VI

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Era sábado, dia da minha folga. Eu havia combinado com minha mãe de ajudá-la na faxina da casa e a noite eu sairia com alguns colegas. Nós iríamos a um pub Irlandês, localizado no Tatuapé. Eu ansiava pela resenha, pois Renan havia perdido uma aposta comigo e devido a isso, iria bancar todas as bebidas que eu fosse consumir. Entretanto, alegria de pobre dura pouco. A casa estava arrumada, minha mãe não enchia o saco e eu já me arrumava para sair, quando meu celular começou a tocar insistentemente.

Era José.

– Pois não? – Atendi a ligação sem demonstrar um pingo de paciência.

– Thaís? – Perguntou num tom de voz preocupado. – Desculpe estar te ligando no dia da sua folga, mas é o Gael...

– O que tem o Gael? – Perguntei apreensiva.

– Ele está passando mal... E... Eu não sou um bom pai, Thaís. Não sei o que fazer!

– Calma... Me diz o que ele está sentindo. – Minhas mãos começaram a suar de nervoso, mas eu tinha que transparecer estar calma, pois eu precisava que ele também estivesse calmo para assim me passar às informações corretas.

– Ele está vomitando muito... Digo, você conhece o Gael, sabe que ele não dá trabalho para comer. Tentei alimentá-lo o dia todo, mas foi em vão. Entendi que ele estivesse com algum mal estar, então não insisti. – José explicava, atropelando as palavras. – Mas agora à tarde, ele começou a gorfar... Já vomitou três vezes e agora acho que está com febre.

– O melhor a se fazer é levá-lo ao pronto socorro...

– Eu sei! – Me cortou. – Mas eu não sou um bom pai, Thaís. Estou com medo... Você pode nos acompanhar? Por favor? – Era nítido o desespero em sua voz.

– Já era pra você ter me ligado, José. – O repreendi, aflita. – Acabei de sair do banho, vou colocar uma roupa e passo aí.

– Não! Me fala seu endereço que eu passo aí pra te buscar. – Respirei fundo, ponderando a situação.

– Ok... Te envio uma mensagem. – Avisei, desligando a chamada.

Olhei para imagem refletida no espelho e encolhi os ombros com pesar. Meu cabelo estava solto, com encantadoras ondas que eu acabara de fazer com o modelador de cachos. Em meu rosto havia pouca maquiagem, mas o batom vermelho destacava meus lábios. Pensei em tomar outro banho, para retirar a maquiagem e não parecer tão ousada, mas isso levaria tempo. Enviei a mensagem para José e fui atrás de uma calça jeans e uma blusa básica. Após me trocar, liguei para Renan, contando-lhe o ocorrido. Ele disse que não era minha obrigação acompanhar José e que se eu estava tão preocupada com Gael, eu deveria ligar para sua avó e pedir que ela o acompanhasse até o hospital. Sei que não era minha obrigação, mas só de saber que meu menino havia vomitado, me deixou bastante preocupada. Eu precisava vê-lo e assegurá-lo que logo tudo ficaria bem.

(...)

(José)

Chegando ao pronto socorro, Thaís levou Gael para a triagem enquanto eu abria sua ficha. Normalmente, deveríamos pegar uma senha e aguardar com os demais que ali estavam, mas Gael estava com febre e a enfermeira pediu que ele passasse na frente, junto com uma menininha que também estava com os mesmos sintomas que ele. Terminada a triagem, fomos direcionados para a ala infantil, onde ficamos até a pediatra chamar pelo meu filho. Ela o examinou clinicamente e solicitou um exame de sangue. Gael foi encaminhado para a sala de medicação, onde o colocaram no soro. Thaís ficou na sala com ele, enquanto eu esperava no corredor.

***

– Alguma novidade? – Perguntei para Thaís quando a vi sair da sala.

– Sim... – Assentiu. – O resultado do exame saiu e a pediatra veio falar comigo. Ele só está com uma virose... Ela solicitou que ele passe a noite aqui, para ficar em observação. Vão transferi-lo para um quarto agora.

Uma babá exemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora