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❁ೃ Narração 🅒hris
• Flórida, Estados Unidos | São Pestersburgo

Passei as mãos pelo rosto, o cansaço de horas batendo no meu corpo, mas eu não conseguia dormir.  Morgana soltava suspiros pequenos, aconchegada nos cobertores.

Desde que saímos do restaurante, uma tensão se instaurou entre nós. Ela estava com os olhos inchados e vermelhos, mas mesmo eu implorando para que ela dissesse algo, nada saiu de sua boca.

Ela chegou em casa, tomou banho e se deitou, dizendo que precisava dormir.

A olhei mais uma vez, desistindo de tentar entender o que aconteceu e me virando para dormir. Amanhã nós iríamos conversar.
•••
Abri os olhos, tateando o colchão. Vazio.

Mas a surpresa do dia não foi essa.

— Como assim? — perguntei a Pietra. Morgana não estava em casa, nem Benjamin. E tudo aparentava dizer que eles estavam a caminho do aeroporto.

— Benjamin não me disse direito. — ela suspirou. — Mas a Morgana não parecia muito bem.

Bati a mão na mesa, completamente irritado. Morgana estava estranha desde ontem quando saiu do banheiro. E ela demorou tanto lá dentro...

Meu coração se apertava a cada minuto. Precisava saber o que estava acontecendo. Por que ela queria ir embora? Por que ficou estranha de repente?

Depois de mais de uma hora, eles atravessaram a porta outra vez.

— Morgana, o que está acontecendo? — Pietra puxou o meu braço, em vão, quando fui até ela.

Ela estava encolhida atrás do irmão, os olhos ainda inchados. Não parecia a mesma mulher de ontem a noite quando saímos de casa. Nem a mulher que sempre estava do meu lado. Morgana carregava um olhar triste e visivelmente estava acanhada.

— Chris... Nós vamos embora. — Benjamin colocou a mão na nossa frente. Como se pudesse me impedir de fazer algo.

Senti meu sangue ferver. Eu precisava saber o que estava acontecendo!

— Morgana precisamos conversar! Nós somos namorados e se algo aconteceu eu tenho o direito de saber.

Silêncio.

— Não quero. — ela torceu uma mão na outra. — Com licença vou arrumar minhas coisas.

Dei um passo quando ela começou a ir para o quarto, sendo impedido por Benjamin.

— Cara, por favor, é melhor não. — ele segurou meus ombros.

Respirei fundo outra vez.

— Eu preciso saber o que aconteceu. — disse entre os dentes.

— Quando ela estiver pronta para contar, ela vai dizer. — neguei com a cabeça.

Não demorou para ela sair do quarto. Meus pais estavam confusos, mas se despediram normalmente dela. Pietra também estava nervosa e as coisas entre ela e o Benjamin pareciam estar esquisitas.

Olhei para Morgana, esperando que ela viesse até mim. Mas isso não aconteceu.

Ela passou pela porta sem se despedir.

❁ೃ Narração ℳorgana
• Flórida, Estados Unidos | São Pestersburgo

Olhei pela janela do avião. O vôo estava programado para uma hora e meia depois que compramos as passagens.

Eu contei tudo para Benjamin, e sei pelos olhos dele o que ele esperava de mim. Nós estávamos desesperados com a ideia de perder Hope. Ela era tudo para nós.

No momento ela brincava com o meu pai, enquanto o avião voltava para Toronto. Bernardo tentou entreter ela durante todo o caminho até o aeroporto, mas ouviu a conversa toda.

Não tive tempo para ouvir o que meu pai tinha a dizer, e ele apenas nos acompanhou em tudo.

Quando estivéssemos em casa tudo seria mais fácil. Eu poderia pensar e conversar com eles sem me preocupar que alguém fosse ouvir.

E além disso, a minha decisão já tinha sido tomada. Eu precisava terminar com o Chris.

Passei a mão pelo rosto molhado. O motivo era péssimo, mas o único que seria definitivo e afastaria Chris de mim.

Senti uma mão pequena me tocar e fazer carinho. Virei para o lado e Hope me olhava fixamente.

— Te amo, titia. — e assim, meu primeiro sorriso do dia aconteceu.

— E então, o que vai fazer? — fechei os olhos com força quando meu pai perguntou.

Perto da minha família eu não precisava fingir, então me permiti chorar quando contei tudo detalhadamente ao meu pai, . Eu sabia o quanto ele estava irritado e nervoso com tudo isso, e como Benjamin queria caçar Hayley até no inferno se fosse preciso.

— Vou terminar. — minha voz estava trêmula. — Já arrumei uma desculpa.

— Você tem certeza? — eu e Benjamin olhamos rapidamente para o meu pai. Ele realmente fez essa pergunta? — Pode ter outra saída.

— Não! E se perdermos a Hope? — meu irmão soltou rapidamente.

— E se não perdermos a Hope? Essa mulher a abandonou quando ela ainda precisava de leite. Deve haver uma solução.

Entreabri a boca.

— Calma, Benjamin. Precisamos pensar, conversar com um advogado. — juntei as mãos, torcendo para que fosse verdade..

Não posso criar esperanças, não posso criar esperanças...

— Mas até lá — meu pai me olhou. — se quiser manter o seu plano... Tenho certeza que amanhã mesmo Chris estará aqui.

— Eu vou ligar para alguns contatos amanhã mesmo. — meu irmão bufou, olhando para Hope. — Não podemos deixar... Não podemos.

— Eu sei, eu sei! — me levantei, abraçando meu irmão de lado. — E não vamos. Eu prometo.

Sob as Estrelas ☆ೃOnde histórias criam vida. Descubra agora