Palavras: 3100
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*Jungkook*
Eu olhei o relógio de pulso pela décima vez naquele dia. Era impossível evitar contar cada minuto, não sentir as mãos suarem frio ou manter a concentração nos casos. A minha mente sempre voltava para o que eu havia feito e no quanto eu deveria ficar atento às consequências.
Taehyung estava de volta e V não poderia manter qualquer plano que tivesse em mente sem estar no controle. Entretanto, era imprescindível que Tae ficasse no apartamento, que não deixasse ninguém vê-lo como estava. Era perigoso deixá-lo à solta, porque alguém poderia descobrir a sua existência.
Trazer Taehyung de volta tinha sido mais fácil do que eu imaginara, mas mantê-lo poderia se revelar uma árdua tarefa. Eu precisava ser cuidadoso, porque ele havia se revelado mais dependente, inseguro e instável do que eu me lembrava. Se desconfiasse que eu só estava sendo tão amoroso e repetia tantas vezes o quanto ele era necessário, somente porque queria que V parasse de nos colocar em risco, teríamos problemas.
Enquanto eu não estivesse de volta ao apartamento para controlá-lo, para impedir que V voltasse, sentiria-me ansioso. O som do relógio de pulso era uma tortura. Se algo acontecesse como consequência das minhas ações, jamais teria a admiração de V novamente.
O som de batidas na porta me fizeram desviar os olhos do relógio e fingir prestar atenção no caso em frente à minha tela. Nos últimos tempos, todas as mortes de pessoas ricas primeiro eram inspecionados para verificar se era mais uma vítima do Serial Killer. Caso não fosse, a maioria era encaminhada a mim. Namjoon tomava todos os cuidados. Alguns membros da polícia me questionavam sobre o porquê de eu ter sido afastado do caso, sendo que havia dado passos importantes no assassinato do Chefe Blanc. Eu apenas dizia que havia sido decisão dos superiores.
ㅡ Entre. ㅡ Respondi, começando a digitar a estrutura de um laudo. A porta se abriu e Namjoon entrou, segurando alguns papéis. A linha de expressão, que vez ou outra aparecia entre suas sobrancelhas, estava presente, como acontecia cada vez com maior frequência. Entretanto, seus olhos tinham um brilho afiado.
ㅡ Todos os convidados presentes na festa do Charles Poincaré estão recebendo intimações para depor. ㅡ Começou ele, passando os olhos por minha réplica de "O Pesadelo", como sempre fazia quando entrava naquela sala. ㅡ Dos que estavam presentes no Palais de l'Élysée no momento do assassinato, quase todos já forneceram depoimentos. Aqueles que se retiraram antes, irão começar a receber as intimações.
Namjoon me lançou um olhar desafiador. Aquele tipo de olhar inflamava o meu desejo de não só escapar ileso, mas também de V continuar o que fazia sem nunca ser pego por ele. Porém, eu precisava simplesmente controlar aquele sentimento, principalmente agora que V estava temporariamente fora do jogo.
ㅡ Eu não sou mais responsável pelo caso do Serial Killer. ㅡ Falei, secamente. Namjoon colocou os papéis que segurava na beirada da minha mesa. Eram arquivos do caso do Serial Killer, mas ele nunca me deixaria tocá-los. Só queria me provocar.
ㅡ Sei que não é. Cuidei para que isso acontecesse. ㅡ Namjoon mexeu no próprio relógio quando viu meus olhos desviarem para o meu pulso. ㅡ Mas só queria avisar em primeira mão que já intimei o seu psicopata para depor. Resolvi isso pessoalmente.
Eu engoli em seco, tentando controlar minhas emoções. É claro que V seria intimado, mas não pensei que seria tão cedo, já que não estava no Palais de l'Élysée no momento do crime. Aparentemente a polícia internacional queria abranger o máximo de suspeitos possíveis antes de investigar diretamente no foco do incêndio. Aquele seria um problema, visto que Tae estava no controle. Se eu chamasse V de volta, deixaria óbvio que não conseguia me virar sem ele. Eu teria que treinar Tae e pedir ajuda aos advogados de V, mas não daria o braço a torcer. Eu não...
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Ultravioleta
Misterio / Suspenso[A sinopse contém spoilers de Dois Tons] "Todos estão errados, Jungkook. A tempestade vem após à calmaria." Jungkook e V viveram treze anos com falsas identidades, sempre na corda bamba e confiando apenas um no outro em um país estrangeiro. Com Jung...