Twelve

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Xxx "Um dia eu vou poder falar toda a verdade, a máscara que vai cair diante da sociedade!!" - CORAÇÕES FRACOS, segurem esse tombo! Kkkk até amanhã? Enjoy xxX

Ludmilla Pov

- Ei, acorda!
Pulei de susto, abrindo os olhos devagar e me deparando com Marcos de pé à minha frente, me cutucando e rindo. Eu estava sentada no mesmo lugar onde costumávamos esperar o sinal tocar e o período de aulas começar, mas naquele dia eu milagrosamente tinha chegado mais cedo que ele.
- Oi. – suspirei, toda encolhida e abraçada às minhas pernas, sentindo minha garganta arranhar e fazendo com que meu cumprimento não passasse de um sussurro esganiçado. Minha voz costumava ficar uma merda de manhã.
- Pelo visto, sua mãe tem sido cada vez mais pontual, conseguiu fazer você chegar antes de mim. – ele comentou, parecendo bem humorado como sempre, mas logo franziu a testa, contagiado por minha expressão cansada. - Que foi, não dormiu direito outra vez?
Estremeci de leve, ainda sonolenta, ao me lembrar da noite anterior. O dia anterior em si tinha sido horripilante. Todo aquele... Acidente no laboratório se repetia como um filme em minha cabeça, um disco arranhado. Não passou de um deslize, uma falha, coisa de momento, disso eu tinha certeza absoluta. E não aconteceria de novo. Jamais. Pepa não merecia aquilo, muito menos a safada da Brunna.
- Acho que fui contaminada por um zumbi e não sei. – murmurei desanimadamente, apoiando meu queixo nos joelhos e observando vagamente o pátio vazio. – Tô ficando incapaz de dormir bem. -
Marcos soltou um risinho divertido, que eu ignorei. Meu humor não estava macio o suficiente pra esboçar qualquer tipo de alegria. Alguns minutos de silêncio depois, nos quais eu não pude deixar de me sentir mal por ser involuntariamente ranzinza com Marcos, ouvi vozes femininas vindas da entrada da escola, e nem precisei olhar pra saber a quem pertenciam. Às formas humanas de meu melhor sonho e meu pior pesadelo, claro.
- Bom dia, meninas. – Pepa sorriu ao passar por nós, parecendo bastante animada, o que fez meu estômago revirar. Ninguém parecia notar o incômodo insuportável que se alojara dentro de mim e parecia não querer mais me deixar.
Pelo menos eu não precisei encarar os olhos extremamente culposos de Brunna quando sorri fraco para Pepa, porque mesmo estando bem ao lado da amiga, ela pareceu não querer me olhar também. Desviou sua atenção para algo em seus tênis, que a julgar pela inexpressividade em seu rosto, deviam ser bastante desinteressantes. Agradeci mentalmente por não notar nenhum sinal de que ela tinha contado algo a Pepa, e por ela parecer concordar como que telepaticamente com meu plano de ignorarmos uma a outra. Bom, não custava nada tentar manter meu corpo insanamente desejoso do dela longe do laboratório.
O dia se arrastou preguiçosamente, fermentando meus pensamentos com a falta de concentração. Cada vez que eu piscava, a imagem dos olhos cor de mel de Brunna vinha à minha mente, penetrantes como adagas. Por várias vezes, senti meus pelos da nuca se arrepiarem só de lembrar daquela sensação viciante das mãos dela passeando pelo meu corpo, firmes e determinadas, dos lábios dela me enfeitiçando, de sua respiração entrecortada batendo rudemente em meu rosto e me provocando ainda mais. E quando eu me dava conta de que alguns minutos de aula tinham se passado sem que eu prestasse atenção, meu coração desenfreado custava a se acalmar. Definitivamente, eu só podia estar enlouquecendo.
No intervalo, Pepa não deu sinal de vida. Como nenhum outro professor apareceu (pra minha alegria, já que havia uma em especial que eu adoraria evitar) e a porta da sala dos professores se manteve fechada, deduzi que elas estavam em alguma espécie de reunião. Não estava dando pra reclamar muito da minha sorte, pelo menos, já que todas as atitudes das pessoas ao meu redor pareciam conspirar ao meu favor. Marcos teve uma crise forte com dores de cabeça e foi embora na segunda aula, portanto eu não precisei fingir que estava razoavelmente bem e puxar qualquer tipo de assunto com ele. Nada contra meu melhor amigo, eu o adorava, mas em dias sombrios como aquele, eu preferia ficar isolada de tudo e de todos.
Assisti às últimas aulas vagamente, me desligando quase que totalmente do mundo real. Estava inerte, devaneando, sem realmente saber no que estava pensando, mas com certeza pensando em alguma coisa. Minha mente estava se tornando bastante confusa, até para mim mesma. Fui a primeira a deixar a classe quando o sinal anunciou o fim da última aula, e apressadamente me sentei na mureta onde sempre costumava esperar minha mãe. Nem bem o azulejo da mureta esquentou sob meu corpo, meu celular vibrou. Era minha mãe, dizendo que se atrasaria um pouco, por volta de meia hora, mas que eu devia esperá-la na escola. Foi só pensar em minha súbita sorte, que até então ia bem, pra receber um evento azarado como resposta.
Suspirei profundamente, ainda observando a bagunça de alunos que se acumulavam na frente do colégio, e de repente vi Pepa um pouco mais à frente caminhando em direção à rua, falando reservadamente ao celular e tão concentrada no que dizia que mal olhava para os lados. Andava apressada, como se não quisesse ser vista, e apesar de estranhar aquela atitude dela, preferi não chamá-la. Podia ser algo sério, e de qualquer maneira eu daria um jeito de descobrir o que era no dia seguinte. Sem falar que, do jeito que eu estava, era melhor mesmo esperar até o dia seguinte para falar com ela.
Voltei a encarar os carros que entupiam a rua, com a falsa esperança de encontrar logo o Land Rover de mamãe. Novamente, meu olhar se perdeu em meio aos veículos barulhentos, viajando por algum lugar sombrio de meu subconsciente. Novamente, eu me peguei pensando nela. Em como aquilo tudo parecia tão errado, tão terrivelmente errado... Tão terrivelmente inevitável. Olhei na direção dos largos portões da escola, com um impulso teimosamente crescente dentro de mim, e quando me dei conta do que fazia, meus pés haviam me levado ao andar do laboratório de biologia.
O que eu estava fazendo ali? Eu tinha prometido a mim mesma que nunca mais me permitiria ficar sozinha com ela, nunca mais me deixaria levar por aqueles arrepios que a mera lembrança dela me causava... Então por que meus pés não conseguiam parar de me levar cada vez mais pra perto da porta do laboratório, impossíveis de serem detidos? Que poder era esse que acelerava meu coração, aguçava meus sentidos, me deixava doida pelo simples fato de tê-la perto de mim?
Parei a alguns passos da primeira bancada, finalmente conseguindo controlar meus movimentos. Pena que foi um pouco tarde demais. Meus olhos aflitos pousaram em Brunna, sentada em sua cadeira. Como sempre, ela travava uma luta contra os inúmeros relatórios que abarrotavam sua pasta, com um cotovelo apoiado na mesa e a cabeça preguiçosamente apoiada na mão. Seus olhos inquietos estavam ainda mais sobrecarregados devido às sobrancelhas franzidas sobre eles, o que só a tornava ainda mais bonita. Os lábios levemente contraídos complementavam sua típica expressão de concentração, ou pelo menos de uma tentativa muito forte de obtê-la.
Minha respiração parou, a garganta secou, o coração acelerou, tudo ao mesmo tempo, assim que a vi, tão linda e tão... Próxima. Bastavam alguns passos e eu podia tocá-la, como eu tanto desejava desde o dia anterior. Minhas pernas tremiam de leve, com a adrenalina correndo desenfreada pelas veias, e quando o choque por vê-la se dissipou, um suspiro tenso se apoderou de meus pulmões. Faltava muito pouco pra que eu perdesse a razão... Ou seja, estava mais do que na hora de sair dali.
Infelizmente, também já era tarde demais para isso. Mal eu me dei conta de que observá-la estava ficando perigoso, e ela ergueu seu olhar pra mim, parecendo surpresa em me ver. Foi impossível desgrudar meus olhos dos dela, tão claros e faiscantes na minha direção. Meu sangue borbulhava dentro de mim, eu quase podia sentir a euforia pinicando freneticamente nas paredes de minhas veias.
Brunna não disse nada, apenas semicerrou os olhos, tentando entender minha presença ali. Me senti totalmente patética, parada ali com cara de nada, e após alguns segundos buscando minha voz em algum lugar de minha garganta, gaguejei:
- D-desculpe, eu... Não sei o que vim fazer aqui. -
Com a vergonha imensa que sentia transparecendo em minhas bochechas ferventes, desviei meu olhar do dela com esforço, tentando em vão dar nem que fosse um mísero passo na direção da porta. Mas antes que meus músculos rebeldes pudessem ser convencidos a me obedecer, ouvi sua voz confiante perguntar:
- Tem certeza de que não sabe? -
Todos os meus esforços desceram pelo ralo, e minhas pernas se fincaram com ainda mais força no chão com a resposta dela. Quando voltei a encará-la, vi que ela estava de pé, caminhando calmamente até mim com a expressão transbordando malícia, e gemi por dentro. Por que ela não podia simplesmente facilitar as coisas e me deixar ir embora?
- Não pensei que voltaria tão rápido, Oliveira. – Brunna disse enquanto andava, com a voz mais cordial agora, e um sorriso torto preencheu seus traços. – Realmente, você não para de me surpreender. -
Perplexa com sua maneira de lidar com os fatos e sentindo uma certa raiva borbulhar dentro de mim pelas palavras vitoriosas dela, continuei imóvel enquanto ela fechava a porta do laboratório. Não satisfeita com aquele grau de privacidade, ela lentamente girou a chave na fechadura, fazendo o barulho da tranca enferrujada ecoar pelas paredes. Senti Brunna se virar para minhas costas, ficando praticamente colada em mim, e seu perfume invadiu suavemente meus pulmões, numa intensidade bem mais fraca do que a que eu gostaria. Bem mais fraco do que eu precisava.
- Eu acho que essa história de pedir desculpas toda hora tá ficando meio confusa. – ela começou, colocando meus cabelos para um lado só e beijando lentamente as partes expostas de minha nuca e pescoço. - Então eu estava pensando... Que tal arranjarmos um novo jeito de nos... Entendermos? -
Meus olhos se fecharam pesadamente, como se os leves toques de seus lábios em minha pele tivessem o mesmo efeito de soníferos, que de alguma maneira só deixavam meu coração ainda mais acelerado. A respiração quente e fraca dela ao pé do meu ouvido estava me dopando, arrancando meus pés do chão e me levando às alturas. Ainda incapaz de dizer qualquer coisa, apenas a deixei continuar.
- Você me causou vários danos... Não só morais, mas também materiais, já que a minha BMW virou ferro velho por sua causa. – Brunna sussurrou devagar, interrompendo-se entre algumas palavras pra seguir sua trilha de beijos até a minha orelha. - Mas quero que saiba que não me importo com nada disso. Não sou o tipo de pessoa que guarda rancor. -
A discreta rouquidão em sua voz ao pronunciar cada uma daquelas palavras, como se estivesse tão entorpecida como eu, só ajudou meu coração a se debater com mais força contra meus pulmões, provocando uma falta de ar ainda maior. Brunna envolveu minha cintura com suas mãos, desenhando seu formato até alcançar meus quadris num movimento tentador. Àquela altura eu já estava arrepiada da cabeça aos pés, sem fazer questão de esconder. Era até bom mesmo que ela soubesse que nada mais me importava naquele momento a não ser ela, e a inexplicável necessidade que eu tinha de tê-la o mais próximo possível de mim para que toda a minha aflição sumisse.
Ela roçou a ponta de seu nariz no lóbulo de minha orelha, mordiscando a região lenta e torturantemente logo depois, e em meu último instante de sanidade, pude ouvi-la soprar:
- Sorte sua.
Sem conseguir mais resistir, com o corpo todo tremendo de luxúria, eu me virei pra ela, agarrando seus cabelos com determinação e colando nossos lábios desesperadamente. Já esperando essa reação, Brunna continuou segurando firmemente meus quadris com uma mão e subindo a outra até minha nuca, retribuindo mais intensamente as carícias furiosas de minha língua com a sua. Senti que ela sorriu vitoriosamente durante o beijo, mas estava descontrolada demais pra formar uma opinião sobre o assunto.
Uma superfície vertical e dura se chocou contra minha região lombar, e só então eu percebi que ela tinha me prensado entre seu corpo e a bancada. Inconsciente de meus movimentos, me vi pegando impulso com as mãos espalmadas sobre o balcão, e logo em seguida sentando sobre ele. Sem perder tempo, Brunna se encaixou entre minhas pernas, declarando nitidamente que não pretendia se afastar de mim.
As mãos dela corriam livremente pelas minhas coxas e barriga, assim como as minhas exploravam sua barriga, seios e braços. Vez ou outra ela sorria discretamente, parecendo maravilhada com seu feito. Eu, Ludmilla Oliveira, totalmente entregue aos encantos de Brunna Gonçalves. Há algumas semanas atrás, isso me pareceria completamente insano. Hoje, a idéia parecia ainda mais absurda, mas de alguma maneira, extremamente necessária.
Os dedos ágeis dela começaram a passar mais tempo do que deveriam brincando com a barra da minha blusa, fazendo minha respiração falhar com ainda mais frequência. Sentindo ondas de calor cada vez mais fortes percorrerem meu corpo a cada segundo, segurei suas mãos e as coloquei sobre meus seios sobre a blusa mesmo, totalmente fora de mim. Talvez assim ela sentisse a arritmia crítica que regia meu coração, e terminasse logo com aquela agonia insuportável urrando em meu interior.
Visivelmente surpresa com minha atitude insana, ela não demorou a explorar meu busto, fartando suas mãos em meus seios e demonstrando satisfação. Obrigada por meus atributos físicos decentes, papai do céu. E muito mais que obrigada pelos dela também. Meus movimentos involuntários e enlouquecidos continuaram, e só quando senti a pele quente de seus seios contra meu peito nu, percebi que eu tinha arrancado não só a minha blusa, mas também a dela.
Nossa falta de ar era tão gritante que já não ofegávamos mais, soltávamos espécies de grunhidos desesperados por oxigênio, e ela pareceu decidir que era hora de seguir adiante. Ótimo, porque eu também pensei a mesma coisa. Brunna afastou apressadamente seus lábios dos meus e começou a se desfazer do resto das roupas que ainda usava. Sem nem me dar ao trabalho de me levantar, fiz o mesmo, e em tempo recorde, já estávamos grudadas de novo, sem nenhum tecido nos atrapalhando.
Brunna me beijou por alguns segundos, insanamente descontrolada por me ver nua, mas logo deu um jeito de livrar seus lábios dos meus pra resolver um assunto importantíssimo: começar a descer seus dedos em direção a minha intimidade. Enquanto eu agarrava a maior quantidade possível de cabelo dela, suspeitando até de que tinha arrancado alguns fios, e beijava seu pescoço cheiroso sem a menor vergonha, ela começou a brincar com meu clitóris. Eu não me importava de estar sendo só mais uma dentre os vários alunos e alunas que ela já havia pegado, seria a primeira e última vez mesmo. Era apenas uma irresistível e momentânea atração física, e jamais passaria disso.
Ela voltou a me beijar, faminta graças aos meus talentos para lidar com pescoços perfumados, e eu acariciei firmemente seus quadris, dedilhando sua virilha. Escorreguei minhas mãos um pouco mais para baixo e para a parte de trás, e me surpreendi com o relevo que encontrei. Eu me lembrava de ter observado aquela bunda (sem querer!) antes, mas não imaginei que no quesito tato ela pudesse ser tão melhor.
Brunna apertou minha cintura com firmeza, e sem nem me dar tempo de assimilar o que pretendia, ela depositou dois dedos, me fazendo pensar por um momento que me rasgaria por dentro. A força com a qual ela investiu, somada ao efeito único que seu corpo tinha no meu e ao nítido tesão em sua expressão fechada, me causaram uma sensação que eu jamais tive com nenhuma outra mulher. A maneira como ela continuava investindo, incessantemente firme, enquanto soltava ruidosamente o ar em meu ouvido, me faziam retorcer os dedinhos dos pés e agarrar seus ombros como se eu dependesse daquela força pra viver. Meu corpo todo estava tenso, sobrecarregado de prazer, e ainda assim ansioso por mais.
Ela dava leves selinhos na curva entre meu pescoço e meu ombro de vez em quando, provocando choques elétricos a cada vez que seus lábios tocavam minha pele. Qualquer contato entre nossos corpos provocava essa sensação, e agora eu podia afirmar que a eletricidade entre nós poderia abastecer uma cidade inteira. Nunca na minha vida eu pensei que fosse gostar tanto daquela maneira rude, quase dolorosa, mas agora eu podia entender por que algumas pessoas não conseguiam viver sem aquilo. Era sem dúvida a sensação mais viciante do mundo.
Após alguns minutos me adaptando à coisa mais prazerosa que eu já tinha experimentado na vida, recuperei meus movimentos, e logo voltei a perder o controle sobre eles. Meus lábios grudaram em seu pescoço úmido de suor como se eu fosse uma sanguessuga, dando chupões que provavelmente deixariam marcas, e minhas mãos trêmulas contornavam seus ombros tensos e maravilhosos, isso quando não estavam percorrendo o resto de pele alcançável dela. É normal uma mulher suar morango com champanhe ou seria uma alucinação da minha cabeça?
Quando já tinha perdido a conta de quantos orgasmos ela já tinha me causado, o cansaço começou a me dominar. Lutando contra a exaustão que teimava em querer interromper aquela sensação incrível que o toque dela provocava em mim, joguei a cabeça pra trás, segurando seus cabelos entre meus dedos enquanto ela beijava intensamente meu pescoço e colo. Sem sucesso algum em me manter firme, voltei a deixar minha cabeça na posição normal após algum tempo, procurando os lábios dela na tentativa de afastar aquele cansaço mais do que inconveniente. Brunna conseguiu me reanimar com seu beijo provocante, desci meus dedos e resolvi que estava na hora de retribuir todas aquelas sensações. Comecei a masturbá-la com rapidez, até que ela finalmente gozou, soltando um gemido rouco rente aos meus ouvidos, também esgotada.
Abracei seu pescoço devagar, me sentindo um pouco tonta, e apoiei minha testa em seu ombro. Respirei por alguns segundos, de olhos fechados, tentando colocar um pouco de ar em meus pulmões, mas meus músculos ainda pareciam contraídos demais pra permitir isso. Senti as mãos de Brunna acariciarem minha cintura e minhas costas lentamente, e ela de leve depositou um selinho demorado e gostoso em meu pescoço.
- Quando eu apenas imaginava como seria te ter, você já era meu vício. – ela sussurrou, arrepiando meus cabelos da nuca com seu hálito quente. – Agora que eu realmente te tenho... Não vou conseguir te tirar da cabeça. -
Abri os olhos com cuidado, e agradeci por não estar mais tonta. O oxigênio já fluía mais tranquilamente por minhas vias respiratórias, e meu corpo parecia mais relaxado. Ergui minha cabeça sem pressa até conseguir olhar pra ela, e sua expressão demonstrava um deslumbre retraído, intrigado. Era como se eu fosse algo ainda a ser desvendado, algo que ela não conseguia compreender. Apesar de meu rosto só demonstrar cansaço, Brunna também tinha um significado incompreensível pra mim, ainda mais depois de tudo aquilo.
Fechei meus olhos novamente, sem aguentar encarar aquele brilho ofuscante no olhar dela por muito tempo. Meu coração precisaria de algum tempo pra se recuperar, e olhá-la tão de perto nos olhos era suicídio. Respirei fundo, e quando estava prestes a abrir os olhos novamente, senti os lábios dela nos meus, daquele jeito que não me dava outra escolha a não ser corresponder. Não porque ela não me dava chance de escapar, mas porque meu corpo a correspondia sozinho, sem nem pedir autorização. Uma de suas mãos envolveu um lado de meu rosto, e a outra me abraçou pela cintura de um jeito reconfortante.
Alguns segundos perdida naquele beijo e um turbilhão de memórias passaram pela minha cabeça.
Pepa.
Por Deus, o que eu estava fazendo ali outra vez?
- Para, Gonçalves. – soprei, afastando-a com esforço pelos ombros com a expressão vagamente alarmada. – Eu tenho que ir. -
Brunna me encarou por pouco tempo, indo da confusão à resignação em poucos segundos. Me deixou levantar, dando as costas para mim enquanto caçava suas roupas, e eu não ousei olhá-la outra vez, por mais que meus olhos teimosos estivessem diante do fato de que ela sem roupa era ainda mais atraente do que quando estava vestida. Fiz o mesmo que ela, me vestindo rapidamente e ainda cambaleando algumas vezes. Quando terminei, me virei em sua direção, mas ainda sem coragem de olhar diretamente em seus olhos.
Brunna já estava com sua blusa grafite que realçavam seus seios, sua calça jeans escura justa e seus tênis perfeitamente brancos. Com menos roupas pra vestir do que eu, ela já tinha tido tempo pra arrumar o cabelo, despreocupadamente bagunçado do jeito de sempre, enquanto eu ainda procurava um elástico nos bolsos de minha calça pra prender o meu. Com o calor que eu ainda sentia, quanto menos coisas me abafando, melhor.
Quando meu cabelo já estava decentemente preso num rabo de cavalo alto, eu a encarei, mordendo meu lábio inferior um pouco dormente. Brunna estava com as mãos nos bolsos a poucos passos de mim, e seus olhos me instigavam a falar alguma coisa, mesmo que ela não tivesse emitido um som sequer.
- Isso... Isso foi... Isso foi extremamente... Errado. – gaguejei, abrindo e fechando a boca sem dizer nada por várias vezes entre as palavras. – E não vai acontecer de novo. Definitivamente não. -
Ela continuou me encarando, sem expressão a não ser pela intensidade de seu olhar, e alguns segundos depois, um sorriso se formou em seus lábios avermelhados. Um sorriso convencido, nem um pouco preocupado com o ponto final taxativo que eu havia dado naquela situação.
- Que progresso. – ela murmurou, erguendo as sobrancelhas por um momento em tom de surpresa. – Hoje você preferiu falar alguma coisa a sair correndo com cara de horror. Isso aumenta bastante minhas esperanças. -
Meu olhar estremeceu rapidamente quando ouvi sua voz carregada de prepotência. Por algum motivo, ela tinha certeza de que aquilo aconteceria novamente. E de alguma forma, eu não me sentia totalmente firme para contrariá-la. Minhas pernas ainda não tinham parado de tremer, e as sensações que ela tinha me provocado estavam bem frescas em minha memória.
- Você não ouviu o que eu disse? – perguntei, tentando evitar que minha voz falhasse, mas foi totalmente em vão. – Não vai acontecer de novo. Eu odeio você. -
Dizer as últimas três palavras não foi tão convincente como costumava ser antes. Eu não sentia nenhum tipo de afeto por ela, mas odiar parecia não descrever exatamente o que ela representava pra mim. Era algo mais... Indescritível, talvez.
- Claro que ouvi. – Brunna respondeu, irônica, assentindo uma vez e erguendo uma sobrancelha de um jeito que a deixava ainda mais sensual. – Pude ler essas mesmas palavras escritas na sua testa ontem, com a mesma firmeza impressionante. E olha só que coisa, você está aqui hoje. De novo. -
Engoli em seco, com a respiração levemente ofegante. As contradições dentro de mim estavam me deixando tonta novamente, mas eu me mantive firme, mesmo quando ela deu um passo na minha direção. Tudo bem, quando ela deu o segundo passo, eu comecei a ter leves vertigens, e só não caí quando ela resumiu a distância entre nós a poucos centímetros porque ela me sustentava, com seus dedos ao redor de meus braços. Nossos olhares estavam magnetizados, conectados invisivelmente, e só se desviaram um do outro quando ela acariciou minha bochecha com a sua e murmurou em meu ouvido, com aquela voz irresistível:
- Vou esperar ansiosamente pela sua próxima visita. -
Brunna se afastou novamente, com um sorriso de canto nos lábios, e assim que suas mãos me soltaram, pensei que fosse desmaiar. Mas após alguns segundos reunindo forças pra me manter de pé, fiz a única coisa que me ocorreu: saí correndo do laboratório, destrancando a porta com dificuldade, e quase caindo ao descer os degraus das escadas.
Ela estava errada. Eu não voltaria mais. Eu nunca mais me permitiria voltar àquele laboratório, mesmo que meu corpo gritasse pelo dela. Mesmo que meu corpo implorasse pra ter o que só ela conseguia me dar

Secret Love - Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora