Fifty five

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Xxx Eu avisei no grupo. E vou falar de novo: O tombo vem forte! Kkkkk Enjoy xxX

Ludmilla Pov

Ligação On:

-Você está agindo como uma criança mimada!
- O que?! Como se atreve a me chamar de criança e ainda por cima, mimada?!
- É o que está aparentando. O quão ridículas têm sido as suas atitudes?
- Eu me recuso a continuar essa conversa.
- Isso, faz como sempre, desliga essa merda de telefone. Estou de saco cheio.
- Ótimo. – a ligação foi encerrada e me controlei para não jogar o aparelho na parede.

Ligação off:

Sentia meu sangue esquentar cada vez mais e o ar sair pesado de dentro dos meus pulmões, não aguentava mais.
Três anos haviam passado. Eu estava no último ano da faculdade e, por incrível que pareça, minha relação com Brunna só piorou. O ciúme e as desconfianças aumentaram gradativamente, ainda mais depois de eu ver a professora Lopes em uma conversa um tanto íntima com minha noiva certa tarde nos corredores da Columbia. Claro que estourei, mulher na TPM não costuma controlar seus nervos e, pelo visto, Brunna não conseguia entender tal coisa. De dois meses para cá, não mantínhamos uma conversa amigável por mais de dez minutos. O convívio se tornou insuportável e já não nos víamos com tanta frequência, apenas o necessário.
A cada briga nova, eu olhava para meu anel de noivado e milhões de perguntas invadiam a minha cabeça. Será que valia a pena continuar com isso? Se estava insuportável agora, imagina depois de subirmos ao altar. Eu não duvidava dos sentimentos que nutríamos uma pela outra, mas talvez, não fosse o desejo do destino que ficássemos juntas até que a morte nos separasse. Conversei diversas noites seguidas com Patty e com as meninas, todas diziam sempre a mesma coisa. "Tenha paciência, isso é normal no início.". Paciência?! Isso era uma palavra que, definitivamente, não se encaixava no nosso dicionário.
Estava sentada na bancada, esperando que a aula de química da professora Lopes começasse. Era fim de ano e nevava bastante, toda Manhattan estava enfeitada para o natal e, é claro, na Columbia não era diferente. Eu desenhava coisas soltas pelo caderno, a maioria das vezes, eram olhos. Alguns olhavam para a direita, outros para a esquerda, fechados e abertos. Aquela mania estava constante e eu me perguntei se desenhar dessa maneira, tinha algum significado. Como a professora estava longe de chegar e eu adiantada dez minutos, peguei o celular e procurei na internet. "Quem desenha muitos olhos. Significado.". Talvez não significasse nada, mas quem sabe eu não encontrava algumas respostas? Soltei uma risada nasal ao receber o resultado da minha pesquisa. Mais irônico, impossível.

"Você é curiosa ou está procurando alguma solução para um problema se desenhar olhos. O sentido do olhar também é importante: para a esquerda, indica algo no passado; para a direita, mira o futuro. Se você estiver desenhado olhos fechados, é provável que não esteja querendo enfrentar uma situação ou não queira admitir algo cruel sobre si mesmo."

Procurando solução para um problema. Algo no passado e mirando o futuro. Não estou querendo enfrentar uma situação ou não admitir algo cruel sobre eu mesma. Definitivamente, aquela simples explicação sobre meus malditos desenhos, criaram incontáveis nós na minha cabeça. Não dava para negar que aquilo estava, de um todo, certo. Eu passava por tudo aquilo e nada me assombrava mais.
O problema que eu busco solução, é meio óbvio. Meu noivado com Brunna indo por água abaixo. O passado que eu via, também era fácil de saber. Nossa relação e a maneira que a felicidade era a única palavra no nosso dicionário. O futuro.. palavra assustadora, mas, para mim, era um completo breu. A única situação que eu não quero enfrentar, é saber que tudo que construí ao longo de quatro anos, está prestes a ruir. Algo cruel sobre mim.. bom, não existe adjetivo melhor que ciumenta. Por mais que detestasse enxergar, essa era a verdade.
- Bom dia. – uma voz preencheu o vazio da sala de química e olhei para frente, encontrando a professora Lopes com um sorriso simpático no rosto. – Por que chegou tão cedo?
- Caí da cama.
- Algo te perturba?
- Constantemente, mas não vem ao caso.
- Não quer falar, certo?
- Certo.
- Olha, sei que pensa que eu dei em cima da Brunna, mas isso..
- Professora Lopes, eu prefiro que você não comece com esse assunto. Meu humor matinal não costuma ser dos mais agradáveis e, sinceramente, não vai ser bom para nenhuma de nós iniciar uma breve discussão.
- Mas, Ludmilla...
- Oliveira. Não me chama pelo nome, intimidade é algo que não temos.
- Como desejar.
A conversa foi finalizada pelo alunos que entravam entusiasmados no que seria a última aula de química antes da prova final. Patty correu para sentar do meu lado e parecia afobada, estava assim desde que começara a estudar. Bebia garrafas e garrafas de café e quase nunca saia do quarto. Uma rotina que se repetiu por todos esses anos e, é claro que no último, não poderia ser diferente. Ela parecia ansiosa e sua perna mexia freneticamente. Efeito da cafeína. Já perdi a conta de quantas vezes pedi para que ela diminuísse a dose, mas nunca adiantava e, sinceramente, aconselhar que parasse logo agora, seria inútil.
- Estou nervosa por você.
- Como assim? – Patty me olhou curiosa, enquanto retirava o grosso caderno de dentro da bolsa.
- Está parecendo uma louca. Não come direito, se enche de café e fica trancada naquele quarto o dia todo. Vai acabar doente.
- Vira essa boca pra lá.
- É só um conselho. Sei que as provas finais te assustam, mas se comportar como uma lunática não vai te ajudar.
- Vou ignorar seu comentário. – revirei os olhos e me concentrei na explicação que a professora iniciara. Fórmulas e mais fórmulas. Química era algo que me enojava, mas não era um bicho de sete cabeças.
As horas passavam arrastadas, nada parecia me distrair, nem mesmo a certeza que daqui a duas semanas, eu estaria formada. Meus pensamentos voavam para longe, em outra época. Ensino médio, talvez. Tudo era tão fácil, a rotina não era de fato, cansativa. Em pensar que ainda vou passar pela residência e estagiar em um hospital enorme, sendo tratada como lixo por médicos mais velhos e que se acham os donos da razão. Meu estômago embrulhava só de imaginar.
Depois da aula, eu e Patty caminhamos lado a lado até a cafeteria. Precisava de um expresso ou de um cappuccino, o resto do dia seria puxado demais. A decoração de natal da Columbia estava linda, era incrível o que os funcionários podiam arrumar de uma noite para a outra. Olhava para cada enfeite e abri um sorriso involuntário, que não passou despercebido pela pequena.
- Por que o sorriso bobo?
- Nada, eu fico assim no natal.
- Época maravilhosa, não é?
- Sim, recheada de lembranças. – suspirei e peguei os livros que ela carregava com dificuldade. – Me deixa te ajudar, sei que está pesado.
- Obrigada, Lud.
- Cadê o Harry?
- Eu não sei, não o vi até agora. Fiquei surpresa quando ele repetiu a última matéria de anatomia só para se formar com a gente.
- Fiquei chocada, isso sim. Achei loucura, mas se ele preferiu estar com a gente na formatura, não serei eu quem vai impedi-lo.
- Verdade. Ei, como está a Brunna?
- Não sei, Patty. Sabe bem que durante alguns meses, a última coisa que sei, é como ela está. Não conversamos mais, Brunna não me conta sobre seu dia ou o que vai fazer. Estive pensando em qual momento eu permiti que nossa relação chegasse a esse ponto.
- Você sabe qual foi. Esse ciúme excessivo. Não só seu, é claro, mas dela também. Acho que vocês precisam conversar e resolver essa situação, ou..
- Ou o que?
- Dar um tempo e deixar a poeira baixar.
- Ficou louca?! – minha voz saiu um pouco alterada e Patty abraçou os cadernos que estavam em seus braços. – Desculpa, é que essa ideia é um tanto absurda pra mim. Não consigo pensar em outra separação, acho que não aguentaria.
- Mas sejamos sensatas, Lud, vocês estão caminhando para isso.
- É.. eu sei.
A cafeteria estava cheia, mas por sorte, conseguimos uma mesa que tinha acabado de vagar. Colocamos nossas coisas em um cadeira vazia e fizemos os pedidos para um dos garçons. Essa era a parte boa da Columbia, você não precisava levantar para pedir nada. Nossos cafés não demoraram para chegar e assim que tomei o primeiro gole, senti o corpo esquentar. Reconfortante.
Patty revisava alguns conteúdos da aula de química e eu brincava com a colherzinha dentro da xícara. Enquanto me afogava em meus pensamentos, senti uma mão no meu ombro. Olhei de relance e encarei aquelas bilhas cor de mel, me fitando com receio.
- Eu.. preciso falar com você.
- Aconteceu alguma coisa?
- Vai acontecer.
- Como assim, Brunna?
- Aqui não. Vamos para a minha sala, está vazia. – virou as costas para mim e senti meu coração bater mais rápido que o normal, não suportaria outro término. Pedi licença para Patty, que quase não prestou atenção no motivo de eu levantar e caminhei lentamente até a sala de anatomia. O cheiro forte de formol preencheu minhas narinas e me deixou tonta.
- Sente-se.
- Não quero me sentar, quero saber o que vai acontecer.
- Ludmilla..
- Brunna, fala agora ou eu saio dessa sala e dane-se o que você tem pra me contar. – cruzei os braços na altura do peito e ela suspirou. Passou a mão pelos cabelos e fitou as enormes janelas da sala.
- Eu vou viajar hoje.
- Por que?
- Preciso de um tempo.
- Está dando um tempo de nós?
- Talvez.
- Me dê um bom motivo.
- Precisamos nos afastar um pouco, ou nós vamos levar esse noivado à ruína. E, sinceramente, não é o que eu quero.
- Claro, até porque, dar um tempo e viajar vai resolver metade dos nossos problemas.
- Por que não consegue pensar?!
- Por que não consegue agir como adulta?! – minha voz saiu firme e Brunna parecia acuada no canto da sala. Mais uma vez. Mais uma maldita vez. – Não sei se posso aceitar isso.
- Amor, eu..
- Cala a boca e não me chama de amor. Quanto tempo vai ficar fora?
- Na verdade, vou viajar para a Grécia para realizar uma pesquisa biológica. Não vou à passeio. Fui convidada pelo presidente da Columbia, vai ajudar a faculdade e acrescentar muito nos meus conhecimentos. Sem contar que vai ser bom para a gente e..
- Não quero saber pra onde você vai e o que vai ganhar com isso, quero saber por quanto tempo vamos nos separar.
- Dois anos. – aquelas duas palavras me atingiram como uma bala certeira. Brunna ia viajar por dois anos e me deixaria sozinha, de novo. Meu corpo fraquejou e cambaleei para trás, me apoiando em uma das bancadas.
- Dois anos?! Brunna, isso é tempo demais!
- Eu sei, mas é uma oportunidade única. Por favor, tenta entender que vai ser bom pra gente. Não vamos romper o noivado, isso nem passa pela minha cabeça, mas..
- Mas o que?! Você vai pra Grécia por dois anos, o que eu vou fazer até lá?!
- Começar a trabalhar no hospital e construir sua carreira, que eu sei que será grandiosa. - ela se aproximou de mim e segurou meus braços, acariciando de leve. - Sei que você tem todos os motivos para detestar essa viagem, mas por favor, não fica chateada. Isso vai ser bom para nós, essa distância vai nos fazer bem.
- Isso é você quem está dizendo. - me desvencilhei dela e caminhei até a porta. - Faça boa viagem, mas não posso garantir que vou esperar você, já fiz isso por muito tempo.
Saí da sala dela e corri até a cafeteria, Patty ainda revisava a matéria e eu não queria transparecer o rebuliço que acontecia dentro de mim. Conversaria com ela, mas não na faculdade. É incrível o que uma notícia pode fazer com a gente, seja ela boa ou ruim. Brunna ia embora por dois anos e, para falar a verdade, eu não via nada de positivo nisso. Patty fez um movimento brusco e acabou derrubando todo o cappuccino em cima das suas anotações, o que causou um colapso nela.
- Puta merda, eu não acredito. - seus olhos arregalados, observavam o papel branco obter uma tonalidade marrom. - Porra, não!
- Você falou mais palavrões agora, do que em toda a sua vida.
- Foda-se, Lud. São meus resumos para as provas finais e agora está tudo destruído! - um filete de lágrima rolou por sua bochecha e eu limpei com o dedão.
- Não se preocupe, vou te ajudar a recuperar tudo.
- Como?! Você não copia nada!
- Obrigada pela parte que me toca, mas vou te ajudar mesmo assim. Além disso, estarei estudando também e preciso ocupar minha cabeça com outras coisas.
- Por que essa vontade repentina de estudar? Tem haver com a Brunna?
- Tem sim, mas não quero conversar sobre isso agora.
- Tudo bem. Vamos, temos prova da Vives agora.
Eu não andava, apenas me arrastava. Fazer prova nas minhas atuais condições, me dava um calafrio, não queria levar bomba logo agora. Anatomia A era a matéria que eu mais me destacava, apesar da minha noiva dar a B. Lucy tinha muito mais paciência que Brunna para passar o conteúdo e isso facilitava o aprendizado de todos. O problema, é que a notícia da viagem de Brunna para a Grécia, abalou não só o meu emocional, como meu psicológico. Era como se tivessem passado uma borracha em cima de tudo que eu já sabia. Estava ferrada.
À medida que nos aproximávamos da sala de Lucy, meu coração começou a bater fraco, minha visão ficou turva e senti meu corpo amolecer. Patty rapidamente me segurou e, antes que eu atingisse o chão, dois braços fortes me seguraram no colo. Não vi mais nada, apenas um breu total e conseguia ouvir algumas vozes distantes. Todo esse estresse antes das provas e a viagem de Brunna, fizeram meu corpo padecer. Eu precisava de repouso.
- Ludmilla? – uma voz calma falava ao pé do meu ouvido e eu abri lentamente os olhos, encontrando uma Lucy preocupada. – Graças à Deus você está bem.
- Professora, me desculpa. Atrapalhei sua prova.
- Não, eu deixei a Brunna tomando conta da turma enquanto vinha pra cá.
- Ela não quis vir me ver?
- Na verdade, eu não contei a ela que era você a aluna que desmaiou.
- Por que?
- Porque eu sei que um dos motivos para isso ter acontecido, é ela. Me conta o que houve, talvez eu possa ajudar. – Lucy segurou minha mão com delicadeza e ofereceu um sorriso terno, que me fez suspirar e tomar coragem para desabafar.
- Sabe, eu nunca pensei que ficaria noiva tão cedo e ainda por cima, de uma mulher. Eu amo Brunna mais do que um dia amei alguém, ela é tudo pra mim e quero passar o resto da vida ao lado dela. Mas parece que de uns tempos pra cá, não é assim que ela pensa. Brunna tem me evitado, brigamos constantemente, não trocamos mais do que cinco palavras que, logo depois, se transformam em uma discussão generalizada. Não sei o que está acontecendo ou em qual momento isso explodiu, mas está me fazendo muito mal. Isso não é nem o pior, porque depois disso tudo e nosso noivado estar passando por essa crise, Brunna inventou de viajar para a Grécia. Vai passar dois anos lá, trabalhando em um projeto idiota pela Columbia.
- Dois anos?!
- Não é um absurdo?! Eu sei que isso vai ajudar e muito na carreira dela, mas e a gente?! O que vai acontecer conosco, comigo, com ela, nesse tempo todo? Amor não se mantém com tanta distância, ela pode se apaixonar por alguém lá, já vi isso em muitos filmes. Não posso ser hipócrita em dizer que isso não pode acontecer comigo, porque pode. Isso é normal de qualquer ser humano, mas eu não quero que sejamos assim. Quero minha mulher comigo, vinte e quatro horas por dia. Não é pedir demais.
- Eu te entendo, morena. Sei que não vai adiantar nada eu pedir para que você não fique assim, mas para o seu bem, é o único conselho que posso lhe dar. Brunna já tomou a decisão dela e nada vai fazer com que ela mude de ideia. Ludmilla, talvez isso seja realmente bom para vocês. Pensa no tempo em que terão para pensar e repensar em suas atitudes, só vai melhorar a relação.
- Você e Pepa passaram três anos enrolando o noivado e olha o que aconteceu. – as palavras saíram automaticamente e eu levei as mãos à boca, me odiando por ter falado isso. Lucy respirou fundo e fechou os olhos, rindo fraco em seguida.
- Não pude controlar a Fernanda. Ela me traiu porque sempre foi da sua natureza, desde os tempos da faculdade.
- Então por que ficou com ela?! Por que não procurou outro alguém?!
- Porque eu a amo. Independente de todos os erros e tropeços, Ferreira é a mulher da minha vida e sei que ela também me ama. Do jeito dela de demonstrar, mas ama. Não podemos decidir pelas pessoas quais caminhos elas devem tomar, precisamos deixá-las livres. Brunna nunca foi de trair, enganar, mentir. Ela é louca por você e se acontecer algo lá, duvido que ela não corra para ligar e contar tudo.
- Esse é o meu medo.
- Medo todos nós temos, basta saber lidar com eles e não deixar que isso te engula. Você é uma mulher agora, tem vinte e um anos e com uma carreira promissora pela frente. Sei que foi contratada pelo melhor hospital de Manhattan, não é?
- Sim, o New York–Presbyterian Hospital me convidou por causa das minhas notas, sei que é afiliado aqui da Columbia.
- Exatamente. Uma chance dessas não aparece todos os dias, você é uma menina especial. O Dr. Jones ficaria orgulhoso.
- Será?
- Depois da feira, ele rasgou elogios à você. Disse que seria uma excelente médica, não importaria qual área escolhesse. Claro que comentou que a cardiologia era o melhor caminho, mas que não faria pressão em você. Infelizmente, ele nos deixou e hoje, mesmo sem saber, você escolheu o que aquele velhinho simpático desejava.
- Fico feliz por isso, tira um pouco do peso que tenho nas costas. Todo mundo está apostando todas as fichas em mim e isso me assusta um pouco.
- Ludmilla, a vida é assim. Pessoas vão te cobrar de todos os cantos, você precisa ser forte para aguentar a pressão. Tenho certeza que vai tirar isso de letra.
- Eu espero.. – suspirei e olhei pela janela, flocos de neve caiam e formavam o belo tapete branco pelas ruas de Manhattan, não estava tão frio dentro daquele quarto de hospital. – Professora, como vou fazer a prova?
- Você tirou A+.
- Mas eu não fiz nada, desmaiei antes de entrar na sua sala.
- A professora sou eu e bom, tenho certeza que essa seria a nota que você ia tirar. É minha melhor aluna. – Lucy abriu um enorme sorriso para mim e eu, sem pensar, a abracei. De início, senti seu corpo tensionar, mas logo relaxou e correspondeu meu abraço.
- Obrigada.
- Não precisa agradecer, mas só quero uma coisa em troca.
- O que?
- Que não desista jamais de seus sonhos e sua felicidade, por causa do amor. Sei que pode parecer clichê, mas deixe a Brunna livre, se ela voltar da mesma maneira que foi embora, não resta dúvidas que te pertence. Caso não volte, siga em frente e cabeça erguida. Combinado? – ela estendeu a mão para mim e eu apertei com força, fazendo com que ela desse um sorriso vitorioso. – Ótimo, agora vou me retirar, tenho um exame com o obstetra.
- Espera, obstetra. Você está..
- Sim, estou grávida de quatro meses.
- Ai, meu Deus, isso é maravilhoso. Parabéns! Pepa deve estar encantada.
- Não para de babar um minuto sequer na minha barriga, parece que nunca viu uma mulher grávida. – Lucy passou a mão levemente pelo ventre e sorriu. – Mal posso esperar para essa pessoa vir ao mundo, uma parte minha e da Pepa.
- Estou realmente feliz por você, quero saber de tudo!
- Pode deixar, morena. Agora estou indo, cuide-se.
Ela se foi e eu fiquei naquele quarto branco, sozinha. Pensei no quão feliz Lucy deve estar com essa gravidez e o quanto Pepa não merecia tudo isso, mas se fosse pensar bem, eu também não merecia metade da felicidade que tive. Sim, tive. Porque agora não tenho mais nada, nem sombra das emoções de três anos atrás. A boa notícia é que eu já tinha passado em Anatomia A. Por alguma razão, Deus estava aliviando a minha barra.
Cheguei em casa com a sensação de que um caminhão tinha passado por cima de mim, todo o meu corpo doía e nada parecia aliviar. Tanto Patty, como Julia, Mariana e Harry, ainda estavam na faculdade fazendo suas provas e eu, como sempre, fiquei sozinha no apartamento. Olhei cada canto dele e me lembrei dos inúmeros momentos que tive com meus amigos bem ali. Rapidamente um estalo me despertou e eu lembrei que em menos de duas semanas, teria que me mudar. Como não pensei nisso antes?! Para onde eu iria agora?! O plano inicial era morar com Brunna, mas já que ela estava indo embora para a Grécia, não fazia o menor sentido ficar naquele apartamento enorme. Precisava de algo meu.

Secret Love - Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora