Meu Querido Ceifador

Colocando um ponto final em um passado doloroso

Harley e Sander conseguiram as notas necessárias para se formar na escola, contrário ao que a maioria de seus professores imaginavam. Seus colegas de escola também vinham reportando que ambos andavam muito mais dedicados e não faziam mais qualquer tipo de brincadeira desnecessária. Por causa disso, no dia da formatura, eles foram recebidos por todos com muitos aplausos e elogios, já que eram a prova viva de que até os piores alunos podiam mudar.

Nicolas, Dylan e Lucas foram assistir a formatura na plateia e estavam muito animados aplaudindo cada um dos alunos que subia no palco do evento para pegar seu diploma. Para o ceifador aquilo também era parte de um ritual, como se ele mesmo estivesse se graduando naquele dia, já que graças a Harley ele foi capaz de frequentar muitos dias felizes na escola e terminar o Ensino Médio, mesmo que ninguém pudesse vê-lo. Naquele momento, seu coração estava tão leve quanto o do garoto, um ciclo estava se encerrando da forma mais inesperada para ambos.

Quando o nome de Harley foi chamado, Dylan levantou e começou a dar seus gritos de golfinho enquanto aplaudia, que eclodiram por todo o salão e fizeram várias pessoas rirem, inclusive o próprio formando. Os olhos de Nicolas brilhavam ao vê-lo lá em cima, sendo aplaudido por seus colegas e se formando como uma pessoa de bem. E ele sabia que tudo era mérito do garoto, que foi o próprio que aceitou mudar e fez todos aqueles esforços para estar ali naquele momento, o ceifador era apenas um incentivo que tinha aparecido em sua vida. Assim que ele desceu do palco com o diploma em mãos, seus olhos e os de Nicolas se encontraram e ambos explodiam em gratidão, uma gratidão que falava mais do que mil palavras.

Sander também foi aplaudido assim que subiu ao palco e mais uma vez os gritos de golfinho de Dylan fizeram a alegria do salão. O garoto sorriu animado e se curvou para a plateia, antes de pegar o diploma e ser aplaudido novamente. Ele era um caso e tanto de superação.

No final do evento, os alunos se reuniram em um grande corredor para receber flores e parabéns de seus familiares e amigos. Sander estava carregando um buquê amarelo e vermelho e conversava com uma mulher, que Dylan explicou que era a mãe dele. O pai dele e seu irmão mais novo também estavam ali e a família tirou algumas fotos juntos. Nicolas comentou que a família dele parecia legal e do tipo que o apoiava, mas Dylan balançou a cabeça e disse que não era bem assim. Seu irmão mais novo era um pintor relativamente famoso, tinha sido considerado um gênio quando criança e era bastante esnobe por causa disso. Os pais sempre prestavam mais atenção nele e Sander acabou crescendo como a ovelha negra da família, já que não tinha nenhum talento excepcional como o irmão. Nicolas deu uma boa olhada e notou que o garoto mais jovem realmente parecia com tédio, como se não quisesse estar ali, e então uma porção de coisas fizeram sentido em sua cabeça. Agora ele entendia o comportamento anterior de Sander, devia ser difícil viver à sombra de um irmão mais novo que é considerado um gênio da pintura com tão pouca idade.

Ele ainda estava pensando sobre eles quando os três finalmente alcançaram Harley, que estava mais ao fundo do corredor e conversava com dois professores. Ele não estava carregando nenhum buquê de flores em mãos, mas aquilo não deixava nenhum deles surpreso. Assim que eles se aproximaram, ele se despediu do professor e Dylan logo pulou nos braços dele.

- Parabéns – disse e entregou um buquê de flores roxas e amarelas na mão dele – Esse é o meu, escolhi cores excêntricas para combinar com você – brincou.

- Obrigado – sorriu.

- Esse é o do Nicolas – ele continuou e colocou um buquê com flores coloridas na mão dele, falando mais baixo agora – Ele não pode te entregar em mãos aqui na frente de todo mundo, então estou fazendo isso.

- Acho que as flores coloridas combinam bem – o ceifador acrescentou e balançou a pulseira colorida no pulso, enquanto sorria – Parabéns, eu estou muito orgulho de você.