Capítulo 1

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Olá pessoal ^^
Sejam bem vindos a Ultravioleta.
Só um pequeno aviso para os que já acompanhavam Ultravioleta antes: Os capítulos serão inéditos a partir do décimo.
Obrigada.

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O relógio em meu pulso marcava 07:38 da manhã e os corpos rígidos e frios dos homicídios da madrugada aguardavam por mim. Talvez estivessem sangrando, talvez com algum veneno potente nas artérias e veias já não funcionais, talvez esquartejados, ou de outras centenas de maneiras que seres humanos poderiam ser mortos. Eu já havia visto de tudo, apesar dos poucos anos de carreira na perícia criminal. Não precisa de muito para notar que existem seres humanos que vêm o outro apenas como um pedaço de carne, movendo-se apenas por fios de marionete e sendo controlados por alguém mais forte e influente. Essa relação eu conhecia muito bem. Eu era um dos controladores de marionetes.

– John! Primeiro caso da manhã. Parece que o vereador Chermont foi encontrado morto em sua própria casa e o chefe disse que queria especificamente você no caso. – Uma mulher alta, com cabelos castanhos e cortados alinhados ao queixo e com o nariz empinado como se fosse reflexo de sua altivez, aproximou-se da minha mesa, invadindo minha sala com um olhar urgente. Apoiei o queixo sobre a mão, levantando os olhos para observá-la, monotonamente, enquanto sorria de canto.

– Bonjour, Charlotte. Está linda essa manhã. – Pisquei um dos olhos, observando a mulher pressionar um lábio contra o outro. Ela havia feito faculdade de química comigo, alguns anos atrás, e declarou seu amor por mim como uma adolescente, enrubescendo. Ficou extremamente surpresa quando lhe mostrei o anel de casamento em meu dedo e ainda mais surpresa, quando, na festa de formatura, viu-me ser parabenizado e beijado na boca por um homem. Desde então, Charlotte parece se amargar sempre que faço alguma menção, mesmo que distante, ao fato de que ela havia se declarado a mim. Eu, é claro, adoro brincar com essas coisas.

– O seu marido não iria gostar de saber que anda cantando sua colega de trabalho, Sr. Gye. – Suas narinas dilataram, quando ela pareceu querer bufar. Eu apenas ergui as sobrancelhas, notando o tom de ameaça em sua voz.

– O Victor sabe que eu sou inteiramente dele. Você não é uma preocupação. – Desdenhoso, a olhei de cima a baixo, em seu uniforme de polícia, um pouco mais largo que seu corpo magro comportava. Suas maçãs do rosto ficaram avermelhadas, mas decidi cortar a situação de uma vez. As pessoas adoram me fazer perder tempo e me distrair. – Nós temos uma cena para analisar, não é mesmo? – Levantei-me da cadeira giratória, pegando o crachá da perícia criminal e colocando-o no bolso. – Vamos lá ver o que o Monsieur Chermont tem a nos dizer.

– Às vezes me dá medo quando você fala assim, como se fosse ir entrevistar o cadáver. – Charlotte franziu o cenho, fazendo uma careta logo em seguida. Seus lábios sempre se curvavam para baixo quando se incomodava com algo, assim como os lábios de Hoseok...

– Existem coisas bem mais amedrontadoras do que isso no mundo, Chapeuzinho Vermelho. – Minha voz pareceu distante, pensativa, mas não esperei para ouvir mais resmungos de Charlotte, apenas saí da sala. Sempre havia trabalho a fazer e eu amava cada parte dele.

As luzes dos carros de polícia logo evidenciaram que eu havia chegado no local do crime, além da pequena multidão de curiosos que se formava ao redor do cordão de isolamento, que cercava toda a enorme casa do vereador. Também havia uma ambulância na rua, talvez chamada quando algum familiar ou empregado encontrou o corpo, na tentativa de salvar o homem. Porém, tudo o que os paramédicos deviam ter feito foi novamente alterar pequenos vestígios na cena do crime, mesmo que soubessem do procedimento de empregar apenas um caminho ao entrar no local. Sempre acontecia isso.

Desci do carro, sendo acompanhado de perto por Charlotte. Infelizmente o chefe de polícia, que mandava os casos para o meu setor de criminalística, sempre me requisitava para crimes com maior repercussão e colocava Charlotte em meus calcanhares, como minha aprendiz. Apesar de nós termos nos formado na mesma época, entrei para a perícia dois anos antes dela, mesmo sendo mais jovem também. Meus documentos falsos me adicionaram dois anos a mais do que eu realmente tinha, fazendo com que, tecnicamente, eu fosse o mais novo da equipe. Mesmo com todos os desníveis de idade e experiência, eu era quem tinha o maior índice de sucesso em meus laudos.

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