Se não agora, quando?

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O ceifador arregalou os olhos assim que sentiu os lábios do garoto nos seus e deu um pulo para trás, se afastando dele. Seu coração quase lhe rasgava o peito e ele achava que nunca tinha se sentido tão envergonhado antes. Harley, ao contrário dele, sorria.

- O que... O que... O que você fez...? – Nicolas gaguejou nervoso.

- Eu te beijei – o outro respondeu com naturalidade.

- Por... Por... Por quê?

- Porque eu gosto de você – o garoto sorriu e explicou antes que ele ficasse ainda mais confuso – Romanticamente.

- Por quê? Não? Quer dizer, por quê? – o ceifador achou que seu cérebro tinha virado sabão já que nem mesmo conseguia formar uma frase.

- Porque eu acho você fofo e bonito... E eu gosto de como você não tem medo de filmes de terror, e da forma como você sorri e de como as suas bochechas ficam vermelhas, e eu gosto do seu amor por pelúcias e doces e...

- Espera – Nicolas fez ele parar e levou uma das mãos ao peito, achando que ia ter um infarto ali mesmo, se pudesse ter um, é claro – Não, não, não...

Harley arregalou os olhos quando viu que ele começou a andar de um lado para o outro e até lhe pediu licença para andar pelo corredor, parecendo muito perturbado. O garoto não entendeu o que estava acontecendo, não tinha sido ele mesmo que se declarou duas vezes mais cedo?

- Eu sou um ceifador – foi a conclusão à qual chegou depois de andar de lá para cá por cinco minutos.

- Eu acho que estou bem ciente disso – o garoto respondeu.

- Então por que você gosta de mim??? – ele perguntou desesperado.

- Eu te disse antes, você quer que eu repita a lista? Ficou faltando umas coisas...

- Não... – o ceifador pegou no braço dele, apavorado – Você não pode gostar de mim DESSE JEITO – ele enfatizou – Eu estou morto.

- Mas, você não gosta de mim DESSE JEITO? – Harley o imitou – Você até mesmo se declarou antes.

- Não, eu não fiz isso.

- Sim, você fez.

- Não.

- Sim.

- Eu fiz? – Nicolas se perguntou confuso.

- Então você não gosta de mim assim? Eu me enganei? – o garoto suspirou um pouco chateado agora – Desculpe... Talvez eu tenha confundido os seus sentimentos então.

O ceifador coçou a cabeça e ficou se perguntando o que diabos era aquela situação. Ele claramente não gostava de Harley DESSE JEITO, né? Quer dizer, ele é um ceifador, ele está morto, ele não pode gostar de pessoas DESSE JEITO. Mas então... Ele nunca gostou de ninguém DESSE JEITO nem quando estava vivo, logo não sabia direito como era... A única coisa que sabia era que seu coração estava muito disparado e que ainda podia sentir os lábios dele nos seus e aquilo o estava deixando muito confuso.

- Eu não sei... – o ceifador suspirou e baixou a cabeça.

- Tudo bem, vamos deixar isso pra lá – o garoto voltou a sorrir e bagunçou o cabelo dele com a mão – Eu estou feliz por ter te dito isso, eu vinha tentando fugir desse sentimento nos últimos dias e isso estava me deixando muito inquieto e nervoso, eu não sou esse tipo de pessoa... Quando eu gosto de alguém, eu sempre sou sincero. Então obrigado por me ouvir e desculpe por ter te beijado desse jeito.

Harley se virou para ir fazer outra coisa, mas Nicolas o segurou pela barra da camiseta. O ceifador estava com as mãos trêmulas de nervoso e nem mesmo conseguia respirar naquele momento, mas sentia que precisava dizer mais alguma coisa, que havia algo sobre ele mesmo que precisava entender.

Meu Querido CeifadorOnde histórias criam vida. Descubra agora