Morgana sempre teve a certeza de que conseguiria passar por coisas ruins, mesmo que precisasse deixar a tristeza tomar conta do seu ser por algum tempo.
Só que perder a floricultura? Aquela que sua mãe se esforçou tanto para conseguir e cuidar com t...
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❁ೃ Narração ℳorgana • Toronto, Canadá| The York School
Coloquei o cabelo atrás da orelha, organizando os livros na estante. Os alunos deixaram todos jogados de qualquer jeito ontem, e eu sabia que eles apareceriam hoje, sabendo que todos os livros, magicamente, voltariam para o lugar.
Bufei, socando um livro de história no lugar dele.
Ouvi passos pesados vindo da porta, mas não fiz questão de virar. Eu até poderia cogitar que fosse Chistopher, mas seus passos eram como uma pluma de pena. Se fosse a diretora Suzy, saltos pontiagudos iriam estar atacando o piso da biblioteca. Então só restava uma pessoa que estaria aqui essa hora...
— Bom dia, srta. Morgana.
Beau Tashes.
— Bom dia. — me virei na pequena escada, onde estava praticamente pendurada, voltando minha atenção para os livros.
Eu estava chateada com Christopher. Chateada comigo e não queria vê-lo até resolver a bagunça dos meus sentimentos. Mas estava ainda mais nervosa por Suzy ter arrumado um professor nessa altura do campeonato. Eu gostava das aulas do Chris, de como ele resolvia as dinâmicas e ainda mais de ficar perto dele.
— Quer alguma ajuda ou...?
— Não. — disse rapidamente. — Obrigada, daqui a pouco termino aqui.
Beau olhou para a pilha de livros jogadas no canto da biblioteca. Ok, talvez daqui a um poucão.
— Eu queria sua ajuda em uma dinâmica, será que...
— Ah! — me controlei para não bater na própria testa. — É claro. — desci os poucos degraus, tentando não me sentir uma ameba perto daquele homem gigante.
Nós andamos até uma das mesas e Tashes me explicou a matéria de hoje. Ele era um bom professor, isso eu tinha que admitir. A leveza das suas palavras e o sorriso ao contar qual era o intuito da dinâmica me fez lembrar de Chistopher.
Suspirei. Chris tinha um coração bom, uma alma leve e conseguiu me fazer ter dias mágicos igual aos meus livros. E mesmo assim, eu surtei.
Como ele iria querer ter algo com alguém assim?
Mordi o lábio inferior quando meus olhos ficaram molhados. Uma das coisas que eu mais detestava era chorar por qualquer briga ou discussão. E odiava mais ainda me sentir culpada por tudo o que acontecia a minha volta.
Mas eu não sabia não ser assim. Não sabia me olhar no espelho e me agradar com a minha pele limpa. Como confiar que alguém gostaria de mim?
Era impossivel não querer me desculpar, mesmo quando a culpa não foi completamente minha.
Duas coisas que rodeavam a minha mente. Duas coisas que eu queria mudar e não conseguia.
— Morgana? Está tudo bem? — pisquei algumas vezes quando Beau tocou minha mão, voltando para a realidade.
— Sim! Está. — afastei minha mão automaticamente. — Só achei bonito o intuito da dinâmica, estou um pouco emotiva nos últimos dias. — menti de cara lavada, torcendo para que Beau acreditasse em mim.
Ele abriu um sorriso sedutor, ajeitando a coluna. Só por esse movimento, eu sabia que ele acreditou nas minhas palavras.
A maioria dos homens se achavam o máximo quando você os elogiava, indiretamente ou não. Sempre foi um grande defeito de todos eles. O ego.
Christopher não parecia ser assim... Não Morgana. Pare de pensar nele, apenas por um segundo. Você precisa disso.
— Vamos arrumar as coisas então? — Beau disse e eu assenti, querendo assumir qualquer responsabilidade que ocupasse minha mente.
❁ೃ Narração 🅒hris • Toronto, Canadá| The York School
Tentei focar na aluna a minha frente, ela estava tocando as notas perfeitamente, mas minha atenção voltava para a sala da biblioteca, onde risadas e mais risadas estridentes ecoavam.
O cara era bom.
Isso era bem óbvio. Não podia deixar o ciúmes consumir a parte profissional da minha mente. E Beau Tashes era um bom professor. Ele fez os alunos do 1°D rirem na primeira dinâmica! Aquelas crianças assustadas e quietas.
Era horrível saber que Morgana estava lá, junto com ele. Eu não era do tipo ciumento, mas era impossível não ficar nessa situação.
Estamos desentendidos e não sei como ela reage com um cara feito Beau Tashes por perto.
Mas Morg disse que estava gostando de mim. Precisava me apegar nisso pra conquistá-la de volta.
— O que achou, professor? — cocei a cabeça quando a aluna perguntou.
— Pode tocar a última parte novamente? — ela assentiu contente, se voltando para a partitura e começando a tocar. Foco Christopher.
•••
Apaguei a luz da sala quando sai, meu estômago estava roncando e minha cabeça ainda pesada por ontem a noite. Victor foi em casa, e o fato dele ter repreendido minha atitude fez tudo ficar pior. Não que eu não concordasse com ele, mas era o Victor. O cara mais descontraído possível.
Eu realmente havia feito merda, e como se não fosse pouco, sentado em cima.
Cruzei a porta, trancando a respiração por alguns segundos quando vi que Morgana fazia o mesmo no fundo do corredor.
Ela olhou para mim, com certeza pensando em como cavar um buraco e sair dali rapidamente. Mas fez a única alternativa possível: continuar andando em direção as escadas.
— Christopher... — ela me cumprimentou ao passar por mim.
— Morg... — engoli em seco, eu precisava dizer mais alguma coisa. Não podia deixar passá-la sem fazer sequer um esforço. — Podemos conversar? — disse quando seus pés já estavam prontos para descer as escadas.
— Eu não acho que...
— Por favor. Isso está acabando comigo, Morgana. — engoli em seco.
Parecia um fraco, um burro, porém era assim que eu me senti, e tinha que conversar com ela.
— Hoje a noite. — entreabri a boca. — Hoje a noite vou na sua casa. — Morgana disse, descendo as escadas logo depois, ou melhor, correndo.
BOM DIAAAA CIDADÕES! Sei que me tornei uma escritora fantasma, mas estou aqui pra me redimir com vocês, meus servos 🤪❤ Enfim, chega de ladainha. Como estão nessa quarentena? Se cuidem!
