Capítulo 1

811 57 21
                                    

"Perversidade é um mito inventado por gente boa para explicar o que os outros têm de curiosamente atractivo."

Oscar Wilde

-Que merda- digo a frente do meu notebook, nunca tivera um bloqueio tão forte como esse, estava sentado em minha mesa do escritório moderno e enorme de minha casa construída com o suor e a pressão que estou tendo, escrever não é tão fácil quanto pensam, ainda mais quando se vê aquele tracinho piscando impaciente, não é ele que está tendo que pensar.

     Decido tirar aquela pressão e aquela confusão, que confusão? moro sozinho, não tenho muitos amigos, meus funcionários tem horários para entrar e sair, me chame de controlador mas eu amo minha rotina, minha vida não poderia ser mais perfeita, mas eu ainda sinto como se faltasse algo.

   Sou um homem de 26 anos, formado em letras, mitologia, literatura avançada e história, meus pais faleceram antes de me ver construir o meu império, me arrependo de não ter uma relação boa com eles, mas eu me sentia diferente, meus pais e meu irmão mais novo Jungkook eram tão… é complicado achar uma palavra até mesmo para mim, eles eram felizes, sempre sorrindo para a vida como se não poderia ser melhor, eu era mais fechado ficava na minha desde sempre, minha mãe me chamava de sherlock quando mais novo, meu pai achava que eu iria ser um grande investigador, eu não dizia muito.

   Aos meus 5 anos eu já me viciei em livros e me afastei ainda mais de todos a minha volta, sempre tirava as melhores notas, notas máximas, eu buscava um sentido na vida e enquanto não achasse seria o melhor na única coisa que eu preciso fazer pela sociedade em questão.

   Me formar em letras não era minha ideia principal de vida, acredito que meus pais sabiam disso, mas a verdade era que eu não sabia, nunca tive muitos amigos e dei conselhos para eles assim decidindo ser psicólogo, nunca me interessei em um teatro a ponto de querer ser ator, nunca olhei fascinado para um edifício e decidi que construiria um, muito pelo contrário eu achava tudo finito, um dia o psicólogo vai cansar de ouvir os problemas alheios e se tornará ranzinza, um dia o ator vai ficar velho e falecer junto de sua novela, um dia aquele prédio vai cair.

    Era tudo finito, até mesmo elas, as palavras sorrateiras de um escritor, tudo que começa acaba ou é esquecido assim como essa história mórbida e escura que eu chamo de vida, não se preocupe, antes do fim haverá o romance, haverá o inimigo e o amigo, o bom e o ruim, como em qualquer outro clichê bem pago (mesmo esse não sendo o caso). É disse estou falando, a banalização, nada tem sentido para mim, sou então eu que entristeço a minha vida?

    Sigo rumo as escadas da minha mansão, tantos livros escritos para que essa casa se mantenha em pé para morrer finalmente sozinha, eu não tenho ninguém para deixá-la, minha primeira e única opção é meu irmão mais novo, o menino mora com o namorado desde que nossos pais morreram, ele não gosta de mim e isso é visível, Jungkook nunca me viu chorar nem mesmo na infância com o joelho ralado ou no enterro dos meus pais, jungkook me odiava por isso, eu apenas assinei o que tinha que assinar e voltei para minha casa com meu único irmão, não que eu não esteja sofrendo mas a vida é finita chorar só vai me fazer lembrar que é apenas isso que resta para os imponentes, o tempo vai me fazer esquecer.

   Jungkook me odeia por eu não agir, sigo minha rotina sem dizer muito, a última palavra que me ouvi pronunciar para meu irmão foi “não me incomode” então ele foi embora sem mais nenhuma palavra, não anseio por vê-lo, mesmo sem o que tenho ele parece ser mais feliz do que qualquer pessoa da minha rede aristocrata de “amigos”, se é que devo usar essa palavra.

  Deixei a mansão sem trancar a porta, havia um jovem jardineiro bem a frente regando o gramado verde de minha residência, ele olha para mim e sorri, apenas entro em meu Bugatti Type 57S Cabriolet 1937, gosto carros antigos assim como casas,dirijo ignorando alguns olhares sobre mim, as ruas comuns em uma tarde comum de um dia comum, logo chego em uma lanchonete pouco vazia, apenas entro e me sento na ultima ignorando todos ali, coloco meu notebook na mesa e volto a encarar o risquinho piscante tão intrigante a mim mesmo.

   Por que é tão difícil digitar alguma coisa? Qualquer coisa, uma atendente de aparentes 17 anos se aproxima com suas roupas de serviço com manchas de café logo me dirigindo a palavra sem olhar-me nos olhos.

-O senhor vai pedir o quê?

-Café preto sem açúcar e apenas por hora. -a mesma saí sem se importar muito, respiro o ar poluído daquele lugar e tento me concentrar, não demorou muito e a mulher volta com o meu pedido.

    Antes mesmo de conseguir alguma letra alguém entra empurrando a porta com força produzindo um barulho alto, meu olhar foi, mesmo que por reflexo, para o ser a porta, me surpreendi ao ver meu irmão completamente bêbado sendo ajudado pelo namorado, mas não me movi e voltei com minha feição comum.

  Estou eternamente fadado a não sentir absolutamente nada por ninguém…Nem mesmo pelo meu próprio irmão


Introdução bem carinhosa

Antes de qualquer coisa peço compreensão de todos e isso é só uma fic, quem se ofender é besta! ♥️♥️♥️

Não me incomode Onde histórias criam vida. Descubra agora