Sixty six

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Xxx Essa capítulo é bem longo, e meu favorito! Em original, ele seria o último. Mas ainda tem alguns outros depois Okay!? Bom dia! Enjoy xxX

Ps: Especialmente pra Dany. Que foi a primeira a mandar mensagem no grupo 😂😂😂❤️

Brunna Pov

Quatro horas. Duzentos e quarenta minutos. Quatorze mil e quatrocentos segundos e alguns quebrados. Esse era o tempo que já tinha passado desde que Ludmilla correu para a sala de operações. Eu olhava para o relógio da parede de cinco em cinco segundos na esperança do tempo ter passado mais rápido, mas era inútil. Se tinha algo que eu odiava, era não ter o poder de fazer o tempo passar mais rápido.
Respirei fundo e afundei o rosto nas mãos, tampando um pouco da claridade mórbida das luzes daquela sala de espera. Consegui escutar ao fundo os passos de Luane, que andava de um lado para o outro na sala, mordendo a ponta do dedão compulsivamente. Eu entendia seu nervosismo, mas não era capaz de levantar e acalmá-la, a partir do momento que me encontrava no mesmo estado. Renato fazia algumas ligações, provavelmente para a família de Ludmilla, afim de avisar sobre o ocorrido. "Mas que merda de situação.". Falei para mim mesma, deixando sair um pouco alto, fazendo Luane me olhar com apreensão.
- Está tudo bem?
- Você que precisa me dizer.
- Eu.. não sei. Acho que vou acabar comendo meus dedos se continuar sem notícias. Ludmilla me prometeu que algum enfermeiro viria nos dizer o que estava acontecendo, mas até agora, não veio ninguém. – puxei a adolescente pelo braço e a coloquei sentada ao meu lado. Luane me lembrava muito de Ludmilla quando comecei a dar aulas para ela no ensino médio. – Quero a minha mãe.
- Tenho certeza que sua irmã fará de tudo.
- É.. eu também, mas..
A voz de Luane foi interrompida pela barulho da porta. Um enfermeiro entrou na sala de espera e, automaticamente, todos levantamos. A cara dele não era das mais agradáveis, parecia que tinha comido algo estragado e seu estômago começara a dar os sinais de desconforto. Renato se aproximou dele com um olhar amistoso, assim como nós e o homem coçou a nuca.
- Tivemos uma complicação.
- O que?! Minha mãe morreu?! Não, isso não..
- Ela não morreu, menina. Se acalma. – a impaciência dele era visível, não conseguia deixar de sentir pena do rapaz, provavelmente estagiário. Uma cirurgia de quatro horas não devia ser fácil de aguentar. – Foi uma complicação, ela não reagiu muito bem ao procedimento.
- Como assim?!
- Sofreu uma trombose no vaso coronário, mas a doutora Oliveira conseguiu reverter a situação. Foi incrível, nunca vi uma médica encontrar um problema com tanta rapidez e resolver na hora.
- Mas ela vai ficar bem?! Minha mãe vai sobreviver? – Luane a essa altura já estava agarrada nas mãos do estagiário, encarando o jovem com um olhar apreensivo, implorando por boas notícias.
- A cirurgia está no final. Só mais vinte minutos e a doutora Oliveira virá falar com vocês. Agora, se me permitem, preciso voltar à sala de operações.
O jovem se afastou do contato de Luane e saiu da sala de espera, nos deixando completamente pasmos. Então estava tudo bem, Ludmilla conseguira salvar a mãe de uma complicação e resolver o problema. Não posso medir em palavras o meu orgulho, mas diria assim que a visse depois. Luane e Renato choravam abraçados e me puxaram para me juntar a eles. Pela primeira vez naquela noite, respirei aliviada.
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- Como você está?
- Exausta.
Ludmilla e eu conversávamos em sua sala, enquanto ela deixou a cabeça jogada para trás. Seu rosto pálido, bolsões roxos embaixo de seus olhos e o cabelo levemente desarrumado, indicavam seu estado físico e emocional. Apesar de todos esses detalhes, continuava achando-a maravilhosa. O jaleco com a manga desajeitada, estava torto em seu corpo, deixando a blusa pólo branca aparecendo. Ludmilla massageava as têmporas com movimentos circulares, provavelmente sentindo a pior das dores de cabeça.
- Você precisa relaxar. – levantei da minha cadeira e fui em direção à ela, iniciando uma massagem tranquila em suas costas. Ludmilla soltou um gemido de aprovação e eu sorri fraco. – O que eu posso fazer para você se sentir melhor?
- Quer mesmo saber?
- Se estou perguntando..
Ela levantou de sua cadeira e ficou parada de frente para mim. Seus olhos estudavam meu corpo, procurando alguma parte que não tivesse sido descoberta por ela. Sua mão foi de encontro à minha e ela, com uma estranha delicadeza, iniciou um carinho com a ponta dos dedos. Ludmilla abriu um sorriso amistoso e encarou meus olhos, fazendo um choque elétrico percorrer minha espinha de ponta a ponta.
- Me dá um abraço.
- É só isso?
- Por enquanto, sim.
- Vem aqui. – puxei Ludmilla para um abraço e ela se aninhou, inalando meu perfume. Era bom tê-la bem embaixo da minha asa, como se estivéssemos de volta aos tempo de colégio. – Você precisa ver sua mãe, não é?
- Sim.
- Como está o futuro Gonçalves?
- Futura.
- Luz, qual o problema de ser menino? – cruzei os braços e ela revirou os olhos, selando nossos lábios com calma. Abracei sua cintura e Ludmilla passou a ponta da língua na minha boca semi aberta.
- Não vamos conversar sobre isso agora, pode ser?
- Tudo bem.
- Agora eu tenho que ver a minha mãe. Luane e Renato foram almoçar, você deveria fazer o mesmo.
- Eles me chamaram, mas eu queria te ver antes. Precisava te confortar um pouco antes de você encarar dona Sil naquela cama de hospital, apesar da operação ter sido um sucesso.
- Obrigada. – ela suspirou e voltou a apertar seus braços contra a minha cintura e afundou mais ainda o rosto na curva do meu pescoço. – Eu não sei o que faria sem você.
- Provavelmente seria amante da Ferreira.
Ludmilla rapidamente levantou o olhar até o meu e franziu o cenho. Eu tinha tocado em um assunto bastante delicado sem nem ao menos perceber. Ela se afastou um pouco e cruzou os braços, me encarando com uma expressão que beirava o cansaço e a incredulidade. Não sei exatamente o que me levou a trazer aquilo de volta, mas pelo visto, pisei feio na bola. Me aproximei de Ludmilla e abracei seu corpo, sem receber afeto de volta.
- Por que falou uma coisa dessas?
- Me desculpa.
- Brunna, você precisa manter a sua língua na boca. Só não vamos iniciar uma discussão calorosa, porque estamos dentro do hospital e tenho que ver minha mãe. Não pense que isso não vai ser um tópico da nossa conversa em casa, porque já é o primeiro da lista.
- Tudo bem, você está certa. Eu.. eu vou almoçar. Nos vemos mais tarde?
- Claro. Agora vai, antes que eu perca minha paciência com você.
Dei um último beijo em Ludmilla, completamente sem emoção da parte dela e sai de sua sala. O hospital sempre era mais movimentado no início da tarde. Algumas crianças com fraturas depois de brincar, idosos com problemas para andar, pensar ou falar. Mulheres grávidas sendo atendidas às pressas, afim de evitar que o bebê nascesse no meio do hall. Era tudo muito intenso e não dava tempo para que você pensasse em mais nada, talvez fosse por isso que Ludmilla conseguiu se distrair tão bem no tempo em que eu estive fora.
Enquanto alcançava a porta de saída, senti meu celular vibrando no bolso da minha calça e atendi sem muita vontade. Não estava afim de conversar, ultimamente, somente notícias ruins eram dadas para mim. Seria muito irônico se recebesse mais uma dessas.

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