanto tempo sem transar que acabei me sentindo revigorado.
– Fico feliz!
– Você gostou?
– Que pergunta mais clichê, José. – Ela disse levemente ruborizada; era uma das coisas que eu gostava nela. Apesar de ser porra louca, Thaís se envergonhava facilmente.
– Gostou? – Insisti.
– Sim.
– Então vem cá. – Pedi, puxando-a pela cintura. Ela sentou-se em meu colo e eu a beijei. Meus lábios desceram em forma de beijos e chupões até seu pescoço, arrancando-lhe suspiros. Deitei-a sobre o sofá e afastei suas pernas, me colocando entre elas após abaixar sua calça. – Gostosa... – Sussurrei, olhando em seus olhos, ao tocar em sua intimidade, sentindo-a molhada. – Quer que eu te chupe? – Ela assentiu, mordiscando seu lábio inferior. – Diz... – Pedi em forma de súplica.
– Me chupa, José. – Sorri satisfeito, afastando sua calcinha para o lado. Inclinei-me para frente, levando minha boca até sua boceta, onde passei a língua na região dos pequenos lábios até chegar em seu clitóris, onde passei a brincar com ele, enquanto introduzia um dedo em sua entrada.
Thaís permitiu-se gemer baixinho, o que me deixou ainda mais extasiado. Fiz-la gozar e sem esperar sua recuperação, abaixei minha calça e a fodi com força, ficando ainda mais satisfeito ao ver seus olhos revirarem por diversas vezes.
– Preciso comprar camisinhas. – Falei, caindo exausto ao seu lado. Eu havia feito o coito, gozando no chão.
– Eu tomo remédio... – Ela disse se levantando.
Esperei-a tomar banho e fui tomar o meu. Quando saí do banheiro, Thaís já havia voltado para o quarto. Pensei em chamá-la para dormir comigo, mas Gael não podia dormir sozinho; Passei e repassei o dia que tivemos em minha mente e antes de pregar os olhos, me peguei sorrindo, feliz por Thaís ter entrado em nossas vidas.
Fui acordado no dia seguinte por Gael, que pulava em cima de mim, trajando uma sunga do homem-aranha. Ele sorria, batendo com suas mãozinhas em meu peito, dizendo “paia”. Dei risada, imaginando o que Thaís teria lhe dito, afinal, como ele poderia estar tão animado para ir à praia, se ele nem ao menos sabia o que isso significava?
– Calma, garoto. – Deitei-o ao meu lado, fazendo-lhe cócegas. Thaís nos observava, escorada na porta que dava acesso a varanda. – Ainda está cedo.
– Paia, papai, paia! – Gael insistiu em meio à sua risada. Parei com a cócega e o puxei para cima do meu colo.
– Você disse papai? – Perguntei meio bobo, ainda não acreditando no que eu acabara de ouvir. Talvez ele tivesse apenas dito “paia” e minha cabeça fez com que eu fantasiasse.
– Papai! – Repetiu esboçando um lindo sorriso, o que me fizera sorrir também.
– Ah, garoto! – Falei, puxando-o para um abraço. Gael envolveu seus braços em meu pescoço e seus lábios tocaram minha bochecha, selando-a; Lágrimas rolaram por minha face, indicando que eu não podia conter a emoção. Era a primeira vez que tínhamos um contato tão intimo... A primeira vez que eu permiti que meu filho se aproximasse de mim. – Eu te amo, Gael. – Declarei, retribuindo o beijo no topo de sua cabeça. – Papai te ama muito.
***
Uma das praias mais movimentadas de Ilhéus, a praia dos Milionários ganhou o nome em função das mansões dos barões do café que existiam nesse trecho da orla. É uma praia com uma extensa faixa de areia dourada e fina, sem aquele amontoado de mesas no qual você só é bem vindo se estiver consumindo; além é claro, do mar maravilhoso onde a profundidade é pequena e aumenta suavemente sem sustos.
Era a primeira vez do Gael na praia. De inicio, ele ficou um pouco assustado, mas foi só colocar os pés na areia que ele começou a se divertir. Thaís e eu o ensinamos a montar casas e castelos, entretanto, sua alegria mesmo foi brincar de se atolar. Ele tomou água de coco, fez amizades e adorou o mar.
Foi um dia e tanto. Se a viagem acabasse ali, tenho a certeza de que iríamos felizes para casa.
– Parabéns! – Thaís disse, entregando-me um papel dobrado.
– O que é isso? – Perguntei intrigado, abrindo o papel. Nele havia o desenho de um troféu e uma legenda escrita “melhor pai bobão do ano”. – Como é besta. – Desdenhei. Ela deu risada e foi para o banho.
Era certo que eu não era o melhor pai. Contudo, eu merecia ganhar sim o troféu de pai bobão.
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Uma babá exemplar
RomanceJosé Alexandre Aguiar e Emilly Magaoa se conheceram no primeiro ano do ensino médio, quando José mudou de Americana para São Paulo. O caminho até a escola, as atividades extracurriculares e o círculo de amigos, facilitou para que ambos se apaixonass...