Fifty

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Xxx Esse é o divisor de águas, sério. Preparem o play na música! Lembrando: to de férias! Kkkkkk e no trânsito 🙄 Último do dia, lidem com isso ❤️ Enjoy xxX

Música: Love u Betta

Ludmilla Pov

- Está atrasada.
- Quem disse?
- Eu disse.
- Estou lhe fazendo um favor e você ainda está reclamando?
- Você não está me fazendo favor nenhum, Fernanda. Isso é uma troca.
- Como quiser.
O relógio do hall da Columbia marcava 11:30hrs. Eu detestava atrasos e ela sabia disso, tudo precisava ser no tempo certo para que meu plano funcionasse. Brunna precisaria chegar na faculdade, ela tinha que chegar. Olhei de relance para Pepa e suspirei, não dava para negar que ela era uma mulher maravilhosa, apesar de tantos defeitos em sua personalidade. Lucy deve ter um manual de como domar a fera. Pensei nos meses em que tive Pepa só para mim e sorri, apesar de tudo, a desgraçada me fazia muito bem.
- Ela chegou?
- Não.
- Pode ser menos seca? – coloquei as mãos na cintura e Pepa bufou, abaixando a cabeça e revirando os olhos pra mim. – Se quiser que isso dê certo, faça as coisas direito.
- Não acho que isso vai dar certo, essa é a questão.
- Não pedi sua opinião, Ferreira. – ela já estava preparada para me dar uma resposta educada quando vi o carro de Brunna estacionar em frente à Columbia. – Rápido, ela chegou. Me abraça.
- Abraçar você?
- É, anda logo! Ela está vindo!
- Tenho uma ideia melhor. – antes que eu pudesse reagir, Pepa me puxou pelo braço e selou nossos lábios. Fiquei estática, meu corpo endureceu e me senti um manequim sendo controlada por alguém. A língua dela pediu passagem e minha boca automaticamente abriu, iniciando um beijo caloroso. Não soube explicar as sensações que corriam por dentro de mim, mas quando tomei consciência do que estava fazendo, empurrei Pepa pelo ombro e a olhei incrédula. – Você tem razão, Oliveira. Esse seu plano ia ser bom para nós duas.
- Cala a boca! Você fez tudo errado, não era pra isso ter acontecido! – eu aumentei meu tom de voz e Pepa riu baixo, aquela velha risadinha sarcástica.
Olhei para o lado e Brunna estava parada de braços cruzados, cara de poucos amigos e os olhos arregalados em surpresa. Lucy estava com ela e olhava para a cena com cara de choro, como se não acreditasse no que via. Não era para Pepa me beijar, era só um abraço. A desgraçada acabou tudo que daria para ser feito dali em diante. Senti Brunna passar por mim como um furacão e entrar no elevador. Lucy parou na minha frente e respirou fundo, antes de estapear a cara de Fernanda.
- Você não vale nada!
- Mas, amor, não é nada disso que você está pensando! Isso foi um plano da Oliveira.
- Eu sabia exatamente sobre o plano, não era para você ter beijado ela, combinamos um abraço! Tem noção do que pode ter feito, sua idiota?! Isso só me faz pensar no que você ainda sente por ela.
- Eu não sinto nada, eu amo você!
- Ama porra nenhuma! Se amasse, não teria beijado a Ludmilla.
- Mas era o plano!
- Eu sei qual era a merda do plano, Fernanda! Mas eu já estava sabendo de todas as etapas e nenhuma delas incluía um beijo. Sinceramente, quem é você?! – Lucy deixou que uma lágrima rolasse por sua bochecha e entrou em outro elevador.
Alguns alunos e professores nos observavam no hall. Eu estava paralisada ainda, não conseguia formular nenhum pensamento e meu corpo não respondia ao meus comandos. Queria chorar e gritar, mas de que adiantaria? Era para ter sido um abraço e Pepa estragou tudo. Respirei fundo e fechei os olhos, voltando a abri-los e ver Ferreira parada com o rosto roxo de ódio. Tentei passar por ela, mas Pepa segurou meu braço e me carregou para fora do prédio. A neve caia lentamente e um arrepio passou pelo meu corpo.
- Você destruiu a minha vida.
- Você me beijou! Não era pra você ter feito isso, Ferreira. Era só um abraço, foi o que combinamos. Se não sabe fazer nada direito, se não sabe controlar suas emoções, que não tivesse aceitado a proposta!
- Seu problema, Oliveira, é que a única pessoa que não presta pra nada, é você. Achou mesmo que aparecendo comigo, independente de um abraço ou beijo, faria Brunna voltar a ter algum afeto por você?! Agora mesmo que ela nunca mais vai olhar na sua cara e, sinceramente, esse foi o meu maior trunfo.
- Como assim?!
- Eu só entrei nessa aposta porque vi nela a chance de me vingar de vocês duas pelo que aconteceu no ano passado, não tive nenhum interesse em te ajudar, estou pouco me fudendo pra você e pra ela. Consegui o que eu queria e isso basta.
- Você perdeu a Lucy.
- Eu vou conversar com ela, vai ser fácil contornar a situação. Nada me deu tanta felicidade, do que ver o rosto da Gonçalves desolado ao te ver me beijando naquele hall. Você me fez prometer que se me magoasse, eu poderia te fazer sofrer muito mais. Bom, minha promessa está paga. Você perdeu a Brunna e esse foi o meu maior prêmio.
Ouvir as palavras de Fernanda carregadas de ironia fez meu sangue esquentar. Ao mesmo tempo que minha vontade de chorar ia crescendo, a raiva por ter sido enganada e prejudicada pelo meu próprio plano, me fez borbulhar por dentro. Onde eu estava com a cabeça quando fui pedir ajuda para Fernanda Ferreira?! Quando foi que eu me tornei tão ingênua e estúpida?! Eu perdi Brunna de vez e a culpa foi minha, mas eu não ia deixar barato de jeito nenhum.
Pepa ainda gargalhava da minha cara de paisagem quando eu, guiada pelos últimos pensamentos, acertei um forte soco em seu rosto, que fez com que ela se desequilibrasse e caísse da escada. Minha mão doía e comecei a fazer uma leve massagem. Como os homens não reclamavam depois de dar um soco em alguém?! Parecia que minha mão ia cair. Desci os degraus e Pepa tentava levantar, seu nariz sangrava e me olhou com um semblante irritado.
- Nunca mais se aproxime de mim, Ferreira, ou farei coisa pior do que quebrar seu nariz.
- Não precisa se preocupar, meu amor. – a risada dela voltou com toda força e eu franzi o cenho, Pepa sabia ser irritante. – O que eu tinha para fazer aqui, eu já fiz. Aproveite a sua solteirice e adolescência, já que Brunna não vai voltar.
Eu já estava preparada para enfiar o meu pé na cara daquela abusada quando senti dois braços me puxando para trás. Olhei de relance e encarei os olhos verdes de Harry, arregalados. Ele respirava rápido e uma gota de suor corria por baixo de sua touca preta. Me desvencilhei de seus braços e vi Pepa andando para a saída do campus, ainda gargalhando.
- Luluzinha, o que aconteceu?! Me falaram que estava tendo um barraco aqui no térreo e eu, como sou curioso, vim ver para ter certeza que você não estaria envolvida. – ele olhou por cima do meu ombro e reparou em Fernanda se afastando. – Pelo visto, eu estava errado.
- Sim.
- Por que?
- Porque eu sou uma idiota.
- Isso não é novidade, bebê. – cerrei os olhos e ele riu baixo, acariciando minha bochecha de leve e suspirando. – O que você aprontou?
- Não era pra isso ter acontecido.
- Isso o que?!
- Ela nunca vai me perdoar.
- Ela quem?!
- O que eu faço agora?
- Ludmilla, realiza! Você não está falando coisa com coisa. – Harry me balançou pelos ombros e eu senti como se acordasse de uma hipnose. Automaticamente as lágrimas, que antes estavam contidas, começaram a cair. Ele abraçou meu corpo e respirou fundo. – Eu não faço ideia do que você fez, mas não chora.
- Eu sou uma idiota, Harry! Eu preciso esquecer essa história de namoro e focar na faculdade, daqui a poucos minhas notas não vão segurar minha bolsa.
- Eu sei. Vamos tomar um café, daqui a meia hora você tem aula.
Pegamos o elevador e caminhamos tranquilamente pelos corredores até a cafeteria do oitavo andar. Para a nossa sorte, estava relativamente vazia e conseguimos um mesa. Pedimos dois expressos e eu afundei o rosto na mesa, queria sumir dali ou talvez, voltar no tempo e não ter feito aquela burrada. Harry estava com os braços em cima da mesa e fazia um carinho leve na minha cabeça, ele não falava nada, sabia que era melhor deixar que eu desse o primeiro passo.
- Eu.. estou me sentindo tão perdida.
- Me conta o que houve.
- Você vai me achar uma imbecíl, sem noção.
- Isso eu já acho. – ele riu fraco e eu suspirei, mas acabei sorrindo junto com ele. – Não estou aqui pra te julgar, Luluzinha. Estou aqui pra te escutar e talvez, ajudar você a achar uma solução pra sua burrada.
- Bom.. – comecei a contar a ele sobre o plano, com certeza levaria um esporro, mas Harry saberia me aconselhar depois. Ele escutava tudo com muita atenção, franzindo o cenho vez ou outra, respirando fundo e massageando as têmporas. Eu estava ferrada. - .. E então a Fernanda me beijou, dizendo que só estava esperando a oportunidade certa para me magoar. Foi isso.
- Olha, Ludmilla.. – começou me chamando pelo nome, eu já sabia que boa coisa não ia sair da continuação daquela frase. – Eu tenho que admitir que você foi bem idiota dessa vez.
- Ei! – ele fez um sinal com o dedo indicador para que eu não o interrompesse e que estava na minha hora de escutar. Apenas cruzei os braços e me encostei na cadeira.
- Seu problema é agir por impulso. Duvido que você tenha pensado nas consequências negativas que viriam com seu plano estúpido. Aliás, não consigo acreditar que você chegou a pensar que isso daria certo. Ludmilla, se a Brunna terminou com você por ser insegura, a última coisa que você deveria ter feito, foi envolver a Fernanda nessa história toda. Certa vez você comentou que a professora Gonçalves tinha perdido a professora Lucy para essa mulher quando eram adolescentes, imagina o que passou na cabeça dela quando te viu aos beijos com ela depois de tudo. Me desculpe, Ludmilla, mas dessa vez, eu não sei como te ajudar.
- Ai, Harry, não me fala isso.
- Desculpe, bebê, mas o problema dessa vez é bem maior do que eu pensava. Você envolveu alguém do seu passado e da Brunna nessa confusão. Estava indo tudo muito bem, a Gonçalves te mandou uma rosa. Por que você foi inventar de chamar essa mulher?! Parece que não pensa! Olha, eu gosto muito de você, sabe muito bem disso, mas não consigo ver uma maneira de você ter a Brunna de volta.
Parei para pensar um pouco e algo me veio à cabeça. Eu ainda tinha permissão para entrar no prédio de Brunna e iria lá de noite. Ela ia ouvir a minha versão da história por bem ou por mal e eu tiraria aquela Diana da cabeça dela. A Gonçalves era minha e ninguém poderia mudar isso, mas caso Brunna me rejeitasse, eu desistiria.
- Eu vou até o apartamento dela hoje.
- Pirou?
- Não, ela vai me ouvir.
- Ludmilla, ela vai te jogar do último andar. O pior de tudo isso é que eu tenho aula dela agora, quem vai aguentar a fera, sou eu. Conhecendo a sua mulher, vai sobrar pra mim.
- Não se preocupe, Brunna não vai descontar em você.
- Deus lhe ouça, bebê. Agora vamos, faltam dez minutos. Você tem aula de que?
- Aula do Cowell.
- Não está sabendo?
- Do que?
- Cowell caiu fora. Uma professora nova entrou por indicação da Gonçalves.
- Brunna indicou uma professora nova?! Mas que palhaçada é essa?!
- Respira, Luluzinha. Não é porque a Gonçalves indicou que ela está transando com a mulher, ok?! Agora vamos.
Minha cabeça estava girando um pouco e eu tentei imaginar em todos os nomes possíveis que Brunna poderia ter indicado para ocupar o cargo de Cowell, pelo menos eu não veria mais aquela cara dele e Juli não me faria perder mais pontos, o que agradeci aos céus. Talvez Deus estivesse aliviando a minha barra. Quando alcancei a porta da sala de química, vi Juli abrir um largo sorriso pra mim.
- Você precisa ver a professora, é um escândalo.
- Ai ai..
- O que foi?
- Nada, dessa vez eu juro que preferia uma professora feia.
- Não acredito, vamos entrar.
Nós abrimos a porta e eu dei de cara com um rosto familiar. Uma mulher negra com um corpo escultural. Vestia uma calça jeans branca, camisa social também branca e scarpins brancos. O jaleco batia na metade de suas coxas e utilizava um óculos de grau. Definitivamente, a professora Lopes estava bem. Lembro-me dela no colégio e de quanto sentia ciúmes de Pepa com ela, mas agora olhando bem, eu tinha razão em ter.
- Bom dia, professora.
- Meu Deus, Ludmilla! – ela abriu um enorme sorriso e me deu um abraço fraco. – Que surpresa em ver você.
- Eu que digo isso, não é?!
- Qual curso está fazendo?
- Medicina.
- Fico muito feliz por você, sabia que iria longe. – Daniela Lopes sabia ser simpática e conseguir fazer qualquer pessoa se sentir bem. Juli olhava para ela e babava, nem sequer piscava. – E você é?
- Julia Mendel, mas pode me chamar de Juli.
- Prazer, querida. Bom, sentem-se, temos que começar essa aula e devo admitir que estou um pouco nervosa em assumir uma turma assim tão perto das provas.
- Não se preocupe, professora, vamos amar a senhora. – Juli estava com os olhos brilhando e eu dei uma leve cotovelada em sua barriga, carregando ela para a bancada. – O que foi?
- Controle-se ou a Mariana vai ficar sabendo disso.
- Olhar não é pecado e nem traição.
- Mas pode levar a isso. Sossega.
- Bom dia, alunos.. – a voz da professora Lopes cortou nossa conversa e toda a turma olhava para ela, completamente encantados. Os meninos nem sequer piscavam e algumas meninas invejavam o corpo escultural dela. – Me chamo Daniela Lopes e vou assumir a classe de química daqui em diante, espero que consigam se acostumar com meus métodos de ensino. O professor Cowell deixou comigo os testes que você fizeram, vou entregar e podemos começar com nossa aula.
Nunca me senti tão bem em tirar nota máxima em uma matéria. Juli torceu o bico por tirar dois pontos a menos que eu, o que gerou piadinhas da minha parte. A aula foi bem tranquila e eu me sentia confortável tendo uma professora familiar me dando aula, só faltava o demônio da Ferreira dando aula na Columbia para eu me sentir no ensino médio de novo. A professora Lopes passou algumas coisas que iam cair na prova e eu fiquei aliviada em saber que ela faria algo fácil, para não atrapalhar a turma por conta da mudança de professores. Nos liberou dez minutos antes e eu sai da sala me despedindo dela com um enorme sorriso, sendo seguida por Juli.
- Se eu não estivesse com a Mariana.
- Mas você está, espero que lembre disso todos os dias.
- Calma, para de me atacar desse jeito. Não vou traí-la.
- Espero que não.
- Ludmilla, o que houve?! Você está esquisita, se irritando com facilidade. Sabe bem que eu não seria capaz de trair a minha pequena, por que essas explosões?
- Desculpa, Juli, eu estou um pouco perturbada. Mas deixa pra lá, vamos procurar o pessoal e almoçar.
Ela não perguntou mais nada, apenas me seguiu pelos corredores até alcançarmos o elevador. Mandei uma mensagem para cada um e pedi que encontrassem conosco na área externa do prédio. A neve já havia parado de cair e aquele enorme tapete branco cobria tudo. Me encolhi dentro do meu sobretudo até sentir braços me envolvendo. Me virei e Patty abriu um largo sorriso pra mim, envolvi a pequena em um abraço caloroso e suspirei.
- Onde vamos almoçar?
- Não sei, tenho que estudar.
- Cadê o Harry?
- A última vez que eu vi, estava quase batendo boca com a professora Gonçalves na sala dela. – um calafrio percorreu minha espinha quando Mariana apareceu com aquela notícia. Não acredito que Brunna ia descontar nele.
- Que horas foi isso?
- Eu saí da minha aula e passei pela dele para chamá-lo, mas quando percebi o bate boca, nem quis parar e vim direto pra cá.
- Merda. – me desvencilhei dos braços de Patty e corri para dentro do prédio, tentando controlar minha respiração e minha vontade de partir a cara de Brunna ao meio.
Chamei o elevador e a demora dele estava me fazendo arrancar os cabelos de nervosismo. Finalmente chegou e quando as portas se abriram, um Harry irritado e com os olhos vermelhos estava parado dentro do cubículo de aço. Puxei ele pelo braço e o envolvi com meus braços. O que quer que tenha acontecido, eu não ia deixar barato. Ele se separou de mim e suspirou, colocou o braço no meu ombro e me carregou para fora do prédio. As meninas arregalaram os olhos quando nos viram e tentaram fazer perguntas, mas ele fez um sinal para que não falassem nada, apenas o seguissem. Assentimos e Harry nos guiou até o meu carro, pedindo a chave e que entrássemos. Eu estava achando aquilo muito esquisito, o viado deu defeito?! O silêncio dele me incomodava e me dava uma sensação ruim.
Harry dirigiu por mais ou menos vinte minutos até pararmos em frente a um restaurante aconchegante. Ele fez sinal para que o seguíssemos e assim, nos levou para dentro do estabelecimento. Pediu uma mesa e depois que estávamos todos sentados e bebendo um pouco de vinho para esquentar, Harry respirou fundo e suspirou, abrindo um sorriso fraco, mas com os olhos cheios d'água.
- Bicha, fala logo! – Juli se exaltou e nós a olhamos com cara de poucos amigos. – O que?! Eu estou nervosa, ele não falou uma palavra desde que saímos da Columbia e não adianta falar que estão de boa com isso.
- Calma, Juli. – Patty falou em um fio de voz e virou para o menino, que continuava a sorrir fraco, com algumas lágrimas nos olhos. – Harry, o que aconteceu?
- A Brunna te ameaçou?! Eu vou partir a cara dela! Não vou deixar isso barato, ela não tem esse direito e.. – ele colocou o dedo indicador na minha boca e eu parei de falar. Fez um carinho leve em minha bochecha e abriu um sorriso maior.
- A professora Gonçalves me ajudou.
- O que?! – eu, Mariana, Julia e Patty quase gritamos e ele negou com a cabeça, quase gargalhando da nossa reação.
- Ela me ajudou, ué.
- Te ajudou em que?!
- Eu contei para o Lucas que sou gay. – nós arregalamos os olhos e eu engoli em seco, mas Harry parecia bem com tudo aquilo e eu não quis interromper, queria saber de tudo. – Antes da professora Gonçalves entrar na sala, eu estava contando para o Lucas sobre tudo e ele começou a me esculachar. Já estava ao ponto de explodir quando Brunna apareceu e falou umas poucas e boas para ele, fazendo até com que aquele bruto chorasse. No final de tudo, recebi um abraço dele e um pedido de desculpa. Lucas compreendeu.
- Espera um minuto.. – pisquei os olhos algumas vezes e tentei assimilar o que ele tinha acabado de me falar. – Está me dizendo que graças a Brunna, o Lucas te aceita?
- Sim, é isso que eu estou te dizendo. Brunna não parecia de mau humor hoje, estava tranquila e falou com Lucas de uma maneira doce. – franzi o cenho e ele gargalhou. – O que foi?
- Estamos falando da mesma Brunna?!
- Sim, estamos. Ludmilla, ela parecia tão abatida quando apareceu na porta. Os olhos dela estavam pesados, sabe? Como se tivesse chorado. Assim que ouviu o que o Lucas estava me falando, ela iniciou um discurso carregado e bem feito, nunca vi meu melhor amigo daquela maneira. Lucas perdeu todas as estruturas. Depois que ele saiu da sala, eu fui agradecer a ela por tudo e ela se exaltou um pouco, dizendo que não aguentava que fizessem isso com as pessoas.
- Ah, então foi esse o bate boca que eu vi. – Mariana bebia um pouco de seu vinho e eu ainda tentava digerir tudo aquilo.
- Luluzinha.. – Harry chamou minha atenção e eu levantei os olhos na direção dele. Ele segurou minha mão e fez um carinho, suspirando. – Brunna vai viajar amanhã para Madrid.
- Que?!
- Ela comentou comigo que vai viajar para Madrid amanhã, tem o casamento do irmão.
- Mas aquela Diana estará lá.
- Sim, eu sei.
- Merda.
- Já sabe o que fazer, não é? – olhei para ele com um semblante curioso e Harry deu uma piscadinha. Se eu não fosse falar com Brunna hoje, não conseguiria falar mais. Abri um sorriso involuntário, levantei da cadeira e me despedi de todos. Quando estava saindo do restaurante, ouvi a voz de Harry implicar. – Pega ela, Sapaquita!
Dirigi com pressa por uma Manhattan engarrafada, cortei carros e quase atropelei um cortejo de freiras que passeavam perto do Central Park. Aposto que depois daquilo, todas elas desejavam me ver queimando no inferno. Não precisavam desejar, eu já vivia uma espécie de inferno particular. Estacionei em frente ao prédio de Brunna com muita dificuldade e rezei para todos os santos para que ela ainda estivesse em casa e não a caminho do aeroporto. O porteiro como sempre, me deu permissão e a chave para ir até o apartamento. A cada andar que o elevador passava, meu coração acelerava um pouco mais. Olhei de relance por baixo da blusa e vi que usava a lingerie que era assinada pelo irmão de Brunna. Dei um sorriso maldoso e já imaginava o que iria fazer.
As enormes portas abriram e eu caminhei calmamente pelo corredor até chegar em frente a entrada do apartamento de Brunna. E se ela me expulsasse? E se ela não quiser nem olhar na minha cara?! Bom, não é hora de pensar nos "e se", preciso fazer alguma coisa. Abri a porta com cuidado e vi que ela não estava na sala, ótimo. O som da sala estava ligado com o pendrive dela. Era uma música tranquila e isso seria útil para eu me mover sem ela me escutar. Retirei os sapatos e coloquei ao lado dos dela na entrada, me arrastei pelos corredores do enorme apartamento e não via Brunna em lugar nenhum. Lembrei do terraço, mas não queria subir até lá. Já sei, ficarei na cozinha, assim que ela descer, vai me ver.
Esperei por dez minutos. Estava sentada em cima da bancada da cozinha com as pernas cruzadas, quando ouvi um barulho de passos no andar de cima e percebi que Brunna estava descendo. Respirei fundo e pedi forças para aguentar o que quer que ela fosse me falar. Eu sabia que ia merecer cada palavra que ela soltasse, mas a desgraçada também ia me ouvir. Assim que vi seus pés surgirem na escada, minha respiração travou e meu coração veio parar na garganta. É agora.
- O que está fazendo aqui? – ela estava com os braços cruzados e me analisava. Respirei fundo e fechei os olhos, mordendo o lábio inferior. – Dá pra responder?
- Vim te agradecer.
- Pelo que?
- Pelo que fez com o Harry.
- Já agradeceu, agora, pode ir embora. Tenho muita coisa pra arrumar, eu viajo amanhã.
- Eu sei. Você vai para Madrid, casamento do seu irmão e vai encontrar a Diana.
- Exatamente. Agora, se me der licença.
- Não, eu não dou.
- O que? – Brunna estava a poucos passos de mim. Mais precisamente dois passos. Nossos olhares se encontraram e eu senti vontade de pular no colo dela, mas levaria um tapa.
- Desculpa.
- Agora é desculpa?
- Sim.
- Motivo?
- O que você viu na Columbia hoje de manhã, eu não..
- Oliveira, se veio aqui se explicar sobre ter um caso de novo com a Ferreira, pode sair imediatamente. Não quero saber das suas aventuras.
- Você não entende.
- O que tem pra entender?! – Brunna deu um berro que me fez descruzar as pernas e quase me encolher no balcão. – O que quer de mim?! Eu estava cedendo, te mandei uma rosa, abri meu coração de novo e você me apronta uma dessas. O pior não foi nem isso, o pior foi ver a cara da Lucy de desolada vendo vocês duas no maior amasso no meio do hall. Você não se dá o respeito, garota?! Acha que aquilo é bordel?!
- Brunna..
- Brunna o cacete, Ludmilla. Eu não quero olhar pra você, estou com nojo dessa sua cara de pau. Amanhã vou pra Madrid, encontrarei Diana e farei questão de esquecer da sua existência. – meu sangue esquentou ao ouvir o que ela tinha acabado de falar. Respirei fundo e escutei uma música começar vinda do rádio da sala. Sorri maliciosamente e decidi começar com meu novo plano.
- De que adianta ir para Madrid, transar com a Diana, se no final da noite, você vai olhar pro rosto dela e lembrar de mim?! – Brunna engoliu em seco e arregalou os olhos. Bingo.

Secret Love - Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora