UM

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   O suor estava impregnado em minhas roupas, os fios do meu cabelo estavam sendo soltos aos poucos, o que me fez precisar parar de correr para arruma-los

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   O suor estava impregnado em minhas roupas, os fios do meu cabelo estavam sendo soltos aos poucos, o que me fez precisar parar de correr para arruma-los.

   As cinco da manhã é o horário em que a maioria dos adultos estão em um sono pesado e os jovens acabam de ir para a cama, depois de longas noites animadas, quanto a mim, nunca dormi uma noite inteira. Por isso, as cinco da manhã eu me encontro pelas ruas do bairro enquanto acompanho o acender de luzes por toda a cidade. E finalmente, as pessoas estavam acordando.

   Infelizmente, hoje, a insônia não era a única culpada por eu precisar me exercitar um pouco e sim o aviso que encontrei na porta da minha casa ontem: "Dois dias para despejo."

Me mudei ainda cedo para Los Angeles, meu pai havia acabado de ser promovido, na cidade todos pareciam se conhecer ou se encaixarem, mas eu não. Eu era a caloura deslocada. Até que eu entrasse para o Studio do Kyle e me destacar.

No colégio, uma mexicana com uma história conturbada se tornou uma amiga, assim, eu tinha encontrado meu lugar. Entretanto, como tudo que é bom uma hora acaba, meu pai foi demitido, e minha mãe também perdeu o visto. Consegui um visto provisório, e busquei o direito a nacionalidade, algo que falhou. Embora tenha acabado tudo bem, com a demissão do meu pai, ficou difícil me manter.

Quando você tem pouco dinheiro e muitos objetivos, fica difícil não se perder totalmente.

Respirei fundo, seguindo diretamente para casa.

Meu apartamento estava uma bagunça de caixas e diversos brinquedos jogados pelo chão.

— Kali! Eu não acredito! — a pequena cadelinha, me encarava enquanto tirava lentamente uma bolinha de dentro de uma das caixas.

Juntei todos os brinquedos espalhados e fui em direção ao meu quarto, tirando meu moletom e minha regata, ficando apenas de calça e sutiã, no entanto, minha atenção se desviou completamente do que eu estava fazendo, quando tive uma sensação estranha.

   Era difícil explicar, rolei meus olhos por todo o local, mas algo na janela dos vizinhos me chamou atenção, quando a cortina se moveu me deixando a impressão de estar sendo observada. Fechei a janela com certo receio de não ter sido o vento balançando as cortinas.

  Sempre fui bastante paranoica, o que era uma grande besteira nesse momento, afinal, eu conhecia os moradores ao lado.

A mexicana, que por um algum motivo se tornou minha melhor amiga, Sabina Hidalgo, era uma das residentes, junto a ela, na casa vizinha, se encontrava Pepe, seu namorado, que apesar de não morar ali sempre aparecia, e Bailey, seu meio irmão.

Não havia palavras para definir a família irracional que sempre me rodeava.

Pepe era o tipo de cara que sempre nos fazia rir, Sabina era a garota que fazia todo mundo sorrir, já Bailey era incompreensível ao meu ver, misterioso, silencioso e suas feições eram impossíveis de serem decifradas.

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