Capítulo 9

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Olá, seres humanos ^^
Recomendo que leiam com calma esse capítulo, pois pode ser que as conclusões do Jungkook sobre os horários da câmera de segurança sejam um pouco confusos.

Obs: O próximo capítulo já é inédito para todos.

Palavras: 3380

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A gravação da câmera de segurança estava pausada no notebook a minha frente, na mesa de centro, quando ouvi o som da porta do apartamento se abrindo. Pensei que V havia chegado mais cedo, mas era eu quem simplesmente não havia notado o tempo passar. Quando vi seu vulto entrar, apenas me concentrei em prosseguir com as minhas anotações: O horário em que alguém supostamente teria entrado para cometer o assassinato, o horário em que Charlotte havia chegado no prédio e também os horários em que ela chegava nos dias anteriores.

De repente, V sentou-se ao meu lado, fazendo o sofá se mover levemente em sua direção. Iria cumprimentá-lo, como era o costume, mas o homem encostou a cabeça em meu ombro, encarando o notebook. Aquilo era comum, tanto que senti meu corpo se retesar por um momento, como se eu temesse sua aproximação tão sutil. Também era peculiar o fato de que eu investigava um crime com o criminoso ao meu lado, observando minhas conclusões e tentativas de tirar sua culpa.

— É raro você trazer trabalho para casa. — V disse, ainda com a cabeça recostada em meu ombro, quando dei play no vídeo novamente. Eu tentava encontrar alguma prova de que o vídeo havia sido adulterado tanto nas filmagens originais quanto nas filmagens extras, que eram a duplicação de segurança do prédio de polícia. Se eu pudesse provar isso, significava que alguém que sabia da dupla filmagem era o responsável pela adulteração. Entre as poucas pessoas que sabiam, estava Charlotte.

— Eu fui designado para comandar as investigações, além de que eu estou desesperado para arrumar a merda que você fez. — Bufei, esfregando os olhos, com a caneta entre os dedos. — Você poderia pelo menos me dar uma dica do que fez nessas filmagens, porque ainda não consegui notar absolutamente nada. Eu sei que foram adulteradas porque esse é seu estilo, mas ainda não consegui achar provas. — Disse, analisando minhas anotações. Era vergonhoso que eu não conseguisse fazer meu trabalho e V poderia notar cada vez mais o quanto eu era inútil. E eu sabia que ele havia notado, porque riu anasalado, como se brincasse comigo.

— Qual seria a graça se eu te dissesse o que eu fiz? Iria estragar toda a sua diversão, além de que os outros peritos e detetives não têm uma ajuda tão valiosa quanto a minha. — Disse, simplista. Por um momento imaginei qual de nós era mais megalomaníaco. Porém, V tinha razão, eu não poderia querer as coisas de mão beijada, ter todo o caminho limpo e claro para que eu encontrasse a melhor saída para culpar Charlotte. Por incrível que pareça, eu tinha a sensação de que estava sendo útil, porque estava protegendo V e aquilo me dava um objetivo.

— Você está certo. Esse é meu trabalho, independente de quem seja o criminoso. — Passei a mão livre pelos cabelos, suspirando. Subitamente, V tirou o caderno de notas do meu colo, substituindo-o por sua cabeça. Há muito tempo eu me lembrava que ele fazia isso, mas parecia tão distante quanto um sonho. — Está agindo um pouco estranho ultimamente…

— Eu acho que você precisa parar de procurar significados ocultos em todas as minhas ações, Kookie. — Resmungou, fechando os olhos. Ele iria dormir ali? Apenas encarei suas pálpebras rosadas e seus lábios perfeitamente desenhados, como se seu rosto tivesse sido criado por um artista. Não sabia exatamente qual era a intenção de V com aquilo, mas tentei ignorar uma súbita vontade de beijá-lo e me concentrar no que eu deveria fazer.

Haviam diversas câmeras de segurança no prédio, mas apenas cinco em seu exterior. Uma delas dava uma visão perfeita da entrada do prédio, que se encontrava em uma rua calma. Como aquele prédio era destinado a investigações mais trabalhosas, para crimes mais complexos e organizados, a circulação de pessoas era limitada durante a noite. O trabalho de rondas e atendimentos aos casos noturnos era, majoritariamente, de repartições menores da polícia de Paris. Portanto, era fácil para V entrar ou sair do prédio caso a rotina de troca de turnos e locais menos guarnecidos fossem conhecidos.

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