O baile de máscaras

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Harley havia marcado o tradicional campeonato de videogame que fazia quase todo o mês com seus amigos Sander e Dylan, só que nesse mês havia alguém a mais para jogar, vulgo um ceifador que estava todo animado para participar da competição, mas que tinha experiência negativa com esses jogos. Então, para treiná-lo, o garoto ficou a manhã inteira de sábado jogando com ele – e rindo muito cada vez que ele perdia de jeitos inimagináveis e reclamava que sempre a culpa era de alguma outra coisa que não fosse dele.

Nicolas aprendeu naquele dia que o tal campeonato era coisa séria, o perdedor até mesmo precisava pagar o jantar dos outros – mas Harley falou que ele era café com leite, até porque né, se o ceifador perdesse quem teria que pagar seria ele mesmo.

Quando Nicolas já não estava tão ruim no jogo, a empregada bateu na porta do quarto avisando que os garotos haviam chegado e ele ficou animado por poder vê-los, até porque tinha algo que queria verificar.

- Ei, Harley – Sander falou assim que abriu a porta do quarto – Essa empregada é nova? Porque sério ela é muito gos...

O garoto e o ceifador olharam para ele e o viram congelar no lugar, enquanto seus olhos arregalavam e ele apontava para o lado de Harley.

- Quem é esse? – Dylan perguntou atrás dele – É o ceifador???

O garoto olhou para Nicolas e depois para os amigos, confuso.

- Vocês podem ver ele?

Os dois assentiram bastante chocados e o ceifador sorriu animado.

- Então funcionou mesmo – ele disse empolgado – Eu pedi ao meu chefe se vocês poderiam conseguir me ver.

- É sério? – o mais novo saltitou – Ai meu deus, não acredito que isso está acontecendo!!!

Antes que o ceifador pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Dylan correu e se jogou nos braços dele e começou a apertá-lo, falando que ele era muito fofinho e que realmente não era nada assustador. Harley achou aquela cena engraçada porque Nicolas era uns tantos anos mais velho do que Dylan, mas o mais novo era uns tantos centímetros mais alto do que ele.

Quando finalmente conseguiu arrancá-lo dos braços do ceifador, Nicolas explicou a eles que aquilo, obviamente, não ia ser de graça. Não faria nem sentido que os céus permitissem que dois humanos pudessem ver um ceifador sem propósito nenhum. A essa altura, Dylan começou a não achar aquilo mais tão legal e Sander ficou reclamando de quem tinha sido a ideia quando Nicolas revelou que para vê-lo eles teriam que também se tornar pessoas melhores.

- Então para poder te ver eu tenho que sei lá, fazer trabalho de caridade? – o mais velho resmungou.

- Na verdade, essa não é má ideia – O ceifador pensou – Vocês estão precisando mesmo conhecer outras pessoas diferentes do núcleo onde vivem.

- Por quê? – o mais novo resmungou.

- Porque há um mundo muito grande fora do ensino médio.

Os dois garotos se entreolharam e resmungaram juntos.

- Qual é gente, não é tão ruim vai – Harley riu – Nicolas me mostrou que a gente está precisando mesmo dar uma melhorada.

- Você só está dizendo isso porque está beijando ele – Dylan resmungou de novo.

- É, só porque estão apaixonadinhos – Sander provocou.

O ceifador virou o rosto para o lado, envergonhado, e Harley suspirou, jogando um dos controles do videogame no colo do amigo.

- Vamos jogar então? Bem melhor porque daí vocês dois calam a boca – sugeriu.

- Eu quero ser a dupla do Nicolas – Dylan disse e pegou o ceifador pela mão, surpreendendo-o.

Meu Querido CeifadorOnde histórias criam vida. Descubra agora