Capítulo 20

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Olá, seres humanos.
Esse capítulo marca o início de um novo arco. Portanto, recomendo atenção nas coisas que acontecerão à partir dele, como fizeram marcando na memória o sósia do Jungkook, o qual eu voltei a citar somente no capítulo anterior a esse.
Estou conseguindo escrever rápido ultimamente e provavelmente postarei rápido também. Espero que gostem desse novo arco e desse capítulo. Bjs <3

Palavras: 3500

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V queria que eu matasse novamente aquela noite, eu tinha certeza.

Eu dirigia para a OneStep com os vidros do carro abertos, deixando o vento gelado bagunçar meus cabelos. Por mais que eu respirasse fundo, deixando a maior quantidade de ar possível vir até mim, ainda me sentia sufocado. Uma coisa era eu matar com o pensamento de que seria protegido por V, outra era eu fazer isso temendo que ele me entregasse.

Havia se passado apenas uma semana desde o meu primeiro assassinato e, no que tudo indicava, V pedia por meus serviços mais uma vez, insaciável. A motivação para que eu matasse em seu lugar, segundo ele, era que tivesse aparições públicas nos horários das mortes, enquanto o meu sósia tinha aulas de tango. Dessa forma, ambos teríamos álibis e V poderia continuar matando em outros momentos. Em outras palavras, eu estava ajudando-o a manter seu vício, alimentando o seu instinto assassino com menos perigos. Contudo, se V continuasse naquele ritmo, com o tempo não haveria mais pessoas ricas e corruptas em Paris. O que ele faria se chegasse a esse ponto?

Deixei o carro no estacionamento da empresa e fui diretamente para o escritório de V, sem maiores contratempos. Minhas mãos suavam quando a porta do elevador se abriu no último andar do prédio e fui em direção à sala do presidente. Contudo, a primeira coisa que notei foi que Olga não estava em sua mesa de secretária, onde sempre costumava ficar para atender os que queriam falar com V. O computador estava em uma imagem de descanso de tela, quando me debrucei para olhar sobre a mesa.

Receoso, caminhei até a porta da sala, que estava entreaberta, como um convite para que eu entrasse. No momento em que ergui o braço para abrir a porta, entretanto, notei vozes no interior do aposento. Do ângulo em que eu estava, tudo que podia ver era uma das estantes com incontáveis livros de V. Uma vez, eu havia o perguntando porque preferia ocupar espaço com livros físicos, quando se podia ler e-books, e ele disse apenas porque estantes com livros eram elegantes.

Apurando um pouco meus ouvidos, percebi que as vozes pertenciam a V e Olga, os quais conversavam em um russo fluído e inteligível a mim. Eu me movi ligeiramente para frente, até que ambos entrassem em meu campo de visão. Ele usava um terno em um tom Azul da Prússia, impecável. Uma de suas mãos, de dedos longos e delgados, segurava uma taça de champanhe, enquanto dirigia à garota a sua frente um sorriso cúmplice, de lábios úmidos. Dela eu só podia ver os grandes e encorpados cachos dourados e as costas de um vestido preto, com o comprimento na metade das coxas brancas e fartas.

Eu não podia ver o rosto de Olga, mas não duvidava que ela retribuía aquele sorriso de quem conhecia os segredos um do outro. A russa também segurava uma taça. Ambos comemoravam algo que eu não tinha conhecimento, algo que só eles sabiam. Comemoravam porque tinham provas contra mim? Comemoravam sobre como ela era perfeitamente capaz de conduzir um assassinato sem vomitar logo após ele? Nos olhos de V com certeza havia admiração. Uma admiração silenciosa, a qual eu sempre havia lutado para merecer.

Tão furtivamente quanto havia chegado, eu saí. Minha mente estava turva, minhas pernas bambas. O meu coração batia com ferocidade, quando caminhei pelos corredores da One Step, sem saber se iria embora ou ficaria. Eu havia sido intimado para ir até lá aquela noite, mas não tinha vontade de ver o rosto de Olga e muito menos o de V. Ele era quem menos merecia ver o quanto a sua ligação com outra pessoa me abalava.

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