Forty eight

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Xxx Estou de férias e pensando em vocês, tem que me amar em!!! Desculpem o horário e boa madrugada!!! Enjoy xxX

Ludmilla Pov

A aula de Lucy correu muito bem, tirando o encontro desagradável com Brunna e suas costas e pescoço desfigurados. Será que ela não se dava o mínimo de respeito?! Era professora da melhor universidade do país, não podia simplesmente aparecer para dar aula no estado que se encontrava. Estava toda largada, não chegava nem perto da Brunna que conheci no colégio.
- Onde você está? – virei o rosto e Lucy sorria para mim. A sala já estava vazia e eu nem me dei conta de que até Patty tinha partido e levado seu celular, que eu estava usando para mandar uma mensagem para Harry. – Esqueceram de você.
- É assim que reconhecemos os amigos.
- Verdade. – fitou o chão por alguns segundos e suspirou. – Ei, Ludmilla, posso falar com você? – eu guardava algumas coisas na bolsa e Lucy sentou no banco ao meu lado.
- Já está falando. – abri um sorriso para ela, que revirou os olhos sorrindo de lado. – Aconteceu alguma coisa de errado?
- Não, claro que não. Só.. estou um pouco preocupada com você e com a Brunna.
- Sério que era sobre isso que você queria falar?! – revirei os olhos e bufei, terminando de colocar tudo dentro da bolsa. – Eu já reparei que ela arrumou outra pessoa e que fez muito bom proveito. Sabe do que mais? Diana é uma angel, dei uma olhada nas fotos e ela parece sensacional. Aliás, não sei se foi só eu quem reparou, mas.. ela é até parecida comigo.
- Sim, ela é bastante. – Lucy gargalhou e negou com a cabeça. – Essa birra de vocês duas já está chata, para com isso. Não enxergam que uma não vive sem a outra?
- Olha, Lucy, eu já não sei de mais nada. O que eu quero agora é me concentrar na faculdade e preparar minha transferência.
- Como é?! Transferência pra onde?!
- University Of Miami. Minha mãe está lá, meu melhor amigo está lá. Desde que cheguei na Columbia, tudo deu errado, até meu namoro com Brunna. – levantei rapidamente do banco e Lucy segurou meu braço, me colocando sentada novamente.
- Para de agir como uma criança mimada e comece a se portar como mulher. Você não tem mais doze anos, Ludmilla, está com dezoito e problemas na vida são inevitáveis, você querendo ou não. Não pense que voltando para Miami sua vida vai voltar a ser mil maravilhas, porque não vai. Pelo amor de Deus. Pare e pense um pouco, você conseguiu uma bolsa na melhor faculdade do país. Milhões de pessoas matariam para ter o benefício que você recebeu e está jogando pela janela por causa de um namoro fracassado. – as palavras dela estavam doendo bastante e amarrei a cara em um bico, sentindo meus olhos marejarem. Por mais que aquilo tudo fosse verdade, eu não estava pronta para ouvir. – Pessoas vão e vem, Ludmilla. Não pense que a Brunna pode ter sido a escolhida, talvez você dobre agora o corredor da faculdade e dê de cara com alguém que vai fazer você perder toda a sua estrutura. Quando me contou sobre a Isabela, imaginei o quão forte você deveria ter sido, porque bem ou mal, um primeiro amor por uma mulher é doloroso. Não por ser com uma menina, mas porque antes de ser qualquer coisa, ela foi sua amiga ou melhor amiga. De repente você vê tudo aquilo virar poeira por conta de um relacionamento que não deu certo.
- Foi o que aconteceu com você e a Brunna?
- Sim, foi o que aconteceu com a gente. Só que, felizmente, amadurecemos e vimos que não valia a pena jogar nossa amizade para o alto. No início foi difícil porque ela se manteve afastada de mim, estava muito magoada, mas Brunna é uma mulher forte e determinada. Tem seus momentos de carência, medo, depressão, apesar de não aparentar. Eu sei que você está chateada por ela ter terminado e aparentemente estar com outra, mas lembre-se.. – ela levantou do banco, colocou a bolsa no ombro e respirou fundo. – Você apareceu com alguém novo primeiro, você deu abertura para que ela conhecesse outras pessoas. Se existe alguém dentro desse namoro que errou feio, foi você. Bom dia, Ludmilla, tenha uma boa aula e pense bem em tudo que te falei.
Ela deixou a sala e eu afundei a cabeça nos meus braços. Não era justo que me julgassem tanto, não era só Brunna que sofria. Eu não estava com Harry, era só um amigo e gay. Tudo bem que ela não sabia desse pequeno detalhe, mas não está estampado na cara dele?! Falando nela, tenho aula de Anatomia agora, que Deus me dê paciência. Saí da sala e caminhei calmamente pelo corredor, esbarrando em Mariana, que passava apressadamente por mim.
- Criatura, está cega?!
- Desculpa, Lud, é que eu estou atrasada para a aula do Cowell. – revirei os olhos e acenei para ela, indo em direção ao elevador. Pensei em ligar para Patty e descobrir onde a baixinha estava, mas lembrei que não tinha mais celular.
A sala de Brunna fedia a centro cirúrgico. Em frente a cada bancada, tinha um órgão diferente. Retirei meu relatório de dentro da pasta e coloquei em cima da mesa dela, me sentando em uma banco vazio e esperando por Patty, que apareceu dois minutos depois, seguida de Brunna. Franzi o cenho para as duas e estranhei a cara pálida da pequena ao sentar do meu lado. Ela não falou uma palavra, apenas começou a tirar seu caderno de dentro da bolsa e a copiar o que Brunna colocava no quadro.
- Bom dia. Hoje vocês vão estudar o órgão por completo. Eu deixei para cada dupla, um diferente, se sentirem enjoo, não só podem sair da minha sala, como também do curso. Médicos não podem sentir nojo dessas coisas. – ela retirou o jaleco e voltou a escrever no quadro. Reparei em vários arranhões em sua nuca e senti meu sangue ferver. Só quem podia deixar marcas na minha mulher, era eu. Mulher?! O que?! Ludmilla, respira. – Copiem o que está no quadro, coloque suas luvas e mãos à obra. Quero um relatório no fim da aula. Enquanto isso, vou ao ambulatório pegar um remédio para dor.
- É.. a noite foi boa. – falei baixo, mas não o suficiente que a impedisse de escutar e virar a cabeça na minha direção. Ela se aproximou com sua pose de superior e cruzou os braços, imitei sua pose e Brunna franziu o cenho irritada. – O que foi?
- Pode repetir o que falou agora, Oliveira?
- Eu disse.. – inclinei meu corpo para frente e praticamente sussurrei para ela. – Que a noite foi boa.
- Você está errada, ela não foi boa. Foi além disso, nunca tive uma igual. – meu sangue subiu à cabeça e ela deu um riso cínico. – Algo errado?
- Nada não, Jane, é melhor pegar um remédio e tomar uma antitetânica, nunca se sabe aonde o Tarzan passou as unhas. Se bem que nesse caso, é outra Jane.
- O nome é Diana, mas pode deixar que tomarei as devidas precauções. Enquanto isso, termine seu relatório ou eu tiro os seus pontos. – toda a turma nos olhava e Patty estava encolhida fitando o órgão na bancada.
- Eu. Não. Me. Importo. Tire. – falei em pausas e ela arregalou os olhos, surpresa com minha atitude.
- Você sabe que eu tiro, Oliveira. Não me teste ou será reprovada.
- Você já me tirou coisas muito mais importantes. Alguns pontos não fazem diferença, professora. – nossa troca de olhares estava tão intensa que poderíamos colocar fogo na sala. Os alunos assustados e boquiabertos, não sabiam o que fazer, mas escolheram não mover um músculo sequer.
- O que estão olhando?! – Brunna praticamente berrou e todos voltaram a copiar o conteúdo do quadro. – Graças a petulância da sua amiguinha, terão que me entregar dois relatórios diferentes sobre o órgão que lhes dei. Para hoje. Com licença, vou pegar meu remédio. – ela olhou mais uma vez para mim e deixou a sala, batendo a porta com força. Comecei a ouvir diversas pessoas reclamando e algumas me xingando baixo.
Patty não falava absolutamente nada, estava com um olhar vago e fitava o órgão, cutucando o mesmo com um bisturi. Eu tinha certeza que Brunna havia falado algo com ela para deixá-la daquela maneira, mas não poderia simplesmente abordá-la bem ali e perguntar o que estava acontecendo. Se era esse o real motivo da cara de paisagem, Patty me contaria mais tarde.
Um forte estrondo rasgou o silêncio que estava na sala e toda a turma olhou para a porta. Brunna carregava uma garrafinha de água e jogou-se na cadeira, tomando um remédio. Revirei os olhos e voltei minha atenção para o relatório que estava fazendo. Patty estava pálida e não ousava olhar para frente, o que confirmou minhas suspeitas de que Brunna tinha falado algo com ela. Respirei fundo e caminhei até a mesa dela, que ao me ver, ajeitou-se e entrelaçou as mãos em cima da mesa.
- Se você ameaçou a Patty, se falou algo que a assustou, vai se ver comigo. – falei quase em um sussurro e ela franziu o cenho, abrindo um sorriso maldoso em seguida.
- Não te interessa o que eu falei.
- Claro que interessa, ela é minha amiga, divide o apartamento comigo e se preocupa comigo, ao contrário de certas pessoas. Deixe-a em paz, Gonçalves, estou avisando, ou..
- Ou o que?! – me interrompeu e nossos olhares se fuzilavam. – Vai me atacar com uma caneta como fez ano passado?
- Pode até ser, mas dessa vez, farei questão de cravar a ponta na sua jugular. Estou cansada de você. Deixa a Patty em paz. – coloquei os dois relatórios em cima da mesa dela, recolhi minhas coisas e saí da sala completamente irritada.
O corredor estava deserto e faltavam dez minutos para o fim da aula, queria que Patty tomasse coragem e saísse da sala de uma vez, ainda tinha que ir ao shopping para comprar um celular novo. Pra falar a verdade, não ia esperá-la, estava me sentindo uma alienígena sem ele. Vou sozinha mesmo, mas antes passaria em casa para deixar minhas coisas e pegar o carro. Tomei o elevador e ao chegar no térreo, dei de cara com Harry, que estava com uma cara péssima.
- Ei, o que aconteceu? – coloquei a mão em seu ombro e ele fitou os pés. – Harry, o que houve?
- Nada demais, só acordei do lado errado da cama.
- Claro que foi isso. Olha, estou indo ao shopping comprar outro celular.
- Por que? Cansou do seu?
- Não, eu joguei ele na parede. – Moura arregalou os olhos em surpresa e negou com a cabeça, sorrindo. – Quer ir comigo? Assim conversamos.
- Tudo bem, mas eu quero saber tudinho que rolou entre você e a Isabela.
- Tá bom, vamos. Tenho que passar na minha casa ainda.
Harry e eu caminhamos de braços entrelaçados até meu prédio, o porteiro certamente estranhou e cerrou os olhos para nós, mas não deu nenhum palpite. Apesar de Jonas estar acostumado com a presença de Brunna, ele não podia falar absolutamente nada sobre ninguém que eu levava para o meu apartamento. Abri a porta e Harry jogou-se no sofá.
- Nós podíamos ficar aqui e assistir um filme, ao invés de ir para o shopping e ver todas aquelas peruas plastificadas andando de um lado pro outro gastando o dinheiro dos maridos, não é?
- Confesso que é tentador, mas eu preciso de um celular. Quando voltarmos, podemos fazer isso. Que tal? – coloquei a bolsa em cima da mesa e abri um pouco da porta da varanda para arejar o apartamento. – Nossa, está nevando demais.
- Eu estou muito bem protegido. – Harry estava com uma calça jeans escura, usava um sobretudo preto e cachecol branco. Sempre bem arrumado, mal dava pinta que era gay.
- Se eu não soubesse que você joga no outro time, poderia até ficar com você.
- Posso dizer a mesma coisa. – ele riu baixo e levantou do sofá, me dando um forte abraço. Na mesma hora, Patty abriu a porta do apartamento e olhou assustada para nós. – Oi, Patty.
- Oi, Harry. – sua cara estava abatida e ela sorriu fraco, retirando o cachecol e sua boina, jogando na mesa. – Eu.. vou pro meu quarto estudar, fiquem à vontade.
- Patty.. – a chamei e ela me encarou. Me aproximei e segurei seu rosto, fazendo com que os olhos dela grudassem nos meus. – Ela não vai fazer nada contra você, eu prometo. Brunna não vai encostar um dedo, ou atrapalhar suas notas. Confie em mim. – os olhos da pequena marejaram e ela me abraçou. Afaguei seus cabelos e a apertei contra meu corpo. – Eu e o Harry estamos indo ao shopping, vou comprar um celular novo. Quer ir junto?
- Não, Lud, obrigada. Eu realmente preciso estudar.
- Tudo bem, mas nós voltaremos para cá de qualquer jeito. Comprarei umas bobagens e faremos uma sessão de filmes, ok? – ela assentiu com a cabeça, dei um beijo em sua testa e a pequena entrou em seu quarto, trancando a porta.
- Essa mulher está se tornando um problema, não é?
- Eu sabia que Brunna seria um problema desde que ela entrou na minha vida.
- Citando Taylor Swift, é? – deu um sorrisinho cínico e eu revirei os olhos. – O que?! Você sabe muito bem que isso é praticamente o verso de uma das músicas dela e devo dizer que se encaixa muito bem pra sua situação.
- Tudo bem, Sr. Engraçadinho, vamos logo. Não quero pegar fila na loja.
- Queridinha, estamos em Manhattan. Até para comprar cachorro-quente naquelas carrocinhas de esquina, tem fila.
- É verdade, mais um motivo para andarmos logo. – assim que entramos no meu carro, Harry puxou o cabo auxiliar no rádio e o conectou ao seu celular. Franzi o cenho e olhei pra ele, que procurava algo. – O que está fazendo?
- Vou colocar seu hino e o meu também. – rapidamente reconheci a música e dei um tapa no braço dele, que se divertia às minhas custas. Saímos do estacionamento cantando, na verdade, gritando cada verso da música.
O trânsito em Manhattan estava mais insuportável que o normal por conta da neve que caia e atrapalhava a pista, mas aquilo não parecia incomodar nem a mim e nem a Harry, que estávamos nos divertindo. Pessoas andavam encolhidas em seus sobretudos e pesados casacos, quando conversavam, a fumaça saía de suas bocas e seus narizes estavam vermelhos. Era divertido ver alguns casais abraçados mais para se aquecer do que para demonstrar amor um pelo outro. O sinal abriu novamente e Harry deu um tapinha no meu braço, indicando uma parte da música que ele queria que cantássemos juntos. Respiramos fundo e praticamente gritamos dentro do carro.

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