Trinta e Dois

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Minha respiração estava em disparada, parecia que competia com meu coração que estava em um ritmo tão acelerado quanto.

Depois do empurram que dei em Noah para que ele se afastasse, se intaurou uma tensão, entre nós, quase palpável, digna de cenas de filmes.

Meu celular vibrou diversas vezes em meu bolso, mas não consegui mover um músculo se quer.

Beijar Noah, diferente do que pensei a algumas semanas, foi como uma colisão entre meu passado e meu presente, trazendo a tona uma sensação de estar traindo de alguma forma Bailey e por outro lado me convencendo do que eu nem imaginava.

Noah não era mais "o cara que me faz sentir as famosas borboletas no estômago" e isso soa tão estranho quanto estar ao seu lado depois de um beijo.

Kali estava deitada perto dos meus pés, mesmo que receosa nos poucos segundos que encarei Noah, ele mantinha sua respiração acelerada e suas bochechas mais ruborizadas que o normal.

- Eu...- Iniciei quase em uníssono com Noah, que também havia tentado pronunciar algo.

- Pode falar.- lhe encarei sem jeito.

- O que você sentiu?- não controlou a pergunta que parecia estar na ponta da sua língua.

Encarei Kali, tentando manter um ponto fixo antes de falar algo.

A questão era que dizer o que eu estava sentindo chega a ser impossível.

- Bom...- procurei as palavras que pareciam não se arrumarem em minha mente, abri a boca algumas vezes.

Me calando e forçando meus pensamentos a fazerem algo útil dessa vez.

- Meus pensamentos são como estrelas , que não consigo arrumar em constelações. - Noah falou do nada, encarei seu olhar perdido em algo distante.

- O que?

- A culpa é das estrelas.

Procurei algo em minha memória, lembro de me sentar com Noah na biblioteca para ler-mos juntos.

Eu nunca prestei atenção em uma palavra se quer que saia de sua boca enquanto lia pra mim, mas estar com ele me trazia uma paz inexplicável.

Lembro-me de pensar se as pessoas com quem conviviamos também tiveram essa sensação perto dele, no ensino médio, muitos costumavam chama-lo de "filósofo adolescente", seu cabelo cumprido e sua facilidade em dar concelhos sem parar de rir brincar e bagunçar.

Naquela época tudo me parecia mais fácil.

- Você nunca prestou muita atenção, nas coisas as quais eu dizia.- ele riu nazalado. - Eu sinto falta de quando éramos apenas amigos.- admitiu.- Posso dizer o que senti durante nosso beijo?- perguntou sem jeito, assim como assenti sem muita convicção. - Como se eu estivesse beijando minha própria irmã.- ele falou de uma fez, em seguida, fez uma cara pensativa e devo dizer: engraçada.

Segurei a risada.

- Isso soou um pouco...- começou.

- É.- ri, entendendo o que ele queria me dizer - eu sei.

Nos entreolhamos e foi inevitável, no parque, que agora se encontrava quase vazio, nossa risada quase chegava a ecoar.

- Me desculpa.- falou entre os risos.

- Tudo bem.

Falei sabendo que se ele não tivesse tomado essa atitude, provavelmente, eu também não saberia a resposta pra "você ainda gosta do Noah?" Pergunta que meu subconsciente insistiu diversas vezes em me perguntar.

Our Best Part - A Nossa Melhor Parte (Repost)Onde histórias criam vida. Descubra agora