Xxxx Vamos conversar: Gente eu sempre deixo claro nas minhas sinopses mas pra quem não sabe, essa fanfic é uma ADAPTAÇÃO. O que significa: NÃO sou a autora original, e ressalto SEMPRE isso, gosto da fic, achei no tumblr, pensei: porque não uma versão Brumilla?! Se for pra ficar gente me acusando e enchendo o saco me avisa, que eu não posto mais pronto! Ou denúncia, serve também, agora não me atazanem por uma coisa que SEMPRE DEIXO CLARO! Boa fic, Enjoy xxxxX
Ludmilla Pov
- Com licença, professora. – eu falei, interrompendo a explicação da Gonçalves ao abrir a porta do laboratório. Ela apenas parou de falar e me olhou de cima a baixo, com uma cara de desprezo, erguendo uma sobrancelha.
- Como eu estava dizendo, o relatório de hoje deverá ser entregue na próxima aula, porque a última parte dele deverá ser entregue em forma de pesquisa. – ela continuou, um pouco irritada. Nem preciso dizer que o Duarte ficou me medindo desde que eu fechei a porta do laboratório até quando eu me sentei num dos bancos. Tadinho, ele pensa que aquela cachorra dá a mínima pra ele. Tenho pena desses pobres meninos iludidos.
A professora Gonçalves logo terminou de explicar, sem dirigir um olhar sequer na minha direção, e foi se sentar em sua cadeira. Geralmente ela colocava os pés sobre a mesa e ficava de braços cruzados, apenas nos observando com seu risinho debochado, mas hoje ela parecia preocupada com alguma coisa. Ela não deixou de se sentar daquele seu jeito folgado, mas sua expressão estava fechada e o olhar perdido vagamente entre os alunos. Não que eu estivesse reparando nela nem nada, eu só notei esse comportamento estranho porque passei metade da aula sonhando acordada com tudo que tinha acontecido entre eu e a srta. Ferreira e, consequentemente, acabava observando as pessoas ao meu redor mais do que de costume. Meu coração ainda estava acelerado e minhas pernas estavam bambas só de lembrar dela me levantando do chão e me abraçando tão apertado.
Durante mais uma de minhas viagens pelo interior do meu cérebro, me peguei observando a professora Gonçalves. Meus olhos viajavam pelo seu rosto, analisando cada detalhe, até que ela retribuiu meu olhar de um jeito incomodado, como se tivesse notado que eu a observava há algum tempo. Arregalei meus olhos, surpresa comigo mesma, e continuei copiando o relatório da lousa evitando ao máximo aproximar meu olhar dela. Por que toda vez que ela me olhava agora, eu sentia um calafrio? Assim que ela me olhou de volta, me lembrei do beijo no elevador, e do quão tenso foi aquele último olhar. Talvez fosse medo de que ela pudesse me atacar de novo a qualquer momento ou algo do tipo.
A aula rapidamente acabou, e como eu tinha chegado um pouco mais tarde ao laboratório, estava igualmente atrasada na cópia da lousa em relação ao resto da classe. Resumindo, enquanto todos iam embora, eu ainda estava copiando o relatório, com as mãos trêmulas. Experimenta beijar sua professora linda, maravilhosa e inalcançável e depois copiar uma folha inteira de lição pra você entender o que eu passei.
Quando todos já tinham saído, vi de rabo de olho que a professora Gonçalves me encarava. Tentei me apressar, mas tudo que consegui foi pular uma palavra e ser obrigada a passar corretivo na folha. Enquanto eu soprava o líquido pra que ele secasse logo, pude ouvi-la bufar e se levantar, caminhando lentamente até a janela e observando o exterior do prédio com a testa franzida. E foi aí que eu percebi que meu sopro ficou mais fraco quando meus olhos sem querer se fixaram na bunda dela. O que estava acontecendo comigo? Por que esquentou de repente?
- Perdeu alguma coisa, Oliveira? – ouvi a voz dela reclamar, e rapidamente ergui meu olhar até encontrar seu rosto, ainda virado pra janela. Com a maior cara de ânus, abri a boca várias vezes na tentativa de dizer algo, mas como nada saiu, apenas voltei a copiar. Ela soltou um risinho debochado e começou a balançar a cabeça negativamente. - Num dia ela enfia uma caneta no meu braço, no outro ela fica secando a minha bunda. – ela disse, e eu voltei a copiar pra não deixá-la ver minha cara roxa de vergonha. - Afinal de contas, o que você quer?
A srta. Gonçalves virou seu rosto na minha direção, e me encarou de um jeito impaciente. Eu soube bem o que dizer, apesar de ter sido pega de surpresa por ela ter tocado no assunto tão repentinamente.
- O que eu quero? Engraçado, a senhora só menciona as partes que lhe convêm. Por que não mencionou também o dia em que me agarrou dentro do elevador contra a minha vontade? – respondi, frisando bem a última parte e olhando-a com raiva.
- Não diga como se eu fosse a vilã da história, se não tivesse gostado teria dado um jeito de me afastar. – ela riu, vitoriosa, cruzando os braços e exibindo uma pequena cicatriz circular onde eu a havia machucado. Sem um pingo de pena, revirei os olhos e comecei a copiar a última questão, doida pra sair dali e quem sabe encontrar a srta. Ferreira na saída.
- Eu não vou discutir um absurdo desses. – retruquei, possessa. – Se a senhora prefere achar que me ganhou com aquele abuso, não vou destruir seus sonhos.
- Quem tá sonhando aqui é você, garota. – ela falou, parecendo ainda mais brava (o que só me deixou mais satisfeita). – Se tá achando que eu vou ficar correndo atrás de você, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Eu já consegui o que queria, agora é só te jogar fora e investir em outra.
Terminei de escrever a última palavra do relatório quando ela acabou de falar, e ergui meu olhar da folha pra ela. Com a frase perfeita pronta e na ponta da língua, apenas guardei minhas coisas e fui até ela, parando bem à sua frente. Sem mudar de expressão, ela me encarava avidamente, com um misto de raiva e algo mais brilhando em seus olhos. Dei mais um passo a frente, ficando perigosamente perto dela, e quando faltava apenas um centímetro pra que nossos lábios se encostassem, percebi que seus olhos não o obedeciam mais e fitavam meus lábios com um desejo imenso.
- Ótimo. – sussurrei, sorrindo perversamente – Me jogar fora e investir em outra é um favor que você me faz.-
O olhar confuso da professora Oliveira se ergueu até encontrar o meu, e sem dizer mais nada, me afastei dela e saí do laboratório, ainda mais feliz do que tinha entrado.
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- Por que você demorou tanto pra sair da escola ontem? – Marcos perguntou, batendo o pé junto com a bateria da música enquanto ouvíamos música no volume máximo do meu iPod.
- Cheguei atrasada na aula da Oliveira e não consegui terminar de copiar o relatório antes do sinal tocar. – respondi, disfarçando um sorriso maligno. – Você sabe que eu tenho problemas pra decifrar a caligrafia dos professores.
Estávamos sentados no chão do pátio do colégio, de frente pra porta por onde entraríamos logo e começaríamos mais um dia de aula. Faltavam apenas dez minutos pra que o sinal tocasse e as portas das classes fossem abertas, mas ainda assim a escola estava praticamente deserta.
Olhei na direção da rua, refletindo sobre o dia anterior enquanto Marcos falava alguma coisa sobre a prova de química. Como duas pessoas podiam influenciar tanto meu humor de formas tão diferentes? Primeiro a srta. Ferreira, toda carinhosa, perfeita e maravilhosa. Depois, a srta. Gonçalves, totalmente idiota, ridícula e frouxa. E o mais curioso de tudo, elas eram amigas! Essa vai pra minha lista de mistérios da humanidade que eu adoraria desvendar.
Enquanto observava os poucos carros que passavam em frente à escola, um suéter verde musgo ambulante chamou minha atenção. Ergui meu olhar na direção do rosto da pessoa que caminhava escola adentro, e me deparei com um par de olhos castanhos me olhando. Sorri de leve, doida pra agarrá-la ali mesmo como sempre. Aquela blusa verde era um clássico no guarda-roupa dela, todas as vezes que eu a via usando aquele suéter, era tentação na certa. Deus, eu realmente amava cada detalhe naquela mulher.
- Bom dia, meninas. – a srta. Ferreira sorriu ao passar por nós, carregando mil pastas cheias de papéis e uma mochila que provavelmente continha mais pastas iguais às outras. Tenho certeza de que Marcos não notou nada de especial naquele sorriso, mas eu o vi de um jeito totalmente diferente.
- Bom dia, professora. – respondemos, em uníssono, o que só fez aquele sorriso aumentar. A srta. Ferreira continuou a andar normalmente em direção à sala dos professores, e eu a segui com o olhar disfarçadamente. Oi, como você consegue ser tão gostosa aos 30 anos de idade? Não posso esquecer de perguntar isso a ela um dia.
- Você tem razão. – Marcos disse, e eu mais que depressa parei de secar a srta. Ferreira para olhá-lo. Fiz cara de pastel de vento e ele completou a frase. – Ela é linda demais.
Não deu pra não rir daquele comentário, ainda mais com os recentes acontecimentos.
- Pois é, meu caro. – suspirei, assentindo devagar. – Ela é simplesmente perfeita.
Marcos também suspirou e começou a observar a rua vagamente. Sem vergonha, logo voltei a encarar a srta. Ferreira, que havia parado em frente à sala dos professores pra conversar com uma coisa morena, alta e magra que atendia pelo nome de Giovana Lopes. Eu ainda acertava minhas contas com aquela lambisgóia um dia, pode apostar.
- Segura a emoção aí, Lud. – ouvi Marcos rir disfarçadamente, abaixando seu olhar pra disfarçar ainda mais o riso. – Sua alma gêmea tá chegando.
Franzi a testa, sem entender, e me virei na direção da saída do colégio. Dei de cara com a professora Gonçalves chegando, com a maior cara de sono e os cabelos despenteados de um jeito proposital e atraente demais, pro meu desgosto.
- Não sei por que eu fui olhar, eu já devia saber que era ela. – resmunguei, revirando os olhos e olhando rapidamente pra porta da sala dos professores, agora sem ninguém ao seu redor. Beleza, a srta. Ferreira e a srta. Lopes já deviam estar no banheiro mais próximo dando sua rapidinha matinal. E eu ali, perdendo meu tempo observando o contorno dos seios da srta. Gonçalves, realçados pela blusa pólo azul marinho que ela usava.
Espera aí. Credo, que nojo! Por que eu agora estava com a péssima mania de ficar observando os detalhes daquela vaca? Tudo bem que eu adoro peitos (não só peitos, mas isso não vem ao caso), mas ficar olhando os da Gonçalves já era desespero demais! Nota mental: evitar encarar qualquer parte do corpo daquela exu.
- Nem bom dia ela dá. – Marcos comentou, medindo-a de cima a baixo quando ela já tinha passado por nós. – Dá pra entender totalmente por que você a odeia tanto.
- Eu odiá-la tanto tá beleza, agora ela me odiar também é péssimo pra minha nota. – bufei, fazendo uma careta. – Mas eu não ligo, prefiro ir mal a ter qualquer tipo de simpatia com essa crápula.
- Fala, Gonçalves. – ouvi uma voz conhecida dizer, e vi a srta. Ferreira surgir do nada com a srta. Lopes.
- Oi, Pepa. – a srta. Gonçalves resmungou, parecendo indisposta. Provavelmente tinha dado para algum aluno do primeiro ano e como ele não devia saber nem beijar, não foi bom e ela ficou de mau humor. Idiota, quem ela pensava que era pra chamá-la de Pepa? Ela não merecia aquela intimidade toda!
- Não esqueceu o vôlei com o terceiro ano depois da aula, né? – Pepa (se a Gonçalves podia, eu também podia) perguntou, como se já previsse a careta que a amiga fez.
- Totalmente. – ela respondeu, batendo com a palma da mão na própria testa. – Se bem que eu não ia jogar de qualquer jeito, não dormi nada essa noite.
As duas entraram na sala dos professores rindo, e não deu pra ouvir mais nada. O sinal tocou, e logo eu e Marcos subimos, ainda comentando sobre o belo físico da professora Ferreira. Bem que eu quis contar tudo pra ele, mas fiquei com medo e achei melhor as coisas se firmarem um pouco mais. Por mim, eu casava com ela sem pensar duas vezes, mas eu acho que uma proposta de casamento seria um pouco assustadora pra ela.
As duas primeiras aulas se arrastaram lentamente, sem muitas novidades. Dei graças a Deus quando a professora de física saiu da classe. Aulas duplas me entediavam demais, fato. Nosso professor de história logo chegou e como era dia de prova, já foi entregando as avaliações para os alunos. Beleza, só questões de múltipla escolha, ia ser fácil. O legal do sr. Turner era que ele facilitava as coisas no primeiro bimestre e ia dificultando conforme o tempo passava, nos dando a oportunidade de já passarmos de ano sem precisarmos estudar muito a parte mais difícil da matéria. Afinal, quem em sã consciência leva os estudos a sério no quarto bimestre se já fechou no terceiro? É, até que o sr. Turner era legalzinho, se não usasse tantas palavras difíceis e transpirasse menos.
Em menos de dez minutos eu terminei a prova, com a certeza de que tinha ido bem. Todo mundo ia bem nas provas dele, porque ele praticamente colocava as respostas no enunciado da pergunta. Sem a mínima vontade de ficar sentada por mais de meia hora naquela classe, pedi pra ir ao banheiro, pra ver se o tempo passava mais rápido, e o professor apenas assentiu pra mim, atento aos alunos do fundo que não se cansavam de pedir e passar cola. Bando de burros, francamente.
Caminhei lentamente pelo corredor na direção do banheiro, soltando um bocejo e me espreguiçando preguiçosamente. Passei pela classe de Marcos, que estava com a porta fechada, e pela classe ao lado da dele, que estava aberta, mas vazia.
- Ei, Oliveira. – ouvi alguém sussurrar assim que entrei no banheiro, e coloquei a cabeça pra fora pra ver quem era. Uma coisa verde e sexy parada na porta do banheiro, sorria pra mim, fazendo meu coração acelerar. Mulheres como a srta. Ferreira não podiam aparecer assim de repente, era beleza demais pra se assimilar tão depressa.
- Oi, professora. – sorri de volta, tentando parecer menos promíscua do que eu realmente era quando a mulher em questão era ela.
- Tem um minutinho? – Pepa murmurou, com um sorriso perfeito no rosto. Ela devia entrar no Guinness book como o sorriso mais charmoso do mundo, dica. Assenti, olhando pros lados pra ver se alguém estava vindo, mas o corredor estava realmente deserto.
Pepa me puxou pela mão até a sala vazia, e fechou a porta atrás de nós. Quando ela se virou pra mim e me encarou, tudo que eu pensava em dizer simplesmente sumiu. Eu sempre ficava meio retardada quando ela me olhava, ainda mais agora que seu olhar parecia muito mais íntimo do que das outras vezes.
- Eu te chamei aqui porque queria conversar sobre ontem. – ela falou, se aproximando com as mãos nos bolsos da calça jeans justa e uma expressão misteriosa. – Mas eu mudei de idéia.-
Me assustei com o que ela disse. Mudou de idéia? O que ela quis dizer com aquilo? Eu beijava tão mal pra fazê-la desistir de mim em um dia?
- C-como assim? – gaguejei, numa tentativa desesperada de disfarçar meu pânico. Totalmente em vão, claro, meu pavor tava na cara.
A srta. Ferreira não disse nada, apenas continuou se aproximando cada vez mais. Quando ela já estava bastante próxima, envolveu meu rosto com suas mãos, e parou com o corpo bem pertinho do meu. Se ela não estivesse segurando meu rosto, acho que teria desmaiado assim que seu perfume encheu meus pulmões.
- Eu descobri que te beijar é muito melhor que qualquer conversa. – ela murmurou, abrindo um sorriso lindo, e tudo que tive tempo de fazer foi também sorrir, aliviada, antes de sentir seus lábios nos meus. Deslizei minhas mãos pelos ombros dela, gravando cada toque na minha memória pra jamais esquecer, e a abracei pelo pescoço, puxando-a pra mais perto. Pepa embrenhou uma mão em meus cabelos e escorregou a outra até meu quadril, fazendo qualquer espaço que ainda houvesse entre nós sumir. Nossas línguas se acariciavam numa sintonia perfeita, como se já fôssemos íntimas há muito tempo, fazendo meu corpo inteiro formigar.
Aquele sem dúvida foi o melhor beijo da minha vida, com a mulher mais perfeita do mundo. Ela conseguia ser firme e delicada ao mesmo tempo, me segurando perto dela e me provocando sensações novas com o mais sutil dos toques, como nunca ninguém havia conseguido. Fomos intensificando cada vez mais o beijo a cada segundo, até meus lábios ficarem dormentes e meu fôlego acabar. Mesmo ofegante, continuei beijando-a com a mesma avidez, sem querer desgrudar dela nunca mais.
Pepa me abraçou pela cintura e me levantou do chão. Acho que ela fazia isso porque eu era relativamente baixinha perto dela, e quando ela me levantava as coisas ficavam mais fáceis pro seu lado. Sem pensar direito, envolvi sua cintura com minhas pernas, e ela pareceu gostar da ideia. Cambaleando um pouco enquanto eu bagunçava seu cabelo, ela me sentou sobre a mesa onde os professores colocavam seu material, me fazendo ficar da sua altura.
Tirei minhas pernas de sua cintura, mas logo senti suas mãos apertarem minhas coxas num pedido mudo pra que eu as colocasse de volta. Fiz o que ela pediu, ficando perigosamente sem ar, mas sem ligar pra uma besteira como oxigênio numa hora daquelas. Pepa segurava minha cintura com força, me prensando contra seu tronco sem ousar romper o beijo. Acho que todo aquele desejo reprimido durante três anos estava se revelando ali, e não era só da minha parte.
Sem conseguir mais resistir, passei discretamente minhas mãos por debaixo da barra de seu suéter, tocando a pele quente de sua barriga. Seus músculos se contraíam a cada toque, assim como os meus reagiram aos toques dela em meus quadris por debaixo do uniforme. Como se procurasse fôlego naquele beijo, ela me puxou pra mais perto ainda, e eu fiz o mesmo com minhas pernas, sentindo um calor entre elas.
Senti as mãos de Pepa descerem um pouco, alcançando os bolsos de trás da minha calça jeans. Nem liguei, afinal quem tinha começado com a mão boba fui eu. Mas assim que ela fez menção de colocar as mãos por dentro dos bolsos, Pepa partiu o beijo e ficou me olhando com os olhos levemente arregalados, num misto de surpresa e medo. Ficamos alguns segundos em silêncio, paralisadas, enquanto eu apenas a observava, totalmente confusa.
- Eu acho melhor a gente ir com calma. – ela balbuciou, parecendo um pouco desconcertada. – Alguém pode nos pegar aqui, e...
Pepa desistiu de continuar falando, com o olhar fixo no meu. Minha vontade foi de dizer que ela podia fazer o que quisesse comigo, mas ao invés disso, eu apenas falei, com um sorriso compreensivo:
- Tudo bem, professora.
Ela suspirou, olhando pro lado como se estivesse em dúvida. Logo voltou a me olhar, mordendo discretamente seu lábio inferior, que estava bem vermelho, e disse:
- É que eu nunca fiz isso antes, sabe... Nunca me envolvi tanto assim com uma aluna, tenho medo de ir rápido demais e acabar te assustando... Entende?
Enquanto falava, Pepa fazia carinho em meu rosto e observava cada detalhe dela com insegurança no olhar. Sem reação diante daquele jeito cuidadoso, apenas assenti devagar, com um sorriso besta no rosto. Ela afastou uma mecha de cabelo que estava sobre meu olho e sorriu de volta, mais aliviada.
- E agora? – falei, arrumando timidamente o cabelo dela que estava todo bagunçado e fazendo-a fechar os olhos com o carinho.
- Não faço a menor ideia. – ela respondeu, sorrindo de um jeitinho gostoso e lentamente abrindo os olhos. – A única coisa que eu sei é que quero você.
Fiz uma cara involuntária de perplexidade após aquela declaração. Preciso dizer que eu também queria demais aquela mulher? Acho que eu nunca quis tanto alguém como eu a queria, sem mudar nada em sua personalidade e em seu jeito de ser. Naquele momento eu percebi que realmente amava Fernanda Ferreira, e que seria capaz de acordar todos os dias ao lado dela, ouvi-la rir de qualquer coisa idiota que eu dissesse, observá-la enquanto ela estivesse distraída vendo TV ou lendo algum livro, beijá-la e abraçá-la a qualquer momento... Resumindo, eu queria aquele mulher só pra mim, pra sempre, não importava se aquilo era errado. Abri um sorriso encantado, com o olhar fixo no dela, e aproximei nossos rostos devagar até alcançar sua boca e beijá-la calmamente.
- Não dá pra acreditar nisso tudo, sabia? – murmurei, partindo o beijo e unindo nossas testas. – Nunca pensei que um dia eu estaria beijando a senhora...
- Me chame de 'você', pelo amor de Deus. – ela interrompeu, erguendo as sobrancelhas. – Chega desse 'senhora', me sinto uma vovó quando você me chama assim.
- Nunca pensei que um dia eu estaria beijando você. – repeti, frisando a última palavra. – E te ouvindo dizer coisas assim pra mim.
- Eu tentei ignorar esse meu interesse por você, eu juro que tentei. – Pepa falou, acariciando minha cintura enquanto eu brincava com a gola de seu suéter. – Mas ontem eu não aguentei mais me segurar, não sei o que me deu... Tava tudo escuro, e você totalmente sozinha lá atrás... Eu detesto te ver sozinha na classe, já falei isso.
- Não liga pra essas coisas, eu não faço questão de ser amiga de ninguém daquela classe. – sorri, ao ver que ela estava ficando meio brava. Pepa entortou a boca e me olhou, cedendo logo depois e sorrindo comigo.
- Falando em classe, acho que te roubei de alguma aula. – ela lembrou, fazendo uma careta sapeca. – Não é melhor você voltar?
- Infelizmente, é. – suspirei, triste. – O Turner deve estar estranhando minha demora no banheiro.
- É só falar que comeu waffles no café da manhã. – ela riu, e eu franzi a testa, sem entender. – Ele sempre tem dor de barriga quando come waffles, vai se identificar com o seu sofrimento.
- Bom saber. – gargalhei, e ela logo me calou com um beijo caloroso.
- Amanhã eu dou um jeito pra gente se ver. – Pepa avisou, me abraçando pela cintura e me colocando no chão. – Vai lá, pequena.
Dei um sorriso fofo pra ela, e sem conseguir resistir, puxei-a de novo pra outro beijo. Pepa não reclamou, pelo contrário, pareceu gostar da surpresa. Eu não queria me afastar dos braços daquela mulher nunca mais. Era tudo muito lindo pra ser verdade e eu não queria acordar daquele sonho de jeito nenhum.
- Até amanhã então. – murmurei, quando partimos o beijo, e saí da sala sorrateiramente, deixando-a com um sorriso de orelha a orelha em seu rosto. E no meu também, claro.Quando voltei pra sala de aula, todo mundo já tinha acabado a prova, e se amontoava sobre a mesa do professor pra vê-lo corrigir as avaliações. Sem um pingo de interesse em minha nota naquele momento e feliz por conseguir entrar na sala sem ser notada, apenas me sentei em minha carteira, com o olhar perdido na lousa vazia. Eu ainda conseguia sentir o perfume dela ao meu redor, como se estivesse impregnado em mim. Seria difícil acalmar meu coração e não pensar naqueles olhos castanhos, naqueles lábios maravilhosos, naquele corpo divino... Não tinha como não pensar nela.
O sinal logo tocou, anunciando o intervalo, e eu me esforcei pra não sorrir demais enquanto conversava com Marcos e descia as escadas rumo ao pátio. Não só pra não dar muita bandeira, mas também porque Pepa estava a poucos metros da gente, descendo lentamente as escadas e conversando animadamente com um inspetor. Eu e Marcos acabamos encontrando uma brecha logo à frente, e aceleramos a descida, passando bem perto dela. Meu ombro acabou relando em seu braço sem querer (tá, nem tão sem querer assim), e ela se virou pra pedir desculpas pelo esbarrão. Assim que nossos olhares se encontraram, abri um sorriso tímido, enquanto ela apenas disfarçou, e continuamos andando cada uma pro seu canto, como se fôssemos apenas professora e aluna.
- Hoje eu tenho aula com ela e você nã-ão! – Marcos murmurou, rindo assim que nos afastamos dela. – Chupa essa manga, meu bem.
- Tudo bem, minha aula com ela ainda vai chegar. – sorri, me controlando pra não desembuchar tudo. - Pena que a aula da Gonçalves venha logo depois da dela.
- Também te amo, Oliveira. – ouvi uma voz feminina dizer bem atrás de mim, e logo vi minha querida professora de biologia laboratório passar ao meu lado, com um sorrisinho sedutor. Um calafrio percorreu minha espinha ao ouvir sua voz tão perto de mim do nada, arrepiando meus cabelos da nuca. Tudo que consegui foi fazer uma cara de tacho e continuar andando, tentando ignorar a presença daquela troglodita.
- Legal, agora ela vai ficar achando que a gente só sabe falar de professores, especialmente dela. – Marcos resmungou, coberta de razão. Do jeito que a Gonçalves era, já devia estar se sentindo a rainha da cocada preta.
- Não ligo pro que ela acha ou deixa de achar. – falei, revirando os olhos com uma certa frustração por ela ter ouvido meu comentário. – Ela é uma idiota mesmo.
Nos sentamos em qualquer canto da escola, sem muito assunto pra conversar. Na verdade, Marcos até tentava puxar conversa, mas eu estava me sentia tão estranha que minhas respostas eram monossilábicas. Eu estava radiante por tudo que estava acontecendo entre eu e Pepa, mas percebi que bastava ouvir a voz da Gonçalves que um medo tomava conta de mim, como se ela pudesse de alguma forma arruinar tudo. Sei lá, elas eram amigas, e essa amizade me perturbava um pouco. E se ela resolvesse contar a Pepa sobre o beijo no elevador e inventar coisas ruins sobre mim? Pior, e se Pepa acreditasse nela? Pra ter uma relação mais íntima do que o normal comigo, a srta. Ferreira devia ter uma confiança considerável em mim, mas eu não tinha certeza da proximidade dela com a professora Gonçalves pra me sentir realmente segura.
- O que deu em você hoje, hein? – ouvi Marcos perguntar, com a voz irritada. – Tá tão quieta, tão esquisita... Aconteceu alguma coisa?
- Não. – menti, sorrindo fraco. – Tô com um pouco de sono, só isso.
- Se você acha que eu acredito nisso, tudo bem. – ele reclamou, erguendo uma sobrancelha. Droga, às vezes eu esqueço que ele me conhece desde sempre, ou seja, bem até demais.
- Caramba, já falei que é só sono. – repeti, começando a ficar impaciente. – Não posso mais ter sono agora?
Marcos deu de ombros, desistindo, e eu suspirei profundamente. Era um saco ter que mentir pra ele, afinal, a gente sempre contava tudo um pro outro, mas eu realmente preferia guardar aquele segredo. Tinha medo do que ele poderia pensar de mim se soubesse que eu e a Pepa estávamos, erm, nos relacionando intimamente.
- Foi mal, tá? – bufei, vendo a tromba que ele tinha feito por causa da minha resposta atravessada. – Você sabe que eu com sono fico a maior grosseirona, ainda mais com você me enchendo de perguntas.
- Se eu não tivesse aula com a Ferreira daqui a pouco, não te desculpava, mas como hoje eu tô de bom humor por razões óbvias, tudo bem. – ela sorriu, danada, me fazendo empurrá-la de leve e rir. Sei lá por que eu ri, talvez eu seja estranha mesmo e goste de ouvir minha melhor amiga dizer que a mulher que eu tô pegando a deixa de bom humor.
Ou talvez pra tentar afastar a inútil existência de Brunna Gonçalves da minha memória.
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Secret Love - Brumilla
RomanceFlashback On: "Chamando a Dra. Ludmilla Oliveira, emergência no sexto andar. Dra. Ludmilla Oliveira, compareça ao sexto andar." Horas depois: Último ponto da sutura feito. Batimentos cardíacos estáveis. Paciente salvo. Doze horas de cirurgia. Eu est...