Capítulo 29

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Arquivos do jornal Les matins de Paris

Confissão do Serial Killer "Fox Face".

Registro N°2301

Primeira gravação 

Ruídos de abertura do canal de comunicação.

"Muito bem, monsieur Victor, quer apresentar-se e eu direciono as perguntas a partir disso?"

"Eu me chamo V. Só a letra V. Nos meus documentos de identificação vocês não encontrarão esse nome, mas sim Victor Gye. Victor Gye é um nome falso. Quando nasci, eu fui registrado como Kim Taehyung, mas esse não é o meu nome. Tenho trinta e dois anos e sou o presidente da empresa multinacional OneStep, de desenvolvimento de artigos tecnológicos."

Sons de respiração próxima.

"Decidi contar algo que nunca disse antes e quero que todos ouçam: Eu matei quarenta e duas  pessoas ao longo da minha vida. Foram dezenove na Coreia do Sul e vinte e três na França. Nesses números eu incluo minha mãe e o meu marido, que foram, respectivamente, minha primeira e minha última vítima. Nem todos os assassinatos atribuídos a mim são de minha autoria."

Silêncio.

"Você disse que o seu nome de nascimento é Kim Taehyung, mas que não é seu nome de verdade. Por que diz isso?"

Risada curta e anasalada.

"Não conversou com a minha psiquiatra antes de vir ouvir minha confissão?"

Silêncio.

"Quer ouvir isso de mim? Entendi. Recuso-me a falar sobre isso. Não é pertinente para a minha confissão e tudo o que eu fiz é obra exclusivamente minha."

Som de uma caneta riscando papel.

"Por que você mudou o seu nome de Kim Taehyung para Victor Gye?"

Arquejo de impaciência.

"Já que está tão interessado no nome, vou contar o que houve. Apenas escute, porque é a minha confissão, afinal de contas."

Suspiro longo.

"Eu passei minha infância e adolescência na Coreia com o meu pai. Parte da infância foi com a minha mãe, antes de eu matá-la durante o sono. Eu matava pessoas da elite, em um primeiro momento, por conveniência. Elas me enojavam e meu pai gostava de ter menos concorrência. Às vezes podemos unir o útil ao agradável, certo?"

Risada baixa e soprada.

"No fim da adolescência eu já havia matado dezoito pessoas. A maior parte delas foi encomenda do meu pai, planejadas cuidadosamente. Você deve entender… nunca teve algo com o que se divertisse ao planejar e colocar em prática?"

"Talvez jogos de tabuleiro."

"É exatamente como jogos de tabuleiro, mas dez vezes mais extasiante."

Silêncio.

"Eu precisei mudar o meu nome quando vim para a França, porque cometi um crime que deixou uma testemunha. Foi algo que não planejei tão cuidadosamente como todos os outros, uma jogada arriscada. Então, precisei recuar um passo para não perder o jogo, ou poderia ser xeque-mate."

"E veio para a França aos dezoito anos?"

"Sim, depois dessa décima nona vítima, Mok Kwon."

Suspiro.

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