Não apenas um, mas três?

419 73 7
                                    

Sander e Dylan estavam olhando boquiabertos para Harley, sem saber o que dizer ou como reagir ao que tinham ouvido. Naquele mesmo instante, eles ouviram o carro da polícia se aproximando e Sander notou que o motorista do carro – que tinha conseguido rolar para fora do veículo antes da colisão – estava estatelado na calçada do outro lado rua, então os policiais provavelmente iriam fazer uma grande confusão sobre daquilo e eles iam acabar tendo que ir até a delegacia contar o que viram e etc.

- Ei, é melhor a gente vazar daqui antes que os policiais cheguem – ele os alertou – Não estou afim de passar o resto do dia na delegacia.

- Vamos para a casa abandonada – Dylan acrescentou e estendeu a mão para ajudar o amigo a levantar – Lá ele vai poder nos contar com calma toda essa história de ceifador.

Harley pegou na mão dele e levantou um tanto sem jeito. Ele olhou para Nicolas, que havia levantado ao lado dele, e o ceifador lhe confirmou novamente que estava tudo bem, que eles podiam ir até lá e ouvir toda a história sobre ele.

Conforme caminhavam em um silêncio não típico – Harley porque estava se culpando pelo que tinha feito, Dylan porque estava pensando em várias teorias sobre a existência do ceifador e Sander porque estava morto de medo – o ceifador notou que havia sangue saindo do braço de Harley. O garoto deu uma olhada e reclamou ao perceber que havia ralado o braço no chão quando pulou para segurá-lo, mas não ligou muito porque não era um machucado profundo nem nada do tipo. Nicolas, no entanto, não iria deixar ele ficar a tarde inteira daquele jeito.

- Compre uns curativos na farmácia, é melhor você dar um jeito de limpar e estancar esse sangue – ele disse.

- Eu nunca faço curativos quando me machuco – o outro deu de ombros – Nem sei como se faz isso.

- Aaaaaah – Sander choramingou e tampou os ouvidos ao ouvi-lo falar "sozinho".

- Eu posso fazer os curativos – Nicolas continuou, ignorando os gritos do outro – Eu sou especialista nisso, afinal de contas me machucavam todos os dias.

Harley não gostou nada de ouvir aquilo, saber que o ceifador era bom em fazer curativos porque tinha apanhado muito não o deixava feliz, mas meio que achou fofo que pela primeira vez alguém quisesse fazer curativos nele, então aceitou ir até a farmácia comprar as coisas. Durante todo o tempo que estiveram lá, Nicolas foi apontando as coisas que ele tinha que pegar e o garoto o obedecia, enquanto Dylan não parava de exclamar que aquilo – ouvir Harley falar "sozinho" – era melhor do que filme de ficção científica, e Sander esperava do lado de fora porque estava com medo demais de tudo aquilo.

Quando chegaram na casa abandonada, Harley sentou no sofá velho e Nicolas sentou ao seu lado com a sacola de compras da farmácia, para começar os curativos. Sander e Dylan sentaram em uma mesa em frente a eles e ficaram observando abismados enquanto os objetos sumiam e reapareciam conforme o ceifador os tocava. Eles também se assombraram com os curativos que começaram a aparecer no braço do garoto, de forma bastante diligente e bem-feita.

- Pronto – o ceifador disse quando concluiu e sorriu – Agora está bem melhor.

- Obrigado – Harley deu uma olhadinha para o próprio braço e sorriu de volta para ele.

- Você pode começar a contar a história agora POR FAVOR – Dylan gritou as últimas palavras – Eu estou quase me mijando de tanta ansiedade.

O mais novo estava pulando na cadeira e realmente tremia de tanta adrenalina por conta do momento, o que era o completo oposto do mais velho, que estava encolhido e morto de medo. Nicolas disse que ele podia começar a contar tudo, e então Harley respirou fundo e começou a narrar todas as loucuras que lhe aconteceram no último mês.

Meu Querido CeifadorOnde histórias criam vida. Descubra agora