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❁ೃ Narração ℳorgana• Toronto, Canadá| Liberty Village

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❁ೃ Narração ℳorgana
• Toronto, Canadá| Liberty Village

Arrumei o cachecol vermelho em volta do pescoço, vendo o contraste que fazia com o meu vestido preto.

Eu ainda não estava acreditando que iria para um concerto, depois de quase seis anos sem pisar os pés naquele lugar. Toronto era um grande palco para esses espetáculos e Christopher não se opôs em pegar os melhores lugares para eu e meu pai.

Nesse meio tempo, Chris e eu não nos desgrudávamos. Eu ia mais dias na sua casa do que antes, as vezes tocávamos, outras preferimos sair ou assistir um filme com Chip grudado em nós dois.

— Como você está linda. — meu pai disse quando saí do quarto. Ele estava mais animado do que eu, e olha que a agitação dentro de mim era gritante.

— Você também ficou lindo nesse smoking. — passei a mão pelo tecido, lembrando da última vez que Bernardo o usou. Foi com a minha mãe.

— Vamos então? Eu levo vocês. — parecia surreal, mas a família toda estava alegre por eu e meu pai estarmos indo ver um concerto. Era meio que uma tradição, algo que ele sempre fez questão de me levar. Margô gostava de ir, mas de vez em quando dizia que era um programa de pai e filha. Sempre achei bobeira ela dizer isso. Mas hoje vejo como é importante para meu pai ter algo nosso.

— Muito legal o seu… o Christopher ter dado os ingressos. — Benjamin disse meio encabulado, olhando no retrovisor do carro enquanto dirigia. Meu irmão jurava já ter ouvido o nome do Chris em algum lugar, mas não se lembrava onde. Com certeza Hope disse alguma vez.

— Também achei. — murmurei, olhando para a minha sobrinha no bebê conforto.

Meu irmão ainda estava se acostumando com a ideia, mas eu sabia que ele estava feliz por mim.

Benjamin avisou que iria nos buscar no final do concerto e foi embora com Hope. Dei a mão para o meu pai. Seu olhar estava brilhante e eu sabia que ele estava feliz. Eu também estava.

Se aconchegamos na primeira fileira, da onde o espetáculo ficava com uma vista muito mais grandiosa. Eu nunca tinha sentado tão perto assim. Era o lugar mais caro e por isso nunca havia pedido para os meus pais. Quando as cores explodiram, anunciando o começo do concerto, foi como se minha alma voltasse para dentro de mim. Como se estivesse perdida em um lugar e só agora, ouvindo as pessoas tocarem e cantarem as melhores músicas clássicas, voltasse para mim.

Olhei para o meu pai. Ele estava do mesmo jeito que eu há alguns segundos atrás. Bernardo nunca mais veio em um concerto sem mim. E por parte, me sentia triste por ter privado ele de momentos maravilhosos como esse.

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