Morgana sempre teve a certeza de que conseguiria passar por coisas ruins, mesmo que precisasse deixar a tristeza tomar conta do seu ser por algum tempo.
Só que perder a floricultura? Aquela que sua mãe se esforçou tanto para conseguir e cuidar com t...
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❁ೃ Narração ℳorgana • Toronto, Canadá| Liberty Village
Cinco horas de sono foi o quanto dormi na noite passada, e era esse o motivo das minhas olheiras estarem maiores hoje.
Eu estava acabada, e tudo isso por querer encontrar um emprego logo.
Mandar um currículo para a The York School me deixava aflita. Se eu não fosse contratada para cuidar da biblioteca de uma escola, que outro lugar me contrataria?
Soltei o ar, molhando meu rosto e tentando ficar mais calma.
Benjamin administrava as finanças de um restaurante cinco estrelas da cidade, e essa era a maior renda de casa. Meu pai trabalhava no comércio, e só lucrava bem quando batia as metas propostas para aquele mês.
E eu? Eu estava aqui, de braços cruzados e sem poder ajudar minha família. Quando trabalhava na floricultura, conseguia trazer em média quinhentos dólares e de alguma forma isso me deixava melhor.
— Você vai ficar se olhando no espelho por quanto tempo? — dei um pulo, colocando a mão no coração ao ouvir a voz da Hope.
Ela estava encostada no batente da porta, com os braços cruzados e um sorriso sapeca no rosto.
Toquei o queixo com a mão, fingindo pensar.
— Não sei, talvez até você me arrastar para o café da manhã. — ela não demorou para estender a mão, segurando o meu braço e me tirando do banheiro.
— Hoje é o melhor dia da semana. — sorri quando Hope começou a falar. Eu adorava vê-la animada.
— Por que? — perguntei quando chegamos na cozinha.
Meu pai estava de costas, preparando o café da manhã e cantando sua trilha sonora matinal.
— Porque tenho aula de piano. — dei um sorriso de lado.
Baltazar se virou, me olhando por cima do óculos. Eu sabia muito bem o que papai queria dizer com aquele olhar.
Tocar piano era a minha vida. A vida de antigamente, quero dizer. Lembro que se pudesse, passaria o dia todo tocando. Só que isso parou de acontecer quando Margô faleceu.
Pisquei os olhos, voltando a prestar em Hope.
— E como está sendo suas aulas? — meu pai colocou um dos pratos na frente da pequena, deixando um beijo na sua cabeça e fazendo o mesmo comigo logo depois.
