Sixty nine

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Xxx Vamos de esclarecimentos? Kkkk Gente desculpem se em alguns comentários eu pareço meio grossa, é o meu jeito e as vezes eu nem percebo ❤️❤️, sorry! Agora, preparem a pipoca! Enjoy xxX

Ludmilla Pov

Observei a fumaça do café subindo e inalei o cheiro forte, despertando um pouco mais. O Sol nascia atrás das árvores e esfreguei o rosto na tentativa de secá-lo. Desde que Brunna deixou a casa da minha mãe em Miami, não consegui pensar em mais nada além do anel e dela dizendo que tinha certeza da sua fidelidade. Uma parte de mim gritava para que eu confiasse nela, mas o histórico de Brunna durante sua época de escola, me fazia duvidar. Girei o anel com o símbolo de Hera no dedo e suspirei derrotada. Odiava admitir, mas ela fazia falta.
- Pensei que fosse te encontrar aqui.
Ouvi a voz baixa da minha mãe atrás de mim e me virei para encontrar uma Sil cheia de olheiras, encolhida em seu robe. Dei um meio sorriso para ela e voltei a encarar o céu alaranjado. Minha mãe sentou-se no banco ao meu lado e segurou minha mão esquerda, passando o dedão de leve pelo anel que Brunna tinha me dado antes de ir embora.
- Mãe..
- Sim, mi hija.
- Sinto falta dela.
- Eu sei que sente, Ludmilla, as crianças também estão bastante abaladas.
- Faz uma semana que não a vejo ou tenho notícias e me sinto péssima. Não saber o que Brunna está fazendo, ou na companhia de quem, me sufoca. Tenho acordado todos os dias antes do Sol nascer, ela diz que fazia isso quando estávamos separadas, porque a ajudava a pensar.
- E tem adiantado alguma coisa?
- Merda nenhuma.
- Ludmilla!
- Desculpa pelo vocabulário, mama, mas estou tão esgotada. Não consigo me expressar usando outras palavras.
- Eu entendo você, mi hija, mas tente se controlar um pouco. Chronos e Atena precisam da mãe.
- Mas eu estou aqui.
- Está em corpo, não em espírito. Para falar a verdade, acho que sua alma foi embora junto com a Brunna.
Senti um filete de lágrima descer pela minha bochecha esquerda e sequei rapidamente, mas isso não evitou que minha mãe percebesse. Dona Sil me puxou para o seu colo e desabei. Senti como se tivesse dezessete anos, assustada com o turbilhão de sentimentos e emoções que explodiam dentro de mim. Levantei a cabeça com dificuldade e passei a manga da camisa no rosto.
- Eu.. tenho que arrumar minhas coisas e dos gêmeos. Nosso voo está marcado para duas da tarde.
- Filha, são seis horas da manhã e você não pregou o olho a noite toda. Por favor, vá descansar. Te acordo às dez.
- Não consigo discutir com você, me rendo. Vou deitar um pouco. Se os gêmeos..
- Caso acordem antes de você, preparo tudo. Vá deitar no meu quarto, assim não atrapalha o sono deles.
- Obrigada por ser quem é.
- Eu te amo, Ludmilla. Agora, cama!
Dona Sil deu um sorriso acolhedor e um beijo na minha testa. Levantei me esticando e rumei para o andar superior, olhando as fotos que estavam na parede. Meus anos da infância até aquele terceiro, intenso e último ano da escola. Fotos com Brunna, nosso jantar de casamento, dezenas dos gêmeos. Estava tudo ali, momentos felizes registrados para sempre. Respirei fundo e voltei a subir as escadas, parando em frente à porta do meu antigo quarto e entrei para dar um beijo nos dois.
Chronos e Atena dormiam lado a lado, aconchegados em um edredom que os engolia de tão grande. Me aproximei com cautela e beijei-lhes a testa, acariciando suas cabeças. Cada dia que passava, Chronos se parecia mais com Brunna, especialmente a boca e o queixo. Era doloroso, mas apesar de serem filhos do Bruno, era Brunna quem surgia em seus traços. Me arrastei até a porta e lhes lancei um último olhar.
- Mamãe ama vocês. Me desculpem por essa situação, mas eu prometo que vai dar tudo certo.
Fechei a porta com cuidado e rumei para o quarto da minha mãe, esfregando as têmporas com força. Minha cabeça latejava, talvez pela falta de sono, meu corpo suplicava por descanso e eu me sentia incapacitada de dar o que ele pedia. Deitei na cama e afundei o rosto no travesseiro, implorando para dormir rápido. Por incrível que pareça, não demorou muito e eu apaguei. Completamente exausta.
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Chegamos em Manhattan por volta das seis horas, graças ao atraso do voo. Uma chuva violenta desabava do lado de fora do aeroporto e eu comecei a ligar para todas as companhias de táxi que conhecia, totalmente em vão. Pelo visto, teríamos que esperar que algum do próprio aeroporto vagasse. Chronos e Atena estavam sentados em poltronas e brincavam com Calleb, que chorava, pedindo para sair da gaiolinha. Olhei para os lados e parei na direção de uma BMW preta, estrategicamente estacionada em frente à saída de passageiros. Meu coração deu quatro pulos dentro do peito quando vi o rosto iluminado de Brunna aparecendo na janela, mostrando seu melhor sorriso. Caminhei até ela com os braços cruzados e cara de poucos amigos.
- Táxi?!
- Táxis não costumam ser amarelos?! – fiz meu tom de voz mais firme que consegui e ela olhou para o veículo com o cenho franzido, talvez pensando em uma resposta rápida.
- Desculpa, é que acabei de comprar e não consegui prepará-lo.
- Taxistas não costumam ser homens?
- Algum preconceito se for mulher?!
- Talvez.
- Por que?!
- Porque o último táxi preto que eu peguei, que coincidentemente era uma BMW e uma mulher dirigia, acabou estraçalhado em um poste.
- Meu Deus, que desastre.
- Não é?! Por isso, não me leve à mal, mas não confio em motoristas de táxis, que o carro seja uma BMW preta e ainda por cima, com uma mulher no volante. Sem contar com essa cara de psicopata.
- A senhorita conseguiu me ofender de três maneiras diferentes, mas ainda assim, quero levá-la ao seu destino.
- Minha lista de insultos é grande, está disposta a escutar o caminho todo? – abri um meio sorriso e Brunna piscou algumas vezes, antes de soltar uma risada gostosa. – Sem falar que tenho dois filhos e um cachorro, que estão me esperando logo ali.
- Contanto que a senhorita aceite entrar no meu humilde táxi, posso ouvir toda a sua lista de insultos sem problemas. Sem contar que adoro crianças e, vendo pela mãe, já sei que são lindos. Por coincidência, instalei duas cadeirinhas hoje de manhã, acho que foi uma premonição.
Brunna me olhou com esperança e eu bufei, completamente entregue àquele pequeno teatro. Mordi o lábio inferior e ela percebeu que a batalha estava ganha. Virei as costas para ela e fui buscar Chronos e Atena, que agora estavam com Calleb no colo. Me ajoelhei perto deles e mostrei Brunna de longe, não precisei dizer palavra alguma para que os dois levantassem correndo e fossem em direção à ela, que abriu os braços para acolhê-los. Guardei Calleb na gaiolinha e empurrei o carrinho com as malas na direção do carro.
- Tudo bem, já aceitei sua corrida. Coloque nossa bagagem na mala, por favor. Chronos, Atena, venham aqui, vou colocá-los nas cadeirinhas.
- Eu ajudo, não se preocupe.
- Você pode guardar nossa bagagem. Dos meus filhos, cuido eu.
Pisquei o olho para ela, que decidiu entrar na brincadeira, virando-se para voltar sua atenção para as malas. Eu sabia que estava chateada com ela, que estávamos separadas, mas minha saudade foi maior que o orgulho de manter Brunna longe de mim. Chronos e Atena me olhavam confusos, não estavam entendendo o que acontecia, mas por enquanto, abriram os maiores sorrisos que já vi. Senti meus olhos arderem e engoli a vontade de chorar, não podia fraquejar na frente deles. Coloquei Calleb entre as duas cadeirinhas e me sentei no banco do carona, esperando Brunna dar a volta e me abrir um sorriso maior que os dos gêmeos.
- Para onde, senhorita..?
- Oliveira. Ludmilla Oliveira.
- Bom, senhorita Oliveira, me chamo Brunna.
- Brunna..?
- Gonçalves.
- Prazer. Me leve para 40 East, 94th Street em Carnegie Hill e faça o favor de não correr, não quero que meus filhos corram risco.
- Pode deixar, madame. Vai chegar em segurança.
- Obrigada.
- Seu marido deve ser um homem de sorte. – Brunna me olhou de rabo de olho, enquanto dirigia calmamente pelas ruas enlouquecidas de Manhattan. – Quero dizer, com todo respeito.
- Não tenho marido, só uma ex mulher sem vergonha.
- Verdade?! Sem vergonha por que?!
- Porque ela me traiu com uma aluna dela, mas..
- Mas..
- Talvez eu não tenha tanta certeza disso.
O carro freou bruscamente no sinal vermelho e Brunna me analisou com os olhos arregalados. Sua expressão beirava a felicidade e a dúvida, conseguia ver em seus lábios um sorriso brotar, mas ela estava fazendo esforço para não sair do personagem. Nossos olhares se cruzaram diversas vezes, e em todos eles, eu percebia que Brunna buscava um sinal de brincadeira da minha parte, mas não ia encontrar. Pela primeira vez, desde que a vi, estava falando sério. Buzinas dos outros carros começaram a soar e ela voltou a si, dirigindo com calma mais uma vez. Consegui ver seus dedos mexendo inquietos no volante, deixando um rastro de suor.
- Você.. não.. tem tanta certeza?
- Não.
- Por.. por que?!
- Porque eu conheço minha mulher e, apesar de todos os defeitos dela, sei que vai conseguir me provar que não fez nada. Tenho certeza de que um dia eu vou acordar e tudo não vai ter passado de um sonho ruim.
- Isso.. isso é muito bonito.
- Sim, mas infelizmente, em um momento de raiva, contactei minha advogada e dei entrada no processo de divórcio.
- Já?!
- O tempo corre, não é?!
- É.. corre mesmo.
Não trocamos mais nenhuma palavra até alcançarmos a garagem do nosso prédio, muito menos nos olhamos. Cada uma pegou um gêmeo no colo e consegui soltar Calleb, prendendo-o na coleira. Observei Brunna caminhar com Chronos nos braços até o elevador e percebi que não estávamos mais naquele teatro. Chegamos na realidade e não tinha nada que eu pudesse fazer. Esperei ela subir com algumas coisas e fui no segundo elevador, já me preparando para possíveis discussões. Olhei Atena completamente apagada no meu colo e lhe dei um beijo na testa, no momento em que a porta do elevador abriu e uma Brunna com cara de poucos amigos me aguardava com as mãos na cintura.
- O que..
- Deixa que eu levo ela para dentro, coloca as malas na sala e solta o Calleb, aposto que o pequeno não aguenta mais ser tratado como uma fera.
- Tudo.. tudo bem..
Ela tirou Atena do meu colo e me virou as costas, andando energeticamente para dentro do apartamento. Com dificuldade, soltei a coleira de Calleb e ele seguiu Brunna para dentro, enquanto eu puxava as malas e deixava em um canto da sala. Subi as escadas que levavam ao terraço e parei na mureta, observando a cidade ser tomada de luzes dos prédios e faróis de carros. Sem contar com as sirenes da polícia, ambulância ou bombeiro. A cidade nunca dormia, vivia sempre perturbada e com movimentos constantes em seu interior. Parecia bastante comigo atualmente. Por dentro, eu era Manhattan. Por fora, absolutamente nada.
- Vou dormir na casa do Harry. – ouvi a voz rouca de Brunna na ponta da minha orelha, fazendo os pelos da minha nuca arrepiarem. – Sei que prefere assim.
- Brunna, esse apartamento também é seu.
- Mas foi você quem pediu distância de mim e eu vou respeitar. Já falei com ele e está tudo certo, venho ver as crianças na quarta-feira.
- Mas.. hoje ainda é domingo.
- Eu sei, mas tenho uma reunião na escola que a Ferreira dá aulas, consegui emprego lá como professora de biologia da oitava série.
- Brunna, não..
- Boa sorte com os papéis do divórcio, vai ser muita coisa para juntar. Quando encontrar tudo, me deixa saber.
- Por que?
- Porque vou ligar para o meu advogado. Não é esse o processo?! Os advogados se encontram junto com o casal que quer se separar, pelo erro de um ou dos dois, e decidem quem fica com o que. Parece simples.
- Brunna, não piore a situação.
- É exatamente por isso que não vou ficar aqui.
- O que isso tem haver com o divórcio e os papéis?!
- Acha que é fácil, Ludmilla?! Está pensando que eu posso suportar deitar todo dia do seu lado naquela cama e não encostar em você?! Nem mesmo um beijo de boa noite ou te abraçar quando sentir frio?! Acha que eu vou conseguir olhar para os meus filhos todo dia de manhã, saber que não estou mais casada com a mãe deles e que não tenho quase direito nenhum sobre eles?! Afinal, Chronos e Atena são filhos do Bruno. Pensa que não é torturante pra mim?! Ter que olhar na sua cara e não fazer nada, nem mesmo te chamar de minha?! Por isso, Ludmilla, não me pede pra ficar. Porque isso sim, é piorar a situação. Já fiz minha mala, estou indo antes que fique tarde. Qualquer problema com os gêmeos, pode me ligar, venho correndo. Boa noite.
- Espera..
- O que foi?!
- E se.. eu estiver com problemas?
- O Harry vai vir, não se preocupe. Tchau.
Vi Brunna me dar as costas e descer pela escada espiral, em seguida, um barulho de porta abrindo e fechando com força. Eu estava sozinha de novo, sem ela, exatamente como em Miami. Deixei uma lágrima cair. Duas. Três vezes, até me permitir desabar, controlando minha vontade de gritar para toda Manhattan o quanto precisava dela por perto. Felizmente, meu lado consciente se apresentou, mostrando o real motivo de tudo aquilo estar acontecendo conosco. Traição. Brunna me traiu com uma aluna. Engoli o choro e desci as escadas, correndo para o quarto e me jogando na cama, inalando todo o perfume que Brunna tinha deixado ali. Amanhã eu teria que trabalhar e não permitiria que ela me atrapalhasse. Mais uma vez, o hospital será minha distração para não pensar nela.
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Secret Love - Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora