Sob as Estrelas ☆ೃ

O2.



❁ೃ Narração 🅒hris
• Toronto, Canadá|Rosedale

Ouvi o apito da torradeira, avisando que o meu café da manhã estava pronto. Deixei o café de lado e fui até o balcão, pegando um prato para colocar as torradas.

Preparar minhas refeições era algo normal desde que me mudei para Toronto há dois anos.

Me formei em The Curtis Institute of Music, na Filadélfia, onde morei com os meus pais até um ano depois da faculdade.

Foi difícil dizer para minha mãe que estava prestes a me mudar, mas era necessário.
Eu precisava respirar novos ares.

Aquela cidade me lembrava ela e isso me dava pavor.

Eu sei, é totalmente hilário um homem de 28 anos não conseguir controlar suas próprias emoções. Só que Toronto sempre pareceu ser o meu lugar. Ela só estava me esperando. Liguei a televisão, me sentando em uma das cadeiras que facilitava minha visão para a sala.

Eu sabia que essa casa era exagerada para um homem sozinho. Três quartos, uma sala — tamanho família — e um jardim que dava para três crianças correrem livremente. Eu só tinha um filho e ele adorava se sentir dono do quintal, não sobrando espaço para qualquer outra pessoa que entrasse no território dele.

Nas férias de inverno, quando meus pais e minha irmã me visitam, essa casa realmente se torna a de uma família, e talvez o maior motivo para que eu tenha comprado foi pensar que eles pudessem querer se mudar para cá.

Ou quem sabe, ter a minha própria família algum dia.

Só que eu ainda não me achava bom o suficiente para isso, porque a única vez que pensei em casar, tudo deu completamente errado.

Pulei levemente da cadeira quando a porta que levava ao jardim, abriu furiosamente.
Meu filho era assustador às vezes.

— Chip! — repreendi quando ele trombou na mesa de centro, e tentei ao máximo não rir quando ele meteu as patas na minha perna e começou a cheirar tudo o que fosse possível em cima do meu prato. — Você precisa se controlar, sabe que seu café da manhã está na tigela. — Chip tombou a cabeça para o lado, com certeza me achando maluco por falar com ele.

Eu não tinha culpa se minha melhor companhia era o meu cachorro. Ele e mais quatro filhotes estavam sendo doados em uma casa de ração. Chip era o único que estava de bunda para cima, tentando de todas as maneiras se levantar.

Igual eu há um ano: perdido e tentando se levantar da fossa a qualquer custo. Nossa conexão foi forte desde esse momento. Sabia que estávamos na mesma.

— Eu sei que você gosta de torradas. — ele soltou um grunhido, como se concordasse. — Mas eu te acostumei errado e agora sua veterinária disse que só posso te dar ração. — Chip mostrou os dentes para mim.
Ele detestava a veterinária.

— Ordens são ordens, meu amigo. — passei a mão pelo seu pelo, deixando um beijo na sua cabeça antes de me levantar.

Chip cruzou o meio das minhas pernas antes de sair da cozinha e quase me derrubou. Neguei com a cabeça, ele estava crescendo demais.

— Eu deveria ter pegado o chihuahua mesmo! — Chip latiu alto na sala quando gritei. Tinha certeza que estava me mandando calar a boca.