Morgana sempre teve a certeza de que conseguiria passar por coisas ruins, mesmo que precisasse deixar a tristeza tomar conta do seu ser por algum tempo.
Só que perder a floricultura? Aquela que sua mãe se esforçou tanto para conseguir e cuidar com t...
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❁ೃ Narração 🅒hris • Toronto, Canadá|Rosedale
Fazia mais de uma hora que eu estava me remexendo na cama, ouvindo o som da chuva e com os pensamentos na morena instalada no outro quarto. Morgana não saía da minha cabeça e eu estava ficando incomodado com isso. Era ótimo pensar nela, e isso estava me matando!
Descobri que adorava vê-la tocando, ainda mais quando suas emoções a tomavam e sua alma falava mais alto. Eu adorava quando ela deixava os cabelos soltos e foi uma das primeiras coisas que reparei quando chegou na minha casa hoje. Adorava a forma como ela amava e protegia a sobrinha, e o amor que tinha por cada pedacinho da antiga floricultura.
Engoli em seco. Esse era um dos problemas que invadiam minha mente. Me sentia mal de omitir que era o comprador do lugar que, por anos, foi parte da sua vida. Mas é óbvio que Morgana se afastaria de mim se eu contasse, e eu não queria isso. Droga! Eu realmente não queria.
Suspirei, cobrindo a cabeça com o travesseiro. Morgana era demais para mim e estava quase impossível não querer me envolver com ela. Mas sei que quando der o primeiro passo não posso voltar atrás. Se eu pelo menos tivesse um sinal do que deveria fazer...
Podia estar enganado, porém seus olhos me diziam muito bem que ela estava sentindo a mesma coisa que eu. Sua inquietude ao meu lado e as bochechas coradas eram detalhes que não passavam despercebidos por mim.
Morgana era uma mulher para se ter algo sério. E não merecia alguém tão quebrado como eu.
•••
Abri os olhos, franzindo o cenho quando ouvi um barulho no andar debaixo. Levantei da cama, desistindo de achar uma blusa e abri a porta. O relógio apontava 4:00h e minha visão ficou turva quando saí do quarto. Era quase impossível alguém entrar aqui, por isso tinha certeza de que encontraria uma das duas visitas no andar debaixo.
A porta do jardim estava aberta, o que era totalmente estranho. A chuva lá fora não estava tão fraca comparado a hora que fui dormir e a brisa estava bem gelada quando saí no jardim.
— Calma, Chip! Vou te tirar daqui. — juntei as sobrancelhas, andando rapidamente ao ouvir a voz da Morgana. A cena foi o mais inusitada possível. Chip estava enroscado num buraco, enquanto Morgana tentava desesperadamente tirá-lo de lá.
— Uou. — foi a única coisa que consegui dizer, andando as pressas até os dois.
Senti as gotas de chuva molhar as minhas costas. Durante o tempo em que Morgana segurava a parte de trás do Chip, eu desenroscava sua pata do buraco.
