Forty one

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Xxx Perdoa essa autora cabeça de vento que esqueceu de postar o capítulo, e não desistam de mim Okay? Enjoy xxX

Ludmilla Pov

OPCIONAL: Leiam com a música I Wish You Love - Rachael Yamagata .. dê play quando começar.

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- Eu espero que isso não seja umas das suas brincadeiras, Marcos Araújo – eu passava a mão no cabelo e fitava um ponto fixo à minha frente.
- Você acha mesmo que eu ia brincar com uma coisa dessas?!
- Como ficou sabendo disso? Ela te contou?!
- Ontem a noite, quando chegamos ao apartamento, Brunna estava no terraço bebendo. Eu sei que não é muito do feitio dela fazer isso, mas já tinham duas garrafas de vodka vazias do lado dela. Coyote ficou puto da vida, tirou o copo da mão dela e a carregou para o chuveiro para que tomasse um banho. Por incrível que pareça, não reclamou em momento algum, fez tudo que mandamos ela fazer. – Marcos suspirou e levantou o rosto para o céu. – Brunna está acabada, essa desconfiança e brigas de vocês tem colocado essa mulher abaixo de zero. Sabemos o quão cheia de si ela é, mas nem estou a reconhecendo mais. Bebendo como se fossem seus últimos minutos viva, olheiras, mau humor pra dar e vender. Eu não estou te acusando de causar isso nela, mas, Ludmilla.. – me olhou e seu semblante estava sério, senti que ia escutar algo que não queria. – Eu.. acho que está na hora de você dar uma pausa definitiva.
- Você por algum acaso bateu a cabeça na parede?! – levantei do banco e me senti golpeada pelas costas. – Qual é o seu problema, Marcos?! Está de qual lado?
- Para de agir como uma adolescente de quinze anos, Ludmilla. Não é só ela que tem problemas, você está um caco também. Nem parecem aquele casal feliz que eu vi alguns meses atrás, essa coisa de vocês estarem juntas no mesmo ambiente, ela trabalhando e você estudando, está corroendo o namoro. Infelizmente, não dá pra salvar só com sexo e declarações bonitinhas. Brunna me contou sobre Lucy, porque parece ser um assunto que está piorando mais ainda a cabeça daquela criatura, o fato dela dar aula pra você assusta mais ainda. Ela tem medo que a Ferreira apareça e faça da vida de vocês um inferno mais uma vez. Sem contar que existem as festinhas de fraternidade, e não adianta você me falar que não vai, porque sei que vai. Está na hora de..
- Isabela está aqui. – o interrompi e fechei os olhos, sentindo minha cabeça doer e uma lágrima teimosa cair pelo meu rosto. Marcos parou de falar e por alguns minutos, o silêncio se fez presente.
- Isabela? Isabela Siqueira?!
- Sim. Ela estuda aqui na Columbia.
- Ai, meu Deus. Ludmilla.. – ele puxou meu braço e me fez sentar no banquinho, tombei a cabeça para seu colo e senti um leve carinho em meus cabelos. – Como sabe que ela está aqui?
- Eu tive o azar de estar no mesmo elevador que ela e seu namorado engomadinho. Não falei nada, mas a desgraçada me reconheceu.
- Olha, Lud, vai se benzer porque essa urucubaca que está em cima pegou forte. Aposto que foi o Duarte. – riu fraco e eu me permiti gargalhar. Bem ou mal, apesar de qualquer esporro que eu possa receber de Marcos, ele sempre dava um jeito de me animar.
- Eu sinto saudade dela.
- Da Isabela? – seu tom surpreso me fez rir mais ainda e abri os olhos, encarando-o.
- Claro que não. Estou falando da Brunna.
- Ah bom, tomei um belo susto aqui. Sinceramente, eu não mudo a minha opinião anterior. Seria bom que as duas ficassem sozinhas por um tempo para aprender, ela precisa retomar a velha autoestima e você tomar vergonha nessa sua cara. Ouvi Brunna chorar a noite toda, tem noção disso? Aquela muralha que sempre foi, permitindo que outras pessoas vissem sua fraqueza, isso não é normal, Lud. O rumo que esse namorou tomou me assustou, e olha que só tem duas semanas e meia de aula.
- Eu sei, Marcos, mas que droga. – levantei a cabeça de seu colo, fitei o chão e mordi o lábio inferior. – Talvez.. se a gente terminar.. podemos voltar melhores depois.
- Está brincando, né?!
- Lucy é ex dela, Brunna não me falou nada. Ela teve a chance de me contar e não contou, o quão escroto da parte dela isso pode ser?!
- Para já com isso, não vem com esse discurso. Você vai contar pra ela que Isabela, seu primeiro e grande amor, está na Columbia também? – abaixei a cabeça e Marcos fez um barulho nasal de deboche. – Foi o que eu pensei. Não adianta você querer jogar a culpa desse namoro estar uma merda nela, isso também tem dedo seu. Pensei que já tivesse parado de tirar o seu da reta pra se safar.
- Afinal, de qual lado você está?!
- Do lado que eu sei ser o certo. Ou seja, nenhum. A mesma coisa que eu estou falando pra você aqui, eu conversei com ela ontem de madrugada. Não ia me meter nisso, Ludmilla, mas a partir do momento que eu percebi que as duas estavam se desgastando por causa disso, decidi intervir. Não pense que Coyote não reclamou comigo, porque reclamou. Bem ou mal, ele sempre fica do seu lado. Disse que Brunna estava sendo imatura por agir dessa maneira com você, mas ele foi outro que tomou esporro meu, porque não soube e nem quis ver os dois lados da história. Então, pelo amor de Deus, não venha até mim querendo jogar sete pedras em Brunna por ela não te contar sobre a Lucy. Não aponta o dedo indicador pra ela quando for acusá-la de algo, porque se você não sabe, um está apontando pra ela, mas tem outros três apontando pra você. Pense nisso. – levantou, me deu um beijo na testa e caminhou de volta para o campus. Eu fiquei parada por mais alguns minutos, apenas fitando o nada. Cada palavra de Marcos batia e rebatia dentro da minha cabeça e eu senti vontade de gritar.
"Não faço ideia de onde você está, mas essa é uma boa hora pra aparecer. Os professores precisam de nós para algumas coisas. – Patty"
Li a mensagem de Patty e corri para pegar meu jaleco dentro do meu armário, o prédio estava vazio e facilitou a chegada do elevador. Apertei o 10º e comecei a batucar com a ponta dos dedos nas paredes de aço, um tanto ansiosa para chegar logo ao meu destino. Depois de dois minutos, finalmente alcancei o andar e sai correndo em direção aos armários. Não tinha nenhuma alma viva naquele corredor frio, fedendo a ala cirúrgica de hospital. Os armários não tinham cadeados, era um sistema de tranca moderno, usando impressão digital do aluno para abrir. Coloquei o dedo no local indicado e a portinha se abriu, peguei o jaleco, guardei o casaco que estava vestindo e assim que fechei novamente a porta, meu coração foi literalmente na garganta.
Calça de couro preta, camisa branca social, uma jaqueta de couro também preta, saltos, cabelo liso escorrido até a cintura e um sorriso maldoso nos lábios. Nunca pensei que fosse sentir o medo e a tensão que eu estava sentindo naquele momento. Minhas mãos suavam e sentia minha respiração descontrolada, quis correr, mas minhas pernas não se moviam, estavam presas no chão. Olhei de relance para o corredor com a esperança de que alguém passasse por ali mandando eu descer para ajudar os professores e médicos, mas não havia nada. Sua risada sarcástica invadiu as paredes e fez ecoar por todo o corredor, fazendo um calafrio percorrer minha espinha. Seu braço direito estava apoiado nos armários e a mão esquerda na cintura, seu olhar carregava um misto de desejo e ódio. Quando eu achava que a vida não poderia me sacanear mais ainda, ela me surpreende.
- Olá, Oliveira. – seu sorrisinho irônico me deu vontade de vomitar, mas ela não demonstrou em momento algum se abalar pela minha expressão facial. – Vejo que está feliz em me ver.
- O que quer comigo, Ferreira?
- Com você? Nada. Só passei para dar um oi.
- Até parece.
- Não pense que eu ainda tenho algum interesse em ter algo com você. – ela passou por mim e eu segurei seu braço, o que a fez rir.
- Então por que veio atrás de mim?!
- Eu não tenho interesse em ter algo com você, meu interesse vai além disso. Fazer a Gonçalves ser demitida daquela escola não adiantou muita coisa, afinal, você se formou e hoje em dia estão juntas. Mas não por muito tempo.
- Fica longe da gente, ou eu conto pra Lucy quem eu realmente sou. – dessa vez o risinho irônico dela se desfez, dando lugar a uma cara irritada.
- Escuta aqui, sua vadiazinha. – jogou meu corpo contra os armários e grudou os lábios perto do meu ouvido, fazendo meus pelos da nuca arrepiarem. – Se você falar alguma coisa pra Lucy sobre o que aconteceu naquela escola, eu te mato.
- Então prepara a arma, sua fracassada, eu não tenho medo de você e nem das suas ameaças. – empurrei seu corpo, fazendo com que se desequilibrasse e caísse no chão. – É assim que você deve ficar e é assim que você vai sempre me ver, de baixo. Sempre inferior a mim. – virei as costas e comecei a caminhar a passos largos, afim de chegar o mais rápido possível no elevador. Assim que o mesmo chegou, olhei para os dois lados, mas não haviam sinais de Fernanda. Entrei no cubículo de aço e apertei o térreo, eu estava suando frio e meu coração batia em um ritmo completamente descontrolado. Pepa estava por ali, poderia aprontar a qualquer segundo e eu teria que ser cautelosa. Um passo em falso e podia ir tudo por água abaixo.
Quando o elevador chegou no térreo, eu já estava mais tranquila, mas não menos medrosa. De cinco em cinco segundos, olhava para trás com medo de que Pepa pudesse saltar de algum canto e me surpreender. Passei os olhos pelas tendas brancas tentando procurar alguém, mas não adiantou nada. Desci os degraus e caminhei tranquilamente pelas pessoas, encontrando Brunna aplicando vacina em uma criança. O cuidado que ela tinha era imenso, não sei porque eu a odiei por tanto tempo no colégio. Ela não me viu ali, estava concentrada demais em não errar o lugar onde a agulha teria que ser enfiada e eu apenas observava tudo com um sorriso bobo nos lábios.
- Se continuar me olhando assim, vou acabar secando aqui. – seu sorriso fraco se fez presente debaixo da máscara que ela usava para proteger seu rosto.
- Como sabia que eu estava de olho em você?
- Estou acostumada a sentir quando você está me secando, lembra daquela vez no colégio que eu te peguei olhando pra minha bunda? Foi tipo isso. – corei na mesma hora e abaixei a cabeça, mordendo o lábio inferior. – Não fica com vergonha.
- Não é vergonha, só algumas lembranças que vieram.
- Posso imaginar quais. – riu um pouco mais alto e eu poderia lhe dar um tapa no braço, se não estivesse aplicando a injeção em uma garotinha de mais ou menos cinco anos. Depois de fazer o procedimento, ofereceu um pirulito para a pequena, que havia parado de chorar e abriu um sorriso, dando um beijo na bochecha de Brunna como agradecimento. Ela levantou de seu banco, abaixou a máscara e eu fitei seus lábios cobertos por um batom vermelho escuro. – Então.. como você está?
- Estou bem. Levando, na verdade.. e você?
- Mais ou menos.. o trabalho não facilita muita coisa. – aquela situação era um tanto esquisita. Parecíamos duas estranhas que foram colocadas frente a frente por amigos, afim de que tivessem uma conversa amigável para sair e se conhecer melhor.
- Brunna, eu.. queria conversar com você.
- Acho que já sei o que é. – fitou o chão e deu uma fungada de leve. – Quando quer falar sobre isso?
- Qualquer hora que não seja aqui, tudo bem? Mais tarde eu passo no seu apartamento.
- O que aconteceu com o nosso? – ela levantou o rosto e vi que seus olhos estavam marejados. Senti um aperto no peito, fazendo com que criasse um nó na minha garganta.
- Eu.. é..
- Ludmilla! Anda logo, o Dr. Jones está te esperando, você é a aluna que foi sorteada pra ele. – Patty apareceu do meu lado, segurando meu braço para que eu saísse logo de lá. Brunna bufou e recolocou sua máscara, deixando apenas seus olhos à mostra. Sentou-se na cadeira e uma outra menininha foi tomar a injeção, virei de costas para sair dali e pude ouvir a criança falar algo para ela que fez meu coração parar.
- Não chora, tia, ninguém que te faz chorar, merece você. – aquela frase literalmente havia acabado comigo. Eu estava chorando enquanto passava pelo corredor de pessoas até a tenda do Dr. Jones, Patty me ofereceu um lenço e disse que conversaríamos quando chegasse em casa, mas que agora eu precisava me concentrar e esquecer dos meus problemas.
O Dr. Jones era engraçado até certo ponto. Bem gordinho, usava óculos redondos de armação dourada, tinha um cabelo branquinho e era mais baixo que eu. Sua especialidade era a cardiologia, algo que eu estava pensando como caminho. A cada pessoa que vinha ser examinada, ele me explicava com toda calma os procedimentos para resolver as situações. Era divertido ter alguém que ao mesmo tempo que trabalhava sério, dava um jeito de animar os pacientes que apareciam, retirando o peso de suas costas de tantas preocupações. Passei cinco horas seguidas com ele. Descobri que tinha uma esposa que era pediatra, uma filha de treze anos e dois cachorros da raça pug. Olhei de relance para o relógio e vi que a feira estava no final, já eram 20:40hrs.
- Dr. Jones, posso ir embora?
- Claro, está liberada. Amanhã te espero bem cedo, talvez a sra. Marshall apareça no primeiro horário.
- Combinado, boa noite, Dr. – deixei a tenda e caminhei lentamente até o prédio, precisava de um bom banho e comida de verdade. Tentei ligar para Patty, mas a pequena não me atendeu, ou estava em casa dormindo ou com Tom fazendo o que não fizeram na noite anterior. Se isso fosse possível. O porteiro do prédio abriu um sorriso para mim ao me ver e me estendeu duas cartas, uma para mim e outra pra Patty. Estranho.
Quando saí do elevador, senti uma puxada bruta em meu braço e me virei já pronta para virar a cabeça da pessoa do avesso, mas encontrei Mariana rindo. Ela fez sinal para que eu fizesse silêncio e me pediu para que eu a seguisse até seu apartamento, não entendi nada, mas decidi entrar na brincadeira. Entramos sorrateiramente e seguimos até o quarto de Juli, senti que ela ia aprontar alguma e já estava com vontade de rir antes mesmo de começar a fazer. Ela pegou uma mesinha de centro, colocou em cima da cabeça de Juli. Afastou-se um pouco e tirou uma buzina de dentro da bolsa, apertou o botão e com o susto, Julia bateu com a testa na mesa, não só uma, como duas vezes. Acho que nunca ri tanto em toda a minha vida. Mariana estava escorada no batente da porta e lágrimas rolavam pelo seu rosto, enquanto a mesma gargalhava sem parar. Juli por sua vez, tirou a mesa de cima de sua cabeça e correu para alcançar Mariana, pressionando-a na parede e lhe dando um beijo. Achei aquilo muito fofo, mas me deu mais angústia ainda por lembrar de Brunna. Me despedi das duas loucas e rumei para o meu apartamento. Girei a maçaneta e senti um cheiro delicioso vindo da cozinha.
- Meu Deus, que cheiro gostoso! – falei enquanto soltava a bolsa em cima da mesa e caminhava em direção à cozinha.
- Que bom que o cheiro te agrada, foi ideia do Tom.
- Espero que goste do gosto também. – ele riu fraco e eu abracei os dois, a diferença de tamanho entre eles era algo que sempre me divertia e que gerava piadinhas e implicâncias.
- Com certeza eu vou gostar, mas agora preciso de um banho. Não aguento mais ficar com esse cheiro de hospital no corpo. – quando estava pegando minha bolsa, lembrei das cartas. Peguei a de Patty e voltei até a cozinha. – Ei, pequeno polegar, chegou essa carta pra você. – ela torceu o nariz por conta do apelido e me bateu com o envelope.
- Carta da faculdade, estranho. Devem ser as datas das provas.
- Mas eu não recebi isso, a minha é diferente.
- Não sei, né.. só vou ler isso mais tarde. Agora vai pro banho que já já vou colocar a mesa.
- Tá bom, mãe. – a abracei e ela mais uma vez me deu um tapinha nas costas, arrancando risadas minhas e de Tom.
Cheguei no meu quarto, tirei os livros da bolsa e organizei na pequena prateleira que tinha acima da escrivaninha. Sentei na mesma e tirei o envelope para ler. Na frente, não tinha nada escrito, além do meu nome. Reconheci de imediato a quem aquela caligrafia pertencia. Brunna. Meu coração começou a palpitar, uma vontade de chorar imensa tomou conta de mim, mesmo sem saber o conteúdo daquelas palavras ou do que tinha naquele envelope. Respirei fundo, abri o mesmo e comecei a ler a carta que ela havia escrito.

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