Morgana sempre teve a certeza de que conseguiria passar por coisas ruins, mesmo que precisasse deixar a tristeza tomar conta do seu ser por algum tempo.
Só que perder a floricultura? Aquela que sua mãe se esforçou tanto para conseguir e cuidar com t...
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❁ೃ Narração 🅒hris • Toronto, Canadá| Rosedale
Encostei no sofá, sentindo Chip se aninhar entre as minhas pernas.
Fazia quatro dias que eu e Morgana não conversávamos. Só que parecia um ano. Ou mais. Ela até me cumprimentava, porém fazia de tudo para me evitar.
Era impossível esquecer o que eu escondia, e mais ainda que uma hora ou outra eu precisava contar.
E faria isso assim que chegasse de viagem.
Tinha certeza que Pietra podia me ajudar nisso. Passei as mãos no rosto, tentando não pensar na morena. Daqui há poucos minutos eu iria sair para buscar minha irmã na Flórida, tinha uma longa viagem na mente e precisava arrumar as coisas do meu cachorro.
Deixei um pouco de ração para o Chip e também organizei a parte do jardim para que ele ficasse. Não queria chegar e ter minhas coisas reviradas.
Peguei o celular, escrevendo várias vezes uma mensagem para Morgana. Bufei. Era melhor não. Quando eu chegasse, me resolver com ela seria a primeira coisa que faria.
— Vamos, Christopher. — falei sozinho, colocando a jaqueta e saindo de casa. O tempo não estava prometendo um bom clima em Toronto, e eu tinha medo de chegar na Flórida com aqueles furações que acontecem durante essa época.
Paguei para guardarem o meu carro no estacionamento e entrei no aeroporto de Toronto.
O vôo não era muito demorado, e estava indo mais para ver a minha família também. Ficaria um dia com eles e nós voltaríamos no dia seguinte.
• Flórida, Estados Unidos| São Petersburgo
Senti o calor impactante quando pisei no aeroporto, tirando a jaqueta rapidamente e enfiando entre as alças da pequena mochila. Pietra e minha mãe disseram que estariam aqui antes de eu voltar, na lanchonete com painel verde. Sorri de lado quando vi as duas devorando um lanche.
— Nem me esperaram? — cutuquei Sarah por trás, ouvindo um gritinho agudo e braços me rodeando por todos os lados. Em questão de segundos duas mulheres estavam me agarrando, e eu só conseguia pensar como ficava longe delas por tanto tempo.
— Que saudade, filho. — os olhos da minha mãe já estavam lacrimejados quando ela apertou minha bochecha. Pietra se debruçou contra meu ombro, como se pudesse me prender ali por um tempo.
Ficamos mais de uma hora ali, contando sobre tudo o que estava acontecendo. Minha irmã, mesmo com o olhar triste carregava um sorriso no rosto. Minha mãe, junto com a filha, compartilhava da tristeza e também da felicidade em me ver.
O caminho até a minha antiga casa foi feito rapidamente. Era engraçado como não me sentia mais pertencente aquele lugar. Como tudo parecia estranho. E eu? Um mero turista.
As crianças tiveram a mesma reação quando me viram, e foi impossível fugir delas por algum tempo.
— O que estão preparando de bom? — apoiei as mãos no cotovelo, sentado na mesa.
