Ultravioleta

Capítulo 23

Palavras: 2650

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V

Quando os meus olhos voltaram a se abrir, eu sentia algo frio ao redor dos meus pulsos, que estavam presos nas minhas costas. A adrenalina dissipou qualquer resquício de sono. Meu rosto ainda estava na mesma posição a qual eu havia dormido, voltado para a janela e esmagado contra o travesseiro. O ar estava preso em meus pulmões, mas tentei manter a calma, antes de sentir um peso sobre a parte de trás das minhas coxas.

ㅡ Gostou da surpresa? ㅡ Ouvi a voz de Jungkook sussurrada em meu ouvido e meu corpo relaxou. Não era exatamente agradável estar algemado em qualquer hipótese, mas estar algemado por Jungkook era ligeiramente menos ameaçador.

ㅡ Pensei que tinha me entregado para a polícia. ㅡ Falei, sorrindo. O relógio na mesa de cabeceira marcava 23:35. Eu não podia ver seu rosto, mas pude imaginar Jungkook sorrir. Esperava que o maldito Taehyung estivesse satisfeito. ㅡ Muito trabalho? ㅡ Fingia não estar prestando atenção às algemas.

ㅡ É, bastante. ㅡ Sem aviso prévio, ele ergueu minha blusa até a altura das axilas, deixando minhas costas quase nuas. O lóbulo da minha orelha foi mordiscado, causando-me arrepios.

ㅡ Por que me quer algemado, detive? ㅡ  Não pude evitar de perguntar. Jungkook não costumava fazer nada sem que eu permitisse, mas, com minha mente tão instável, contrariá-lo poderia abrir uma brecha para Taehyung.

ㅡ Quero transar com você enquanto está completamente submisso e algemado. As pessoas fazem isso às vezes. Objeções? ㅡ Seus dedos brincaram pelo cós da minha calça e sua voz parecia dominante. Se eu negasse, demonstraria fraqueza a Taehyung. Se eu consentisse e deixasse que Jungkook me fizesse completamente submisso, também corria riscos. Entretanto, como já havia deixado que ele me fodesse antes, os riscos eram menores. Eu ainda me sentia cansado.

ㅡ Sem objeções. Contudo, só interpretaremos esses papéis porque eu estou permitindo. ㅡ Aquilo era mais para Taehyung do que para Jungkook, para assegurar de que não era uma demonstração de fraqueza de forma alguma, só mais um exemplo da minha dominância. Eu ainda dominava e permitia algumas coisas para que Jungkook ficasse por perto. Pelo menos era o que Taehyung precisava acreditar piamente. ㅡ Faça o que te der vontade, monsieur.

ㅡ Como deseja. ㅡ O peso sumiu das minhas coxas e Jungkook girou o meu corpo, o que deixou minhas mãos algemadas presas sob as minhas nádegas. O olhar que eu encontrei era mais frio do que eu imaginava, como se ele estivesse efetuando uma prisão e não que estivesse prestes a fazer sexo.

A fim de esquentar o clima e a mente de Jungkook, enlacei sua cintura com as pernas e fiz seu corpo curvar-se sobre mim. Aquela seriedade e frieza eram suspeitas, mas, como se lesse meus pensamentos, Jungkook sorriu. O seu rosto perfeito estava sobre o meu e os cotovelos apoiados de cada lado da minha cabeça.

ㅡ Não acha que seria mais prazeroso se eu pudesse te tocar? Sei bem os lugares onde gosta de ser tocado. ㅡ Sussurrei a última frase, encarando seus olhos negros e profundos. A respiração de Jungkook parecia mais ofegante, escapando de seus lábios perfeitos. Acaricei suas coxas com os pés, subindo até suas nádegas e Jungkook fechou os olhos. Eu precisava que ele me soltasse. Estar algemado era um risco. ㅡ Eu deixo você ir bem fundo em mim, o que acha?

ㅡ Não. ㅡ Meu sorriso malicioso tremulou em meu rosto, mas consegui mantê-lo. Jungkook deslizou os dedos por minha barriga nua, enquanto os lábios se aproximavam perigosamente dos meus, roçando-os apenas. Aqueles olhos ônix eram sedutores quando ele parecia tão determinado, eu precisava confessar. ㅡ Eu quero te fazer sofrer um pouco.