Capítulo 8

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Olá ^^
Está quase chegando nos capítulos completamente inéditos, mas eu gosto particularmente desse capítulo <3
Tenham um bom dia.

Palavras: 4110

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O prédio da polícia estava excessivamente calmo para ter sido palco de um assassinato há poucos dias. Tudo parecia igual ao habitual, com a exceção de uma coroa de crisântemos brancos e gérberas amarelas, que se destacava na entrada do prédio. O chefe de polícia havia morrido, o assassino ainda estava solto e tudo que a polícia fazia era homenageá-lo com uma reles coroa de flores. Estalei a língua, irritado. Não que eu quisesse que V fosse capturado tão rápido, mas esperava um pouco mais de competência perante tantas pistas.

Alguns policiais me deram as boas vindas, com sorrisos forçados, ou talvez de compaixão. Achavam que eu tinha uma relação próxima com Monsieur Blanc e eu preferia que pensassem daquela forma. Qualquer coisa era melhor do que entrar para a lista de suspeitos, ou fazer V aparecer nela. Quando me aproximei do elevador, suas portas automáticas quase se fechavam, mas uma mão se interpôs, impedindo-as.

Merci.

— Olá, John. Não sabia que você já tinha voltado. — Os olhos claros e brilhantes pareciam sorrir por trás dos óculos. Reconheci o garoto como sendo Louis, o perito que havia chegado antes de mim na cena do assassinato do chefe de polícia. Apesar da atmosfera estranha que pairava sobre o prédio, Louis parecia animado, como uma criança no Natal. Apertei o andar da sala de reuniões, porque, no dia anterior, havia sido avisado que eu deveria ir diretamente para lá.

— Hm. Eu não o vejo muito andando pelo prédio. Geralmente os iniciantes ficam mais com o trabalho de campo, enquanto eu… — Dei tapinhas em meu próprio peito. — Cuido da burocracia e direciono os peritos para cada caso.

— É claro, John, eu sei disso. — O rosto dele pareceu corar, enquanto ajeitava os óculos sobre o nariz com o dedo indicador. — Eu só estou participando das reuniões ultimamente. O Monsieur Blanc permitiu que eu o fizesse antes de… você sabe. Mas só fui a duas reuniões até hoje.

— Só espero que não fique bom o bastante para tomar o meu lugar. — Meu tom foi de brincadeira, mas Louis ficou sério.

— Sem chance. Eu vi você falando na última reunião e é bastante incrível. Parece que nasceu para aquilo.

As portas do elevador se abriram e ambos saímos, observando a quietude do andar. Os sons de nossos passos ecoavam em meio ao silêncio, como se aquele pavimento, onde aconteciam as investigações dos principais crimes, tivesse morrido junto com o chefe.

Enquanto caminhávamos, eu me recordava do dia anterior, o qual V parecia extremamente dócil, como se fizesse de tudo para me agradar. Seus lábios passaram o dia tocando os nós dos meus dedos, meus ombros, meu rosto… Era como se tivesse sido transformado em um príncipe dos contos de fada e eu fui me deixando enganar. Entretanto, quando estávamos andando de braços dados próximos ao Sena, V tocou no delicado assunto do assassinato de Blanc e, tranquilamente, disse-me para culpar outra pessoa. Como se fosse tão fácil.

— Quem vai liderar a reunião se não temos mais o Blanc? — Perguntei, de repente, parecendo tirar Louis de alguns de seus devaneios também.

— Uma chefe de outro distrito, mais próximo ao Mediterrâneo, veio substituí-lo temporariamente até que contratem um efetivo. Nós ainda não a conhecemos, então essa reunião deve servir para isso.

— Entendo. — Os distritos próximos ao Mediterrâneo eram mais tranquilos que Paris. Uma chefe vinda de lá não seria bem adequada para uma cidade turística com um ritmo completamente diferente, até mesmo um pouco caótico. Além disso, a polícia de Paris não estava subordinada ao mesmo órgão que as demais, o que causava um certo conflito com o fato de terem chamado alguém do interior para chefiar.

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